Ninguém está pronto para: Ser moeda de troca

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A ventania criou um vórtice dentro do apartamento, fazendo com que Drew e Luke precisassem se segurar com força para não serem arremessados para o teto. O ritual ainda não estava completo, embora a passagem estivesse aberta. Drew gritou que, se não finalizasse, as coisas não ficariam nada bem.

Não era como se, naquele momento, eles estivessem no paraíso, mas se a situação poderia piorar (ainda mais), estava na hora de fazer alguma coisa para resolver o problema. Luke pensou rápido, empurrando a mesa de jantar, onde o corpo de Percy se encontrava desacordado, ele gritou para que Drew finalizasse o ritual, confiante de que conseguiria segurá-los a tempo.

Era possível ouvir o barulho da luta sendo travada do lado de fora do apartamento. Até porque a batalha chegou até a sala de estar, onde os móveis precisariam ser trocados urgentemente antes que a família Tanaka retornasse das férias forçadas.

Por uma das janelas quebradas, uma harpia foi arremessada, logo em seguida, dois campistas, filhos de Ares, apareceram para jogá-la para fora do apartamento.

Toda aquela confusão se desenrolava diante dos olhos de Percy, que não podia ouvir nada do que eles falavam e o pior era que não podia fazer nada do outro lado da fenda que foi aberta. Ele tentou ultrapassar a barreira, batendo os punhos no portal, que mais parecia um vidro amolecido, causando um barulho oco conforme era socado com força.

As chances de romper aquela barreira mostravam-se cada vez mais nulas, Percy já não sabia mais o que fazer e, naquele momento, rezou para todos os Deuses que lembrava o nome. Então o portal foi se abrindo, e os sons do outro lado foram ficando cada vez mais altos.

Até que os três poderiam se ouvir. Percy então gritou:

— Que merda é essa? O que meu corpo está fazendo naquela mesa?

— É assim que agradece a gente por te resgatar? — Drew vociferou. — Antes de fazermos a troca, Nico precisa proteger Luke.

— Nico não está aqui! Ele sumiu. E quem disse que eu preciso ser resgatado? Ninguém volta depois da morte. Vocês por acaso profanaram meu túmulo?

Ao menos ele tinha quase certeza de que nos últimos anos estava proibido de retornarem a vida aqueles que já partiram. É claro que houve algumas exceções no passado, mas isso já havia sido resolvido e a regra estava bem clara.

A não ser que ele não estivesse morto. Mas olhando seu corpo, até que não parecia tão morto assim. Aquela sensação de que tem algo muito errado acontecendo ficou cada vez maior.

Percy não entendia muito sobre portais e rituais antigos, mas tinha quase certeza de que aquele ali não parecia ser um dos fáceis. Afinal de contas, o apartamento de Drew estava sendo invadido por uma Manticora, logo depois, apareceu Connor e Travor para expulsá-lo de lá.

Percy não poderia se responsabilizar pela morte de ninguém, principalmente de pessoas que estavam tentando salvá-lo. Entretanto, muitas coisas estavam em jogo naquele momento.

— Eu não posso ir embora. — Percy decidiu.

— Perseu. — Luke esbravejou. — A sua hora ainda não chegou.

Não havia muito o que discutir, ou Percy aceitava ou continuava morto. E com aquela sensação entranha, por fim, ele concordou. Drew enfiou a mão dentro do decote de sua blusa, tirando uma ampola com um líquido alaranjado.

— Essa é uma poção para reverter o veneno. Você ainda está condenado a morte, seu corpo apenas está num coma profundo, morto, mas nem tanto, entendeu? Mas não adianta seu corpo ingerir a poção se a sua alma continuar presa do outro lado.

— É claro, você é a louca das poções. O que eu devo fazer, beber?

Drew olhou para Luke.

— Não posso permitir que você se sacrifique. Eu prometi que daria certo. — O vórtice começou a acalmar, mas muito lentamente. O barulho da batalha ainda era ensurdecedor com o grito das Harpias voando do lado de fora.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora