Ninguém está pronto para: Desistir de quem ama

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Sally Jackson estava preocupada com seu filho. Fazia três meses que ele não trabalhava, dormia ou comia direito. Passou dias, até mesmo semanas longe de casa em busca de Nico di Angelo. Quando retornava, Sally podia ver em seus olhos que a busca foi sem sucesso. Entretanto, ela sabia que o filho jamais suspenderia as buscas. E a única coisa que uma mãe poderia fazer nesse momento, era dar total apoio a ele.

— Aqui está uma refeição completa. — Sally entrou no quarto de Percy, sem bater. Ela carregava uma bandeja com pães, frutas, suco e bolo. Forçava-o a comer nem que fosse uma uva.

— Obrigado. — Percy agradeceu, sem erguer a cabeça para olhar a mãe — Pode deixar aí em cima.

Sally sabia que se deixasse a bandeja em cima da cama, retornaria dali duas horas e ela estaria do mesmo jeito que havia colocado.

— O que tanto olha para esse mapa, querido? — Sally colocou a bandeja sobre a escrivaninha, afastando alguns livros e blocos de papel empilhado.

Percy coçou o queixo, já nem se lembrava da última vez que havia feito a barba.

— Estou mapeando os lugares em que as buscas foram efetuadas.

Sally acariciou os cabelos do filho. Queria poder dizer que está tudo bem com Nico, mas essa afirmativa já não era mais tão concreta. Era como se o garoto tivesse sido engolido pela terra. Ninguém o viu. Os deuses não respondiam as preces de Percy, muito menos Hades. Sally temia que o filho fizesse alguma loucura somente par se certificar de que Nico estava no Mundo Inferior. Mas ela o fez prometer que jamais faria algo que colocasse sua vida em risco.

Obviamente Sally não era tão ingênua. Ela sabia que o filho só prometeu aquilo para tranquilizá-la.

— Eu tenho uma ideia. — Sally massageou os ombros de Percy. — Coma pelo menos o bolo que eu preparei. Depois nós poderemos ir até o Empire State, quem sabe teremos mais sorte dessa vez?

— Eles já estão cansados de ver minha cara por lá. Semana passada me falaram para não insistir mais. — Percy comentou, com um pesar na voz.

— E por acaso isso vai fazer você parar?

— Não.

Sally sorriu e deu um beijo no rosto de Percy, falando baixinho em seu ouvido.

— É claro que não. Nós não desistimos assim tão rápido e fácil de quem amamos.

***

Percy não sentia fome, mas comeu ao menos um pedaço do bolo de cereja e bebeu todo o suco de laranja que sua mãe havia preparado. Ele se sentia mal por deixá-la tão preocupada, mas nada o faria desistir de encontrar Nico.

Os últimos três meses se arrastaram lentamente. Percy sentia-se exausto, mas se recusava a descansar. E mesmo quando encontrava um tempo para colocar a cabeça no travesseiro, seus olhos não fechavam, seu cérebro não descansava, seu corpo não relaxava.

Quando conseguia dormir, Percy sonhava com Nico. Ele apenas via Nico deitado em uma cama, como se estivesse dormindo profundamente. Vê-lo dormir não significava que estava tudo bem. Mas isso significava que ele estava em algum lugar. Precisando ou não de sua ajuda, Percy o encontraria.

Orar para os deuses havia se tornado um costume diário, mas suas preces nunca eram atendidas. Percy não poupou nenhum deus. Até mesmo Ares, ele ofertou algo em troca de ajuda. E principalmente para Poseidon. Infelizmente, nem mesmo seu pai, o atendeu.

Percy também contava com a ajuda de todos os seus amigos e, é claro, do Acampamento Meio Sangue e Acampamento Júpiter. Jason retornou para o Acampamento Júpiter, onde estava comandando uma busca em todo o lado oeste do país. Quíron também estava empenhado na busca, entrando em contato com todos que ele conhecia. Por outro lado, Dionísio dizia que era inútil a procura, afinal, nada, ou ninguém, conseguiria achar um filho de Hades. Caso ele não quisesse ser encontrado. Pois, quem quer que tenha sido responsável pelo desaparecimento do garoto, fez o trabalho tão bem-feito, que nem mesmo seu pai, Zeus, poderia encontrar.

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