Ninguém está pronto para: Tudo dar errado

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Em plena Rodovia 15, entre as cidades Parowan e Beaver, o ônibus que transportava os jovens meio-sangues, infelizmente, teve que estacionar no meio do nada quando um pneu furou. Não era novidade a falta de sorte deles, a julgar pela trajetória daquele caminho que vinham seguindo desde um encontro em Nova Iorque.

Felizmente, ninguém procurava um culpado pela falta de sorte, ao contrário, estavam todos cansados, com fome, ou cheios de tédio. Outros com mais culpa do que tédio.

Jason recebia um novo curativo na testa, enquanto o braço direito estava já enfaixado. Aquilo não era nada perto da dor nas costelas fraturadas. Drew olhou-o com um certo pesar, delineando linhas de expressão em sua testa. Mas por poucos segundos, logo se recompôs.

— Sinto muito querido, não temos ambrósia aqui. Mas acho que essa mistura de ervas que a Annabeth criou pode ajudar a amenizar a dor. Está se sentindo melhor?

Jason levou um tempinho para desviar o olhar de uma pedra no chão, e então a encarou sem muita animação, processando a pergunta.

— Estou normal, agradeço o curativo. — ele disse apenas por gentileza. Drew lançou um sorriso reconfortante e se sentou ao seu lado, a pedra não era muito agradável, e estava quente. Sua testa começava a brilhar com o suor e ela chegou à conclusão de que deveria aposentar as botas de cano longo, pelo menos quando fosse passear pelos desertos dos Estados Unidos.

— Você não tem culpa do que aconteceu, já ficou claro de que nada foi culpa sua.

— Ah, é? Então por que será que eu sinto como se fosse minha culpa? — ele buscou resposta nos olhos curiosos de Drew, sem sucesso. — Eu estava lá, vi tudo, senti aquela fúria, mas, quando tentei me controlar, não podia mais. Como se eu tivesse deixado que o ódio me possuísse. Me senti forte por um momento, mas depois percebi que era por um motivo tão ínfimo.

— Seu coração despertou no momento certo. — Drew esticou a mão, pousando-a sobre o peito de Jason. — Tenho certeza de que o amor aqui guardado falou muito mais alto e amenizou a desgraça.

— Será mesmo? — Jason esfregou a ponta dos dedos nas têmporas, querendo poder aliviar a dor de cabeça que sentia.

Drew ficou de pé, desejando melhora para o amigo, ela se afastou e depois que Jason viu projetar duas sombras no chão, ele entendeu por que ela o deixou ali. O loiro ergueu a cabeça, com um pouco de dificuldade, por causa do sol, apertou os olhos para ver melhor o rosto preocupado de Leo, e um não tão preocupado ao lado dele.

— Como está se sentindo? — Leo perguntou, abaixando-se, apoiando um dos joelhos no chão quente.

— Péssimo, mas vou melhorar.

— Sinto muito por isso, Jason. — Leo tentava se equilibrar como podia naquela posição, ele sorriu, sem motivo aparente, somente para despertar algum tipo de compaixão. Pensava Jason.

— Me desculpa, cara. — Alex falou, ainda parado atrás de Leo, com os braços cruzados. — Eu tive que fazer o que era preciso, mas agora entendo que você não foi responsável por tudo isso. Pelo menos não 100%.

— É, é o que me falaram. — Jason não dirigiu o olhar para Alex, ainda fitava Leo e seus cabelos encaracolados cheios de pó da estrada. — Você já passou por isso, queria te perguntar uma coisa.

— Claro. — Leo desistiu do equilíbrio e caiu sentado no chão, obviamente não foi uma escolha sensata, pois a terra estava miseravelmente quente. Ele deu um pulo e bateu a sujeira das calças com as mãos.

— Quando seu corpo foi tomado por eidolons, o que sentiu?

— Eu... — Leo mexeu nos cabelos — Não me lembro de nada. Eu simplesmente apaguei.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora