Unicórnios e Amor - Sillie

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P.O.V Millie

A que ponto chegamos, meu pai, sempre que eu penso que cheguei ao fundo do poço, eu descubro que eu posso cavar mais um pouco.

Eu estou aqui comprando brinquedos para a filha da minha chefe que conheci a cinco minutos.

Como ela pode ter uma filha? Como?

Eu sei como os bebês são feitos, sei exatamente da onde eles vem, só não sabia que Sadie tinha uma dessas.

Eu fiz as contas, Sadie tem 23 anos, a pirralha tem 3 anos, ou seja, ela engravidou aos 19/20 anos, ninguém joga a vida fora e engravida aos vinte anos, ela só pode ter feito isso muito bêbada. Contando mais um pouco, Anna nasceu em 2019, mesmo ano que Sadie ganhou o Miss Universo, ou seja, é bem provável que Sadie já estava de barriga quando participou daquilo, será que tem regras que permitam participantes gravidas?

Além de pensar nessas coisas, ninguém nunca me disse que Anna na verdade era filha e não a namorada chifruda, eu xinguei mentalmente uma criança, eu sou um mostro.

Vou na primeira lojinha de brinquedos que eu encontrei, procurando por um bendito cachorro azul, eu não sou paga para sair por ai comprando brinquedos, naquela loja não tinha o cachorro de pelúcia, então precisei ir em outra, e mais outra, até finalmente conseguir achar aquilo, acabei de pegar ranço de cachorros e da cor azul.

Volto para o trabalho, indo logo entregar a pelúcia e o troco, Sadie me deu uns quinhentos dólares só por um brinquedo.

- Você demorou - fala a criança emburrada quando me vê - Eu apertei o botão e você não apareceu.

- É porque eu não estava aqui - explico - toma seu cachorro Lulu.

- Convence minha mãe de me dar um cachorro de verdade - pede apertando o brinquedo, ela era uma criança até que fofa.

- A Sadie não gosta de cachorros? - pergunto.

- Eu gosto, só não tenho condições de cuidar de um cachorro agora - responde Sadie, tinha me esquecido que ela estava ali.

- Vem, Millie - fala a menina pegando na minha mão - vamos brincar de princesas, eu vou ser a Pequena Sereia.

- Espera, o que? - falo confusa.

- Minha mãe disse que a gente pode brincar juntas.

- Não, eu tenho que trabalhar - protesto, eu não convivo com crianças, eu não sei brincar com crianças, eu não gostava delas nem quando eu era uma criança.

- Agora sua função é brincar com a minha filha - fala Sadie se levantando da mesa - eu disse para desmarcar tudo que é importante hoje, mas é claro que você não fez isso, agora tem um parente do Burro do Shrek me esperando, então vai cuidar dela, e se eu chegar e tiver faltando um fio de cabelo daquela cabecinha linda, eu juro que vai ser seu ultimo dia na Terra!

Sadie me olha ameaçadora como sempre, só que dessa vez eu vi a fúria em seus olhos, eu realmente morreria se algo acontecesse aquela peste enquanto estivesse no mesmo ambiente que eu.

A Sink deixa um beijinho na bochecha da filha antes de se retirar da sala, me deixando lá sozinha com aquela coisa.

- Vem - me puxa para o sofá - eu trouxe duas Barbie, qual delas você quer?

- Eu não gosto da Barbie, ela é só uma riquinha mimada - digo pegando uma das bonecas - me lembra alguém, acho que sua mãe.

- Não, minha mamãe tem a própria boneca dela.

- Sua mãe tem uma boneca? Tipo a Boneca Sadie? - As surpresas não param.

- Sim, mas a dodó não deixa eu brincar com elas, disse que não são brinquedos, mas são bonecas, elas ficam na caixa de vidro na casa da dodó.