Leo Valdez desceu da motocicleta levemente constrangido após ter apertado as costelas de Alex com tanta força. Mas a culpa era do próprio por ter acelerado de maneira imprudente e costurado o trânsito das ruas de Nova Iorque como uma agulha costura uma colcha de retalhos velha. Leo retirou o capacete e ajeitou o casaco de couro que vestia, passando os dedos nos cachos amassados.
— Foi mal pela corrida. — Alex falou, enquanto tirava o próprio capacete. Ele olhava para cima, na esperança de encontrar alguma Harpia ou qualquer coisa que denunciasse um possível ataque. Mas, felizmente, não havia nada no céu.
Leo olhou para Alex, seus cabelos loiros caíam na lateral do rosto após a retirada do capacete. O rapaz balançou a cabeça e aproximou-se do filho de Atena.
— O que vamos fazer? — Leo varreu a rua com seus olhos, não havia nada suspeito por ali.
— Vamos subir e tentar descobrir o que está acontecendo com ela.
Era um bom plano.
Leo acompanhou Alex para dentro do prédio. Foram bem recepcionados pelo porteiro e liberados para subir. No elevador, o silêncio estava predominando. Por um motivo desconhecido, Leo não sabia o que dizer. Pensou pelo menos em uma dúzia de assunto, mas não deu início à nenhum, nem mesmo uma piadinha. Preferiu manter o silêncio frio e constrangedor. Estava acontecendo alguma coisa ali, obviamente Leo sabia disso. Mas ele não tinha o dom da adivinhação.
Alex não fala, Leo não compreende. Tão simples quanto o manual de uma James Albert Bonsack's cigarette rolling machine. Simples, obviamente, para Leo.
— Melhor não falar nada sobre Dante ou o desaparecimento de Nico. — Alex comentou, assim que a porta do elevador se abriu. — Drew não precisa se sentir mais intimidada porque não está mais com seus poderes.
— Sim, senhor. — Leo sorriu, levando a mão até a testa, batendo continência, tentando quebrar o gelo, mas logo a porta foi aberta.
A avó de Drew levou-os para a sala e ofereceu um lanche enquanto a neta terminava o banho. Alguns minutos depois, Drew apareceu na sala não se surpreendendo com a visita dos colegas de acampamento. Sabia que mais cedo ou mais tarde alguém bateria em sua porta.
— Viemos ver se está tudo bem. — Alex começou, com uma voz tranquila, sabendo que precisava confortá-la.
— Estou ótima. — Drew sentou-se no sofá, jogando os cabelos para o lado. — Poderiam ter usado o telefone em vez de vir aqui perguntar como estou.
Leo girou os olhos, aquela máscara fria que Drew usava não parecia mais tão assustadora como quando a conheceu. Seu tom ácido já não era mais o mesmo.
— Fala sério, Dedee. — Ele pulou no sofá. — Butch nos contou tudo.
— Ah, é? Ele contou tudo mesmo? — Drew levantou-se, cruzando os braços. — Contou também que eu fui atacada?
— Sim, por Harpias. Mas você não tem culpa de não tê-las visto. — Alex olhou sério para Leo, que revidou com um balançar de ombros. — Olha, não viemos falar sobre isso. Queremos ajudar a resolver o que aconteceu com você.
Drew riu nervosamente, caminhando pela sala. Ela passou a mão no rosto, seus olhos estavam inchados, denunciando que havia chorado toda a noite.
— Pode até parecer loucura da minha cabeça. — Leo enrolou um cacho do cabelo em seu dedo. — Me parece que você aceitou rápido demais essa condição. Para quem sempre foi muito orgulhosa de suas origens. Ficar sem poderes deve ser um martírio.
— Talvez eu não tivesse que ter tanto orgulho assim das minhas origens. — Drew parou diante da janela. — Talvez meus poderes sejam uma maldição.
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Ninguém está pronto para a vida
Hayran KurguNinguém nasce com um manual de instruções. Qual a melhor maneira de aprender, senão vivenciando as situações? Percy Jackson e Nico Di Angelo estão vivendo todos os dilemas de um casal semi-deus moderno em Nova Iorque. Além deles, outros semideuses t...