Ninguém está pronto para: Banho com esfregão

13 3 12
                                    

A única coisa que Percy conseguia sentir naquele momento, era uma dor insuportável nos pulsos, onde as algemas apertavam severamente. Cada vez que se mexia, parecia que o metal ia se retorcendo e apertando. Chegou uma hora que ele decidiu não mover mais as mãos, ou ficaria sem elas. Estava muito escuro, não conseguia enxergar um palmo na frente do nariz. Ele tentou então se concentrar nos únicos sentidos que restara. Podia ouvir um barulho de metal arranhando ao longe de onde estava, e sentia uma leve tremedeira no chão duro em que fora colocado. E com o cheiro de esgoto que sentia, ele não demorou muito para sacar que estava embaixo da terra, de preferência em algum lugar no subterrâneo de uma estação de metrô.

— Maravilha, estou de volta a Nova Iorque. — ele murmurou, girando o corpo no chão, mas bateu em uma parede, tentou o mesmo do outro lado, e encontrou outra parede. Decidiu virar o corpo para a outra direção, julgando ser para frente. Encontrou uma grade. E para trás, outra grade.

Estava preso. Tinha que admitir que a pessoa que o prendeu ali era esperta e devia saber o que estava fazendo.

Percy tentou se concentrar no que ele sabia. Provavelmente alguém o queria preso, mas por quê? Ele não tinha nada importante para oferecer. Ou tinha?

Não soube dizer quanto tempo se passou desde que ele perdeu a consciência e despertou naquele lugar, mas imaginou que não poderia ser mais do que algumas horas. Quando ouviu vozes, queria ter tido algum plano em mente, mas a única coisa que possuía naquele momento, era a boa e velha arte de improvisar.

As risadas esganiçadas eram conhecidas de Percy. Ele teria revirado os olhos para o momento clichê, se não estivesse tão cansado.

— Achei que vocês tinham se esquecido de mim. — Percy falou, apertando os olhos quando uma Harpia iluminou sua prisão com uma tocha de fogo. — Aliás, esse lugar é nojento, bem que vocês poderiam arrumar uma base secreta mais limpinha.

— Calado filho de Poseidon. — o bafo da Harpia viajou pelo ar até o rosto de Percy. — Nossa senhora logo despertará, e ela vai gostar do presentinho que vamos oferecer.

— Um semideus poderoso para alimentá-la. — a outra Harpia gargalhou.

— Oi? Alimentar? Espera, gente. Acho que ninguém vai querer comer um cara sujo de... — Percy farejou com o nariz o fedor ao seu redor. — Ew... ninguém vai querer me comer nesse estado. Vocês querem agradar sua senhora? Então sugiro que me deem um banho antes. Sabe, acho que ela ia gostar de um presente mais limpo.

As duas Harpias se entreolharam, e Percy torceu para que elas não fossem muito espertas.

— Tem razão. — a Harpia que carregava a tocha falou. — Nossa senhora odeia sujeira, precisamos dar um banho nele.

— Está fedendo como um rato. — a outra avaliou. — Um rato morto.

— Ok! Sem ofensas. — Percy não sabia onde aquilo ia dar, mas ele só pensava em conseguir mais tempo para bolar algum plano.

A grade foi destrancada e as Harpias o puxou de lá de dentro e foi arrastando pelo esgoto. Percy tentava não pensar que estava sendo arrastado por cima de todo o tipo de nojeira do esgoto, o que aliviava era a promessa de banho que ouvia as Harpias tramarem.

— Espuma e esfregão.

— Precisa de perfume, Invictus, the new fragance for men by Paco Rabanne.

— E um pouco de gel de cabelo Refresh Advanced. Especial para cabelos masculinos.

— Sim, sim...

— Vocês assistem muita televisão. — Percy sentiu a cabeça bater em um cano menor. — Cuidado! Vão quebrar o presente para... seja lá quem é a senhora de vocês.

Ninguém está pronto para a vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora