Entre Nós

Prólogo

Aos 13 anos...

Chego da escola, subo direto para o meu quarto e jogo minha mochila no chão, me sinto frustrada por não ter a sorte das minhas amigas.

Todas já possuem seus namorados e eu nunca nem sequer dei um único beijo na vida.

Afinal, quem iria olhar para mim, sou uma menina morena, magra e de cabelos negros cacheados.

Sei que posso estar sendo preconceituosa comigo mesma, mas é assim que me vejo.

Apesar dos meus pais sempre dizerem que sou linda do jeito que sou, mas sei que eles falam isso para me agradar e por eu ser a filha deles.

Me aproximo do espelho e me analiso minuciosamente passando as mãos pelo meu corpo.

Estou ali tão distraída que não percebo sua entrada, ele alisa meus ombros e sussurra em meu ouvido:

— Sabia que você é linda! — Exclama, e eu reviro os olhos.

Sei que só está falando isso por gostar de mim e por me ver todos os dias me martirizando na frente desse espelho.

— Eu sei que não sou. — Digo, me afastando e sentando na beira da minha cama. — Não precisa falar isso apenas para me agradar.

Diego revira os olhos, e alisa meu rosto.

— Você precisa para de ficar pensando que é feia. — Diz, me olhando nos olhos.

— Se sou tão linda como dizem, por que que ninguém pede para ficar comigo? — Pergunto, e noto uma pequena irritação nos olhos dele, mas disfarça rapidamente.

— Você é tão nova para ficar pensando nessas coisas! — Exclama, se levantando e vai em direção a porta.

Fico um pouco mal quando o vejo sair do meu quarto e nem sequer olhar para trás.

Sei que ele só está apenas querendo me animar, mas eu preciso ser realista e enfiar na minha cabeça que não sou o tipo que os garotos gostam.

Decido parar de pensar nisso e fazer minhas atividades da escola.

Mas meus pensamentos estão cravados em Diego, que saiu daqui um pouco chateado comigo e então decido ir à sua procura.

Sei que ele deve estar no quarto de hóspedes, pois seus pais estão viajando a negócios e ele está passando um tempo aqui conosco e nisso ficamos ainda mais próximos.

Ás vezes sou chata e ele é o único que aguenta as minhas mudanças drásticas de humor.

Bato em sua porta, receosa e o mesmo murmura um "entre" e eu o vejo deitado na cama, sem camisa e jogando em seu celular.

Engulo em seco, pois seu abdômen é bem definido, coisa que eu já tinha percebido, mas só agora estou reparando melhor.

— A baba está escorrendo. — Diz e sorri, batendo na cama, para que eu me deite ao seu lado.

Faço o que ele me pede, e em seguida o abraço.

Sentindo o calor do seu corpo e isso me causa uma sensação diferente.

— Porque você está tão chata hoje? — Pergunta, retribuindo meu abraço.

— Todas as minhas amigas já deram o seu primeiro beijo. — Revelo, e ele sorri de lado.

— Então você está com vontade de beijar. — Entendo a frase como uma afirmação e assinto. — Podemos resolver esse problema.

— Como? — Digo, me levantando e ficamos um de frente para o outro.

Percebo que ele me olha de um jeito diferente e meu rosto esquenta.

É um olhar profundo.

Diego segura meu rosto e vai se aproximando, na hora não entendo, mas ele me pede para fechar os olhos e faço.

Então sinto seus lábios quentes nos meus e meu coração acelera.

O beijo flui naturalmente, é como se nossas bocas soubessem o que fazer.

E devagar, sinto sua língua explorar a minha boca e tudo que sei é me perder nas sensações que esse beijo me causa.

Mas aí me dou conta de que isso não está certo, e devagar vou me afastando.

— Não vai dizer nada. — Diz, alisando meu rosto.

— Foi incrível, mas... — Faço uma pausa e ele alisa os lindos cabelos loiros. — Somos primos.

Ele ri, e eu fico totalmente sem graça.

— Não tem problema.

— Dizem que isso não pode acontecer!

— É superstição, não levo a sério.

— Por que fez isso?

— Gosto de você!

— Isso eu já sei, bobo! — Tento descontrair, pois ainda estou pensando no meu primeiro beijo.

— Não sabe. — Ele se aproxima novamente e eu dou um sorriso tímido. — Gosto de outro jeito.

— Que jeito? — Pergunto, pois não estou entendendo nada.

— Acabei de demonstrar.

Penso no beijo e aí me dou conta do que ele está falando.

— Sabe que ninguém vai apoiar isso.

— Ninguém vai saber! — Diz, se levantando e me puxando para um abraço apertado.

Me solto do seu abraço e quando vou saindo, ele me chama e diz:

— Isso fica entre nós...

❤❤❤

Beijos e até o próximo capítulo...