Ninguém está pronto para: Romances de outono.

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O telefone tocou quando Percy estava de saída para o trabalho. Paul atendeu e correu até o corredor para chamá-lo, pois parecia importante, já que a ligação era de uma administradora de imóveis.

Após desligar o telefone, Sally perguntou o que estava acontecendo, pois notou que o filho andava bastante reservado e quase não conversava, passava mais tempo fora de casa do que o normal. Percy não queria incomodar a mãe e o padrasto, que agora tinham uma filha para cuidar, já bastava todos os problemas que ele vinha causando ao longo dos anos. Seus pais mereciam resolver problemas simples do cotidiano, como trocar fraldas e visitar esporadicamente o pediatra. Queria deixar Sarah o mais longe possível daquela vida cheia de monstros e assuntos estranhos, aos quais Percy não queria mais trazer para dentro de casa.

Ele finalizou a conversa com uma rápida explicação sobre o apartamento que Nico havia passado para seu nome e agora as chaves estavam disponíveis na portaria do prédio. Sally se ofereceu para acompanhá-lo após a consulta de Sarah, mas Percy inventou uma desculpa, dizendo que ele já havia combinado com Grover para conhecer o lugar.

— Querido, se precisar de alguma coisa, estamos aqui por você. — Sally falou antes de Percy fechar a porta.

Apesar de não ter falado nada para Grover, ele achou que era uma boa ideia levá-lo para conhecer o apartamento. Entretanto, ele estava em missão. Percy decidiu ir sozinho, mas após o almoço, Annabeth apareceu na cafeteria e pareceu uma segunda opção para acompanhá-lo.

— Butch me deu o seu recado, tentei vir mais cedo, mas eu estava ajudando Drew com o novo trabalho dela. — Percy não falou nada sobre o assunto, o que fez Annabeth largar a leitura de sua revista sobre curiosidades do Peru. — Ela me contou o que aconteceu, acho que você foi um pouco rude.

— Fui? O que você diria se eu apontasse a mãe do Butch como responsável pelas últimas desgraças em nossas vidas? — Percy perguntou de forma exaltada, chamando a atenção de todos na cafeteria.

Annabeth fechou a revista, ligeiramente zangada.

— Eu diria para você me apresentar os fatos ao qual comprova que a deusa mais amorosa e bondosa que eu já conheci é uma vilã.

Percy gargalhou, bastante irritado, ignorando a presença dos clientes. Annabeth pediu para ele se controlar, mas o semideus já havia abandonado as aparências.

— Acontece que não existem fatos que comprovam nada. O nome dela naquele livro não quer dizer muita coisa, qualquer um poderia ter colocado lá.

— Exatamente! — Annabeth exclamou, erguendo uma das mãos pra chamar a atenção do amigo. — Você não tem interesse em saber quem fez isso? O que alguém iria ganhar fazendo algo assim? Percy, são tantas perguntas sem respostas, mas na primeira oportunidade, você pegou o livro e entregou para Quíron.

Ela moveu a cabeça de um lado para o outro.

— Fiz o que era certo. Chega de se intrometer na vida dos outros. Aprendi a minha lição, está bem? Eu não consigo nem mais olhar para a Rachel sem me sentir culpado de alguma forma, embora eu saiba que ela decidiu ser o que é. Mas é inevitável sentir essa dor de que tudo que se aproxima de mim dá errado de alguma forma. — Percy esfregou o rosto com as mãos, estava cansado e fazia alguns dias que não dormia bem no sofá da sala do apartamento de sua mãe. — Olha, eu te chamei porque achei que não ia conseguir fazer isso sozinho. Mas se for para discutir esse assunto, posso eu mesmo resolver esse problema.

Annabeth esticou o corpo sobre o balcão e alcançou o braço do amigo com sua mão.

— Prometo que vou me comportar. — Ela sorriu. — Agora me traga uma rosquinha de mirtilo.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora