Capítulo 14| Ian

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'I'm tired being home alone
Used to have a girl a day
But I want you to stay'

- Lost in the Fire, Gesaffelstein feat. The Weeknd

Domingo, 08 de outubro

Fui tomado pelos raios de sol, que incidiam diretamente no meu rosto, provocando-me um longo bocejo. Raramente dormia nesta posição e isso levou-me ao primeiro sorriso do dia, pois tive a bela visão da morena deitada ao meu lado.

Mathilde estava encolhida no meio da cama, com o seu lindo cabelo cacheado espalhado pela almofada. A minha camisola abraçava o seu corpo, deixando as suas pernas expostas. O meu cheiro estava impregnado nela. Eu realmente dormi com ela, embora apenas tenha conseguido um beijo. Relembrar-me desse momento faz-me querer repeti-lo com urgência.

Apenas tive noção de que havia ficado imenso tempo a admirá-la quando ela se remexeu, despertando lentamente.

- Bom dia. - sussurro quando ela finalmente olha para mim.

- Bom dia. - noto o seu nervosismo.

- Dormiste bem? - questiono, levantando-me, dando-lhe mais espaço.

- Sim. - espreguiça-se. - Que horas são?

- Meio-dia. - respondo, verificando as notificações do meu telemóvel.

Ricciardo mandou-me inúmeras mensagens, na tentativa de perceber se Mathilde estava bem e se eu a tinha conseguido convencer a passar a noite no nosso dormitório. Tranquilizo-o com uma breve mensagem e largo novamente o aparelho em cima da mesinha de cabeceira, voltando a minha atenção novamente para a mulher que permanecia na minha cama. Eu estava perante uma demonstração clara do paraíso.

- Não me lembro da última vez que dormi até tão tarde. - comenta, provavelmente sentindo o meu olhar sobre si.

- Hoje é domingo. - afirmo. - Dia de descanso.

Ela ri, abandonando os lençóis. Observo-a caminhar até a janela, prendendo o cabelo num rabo de cavalo desajeitado, que só valoriza a sua beleza natural. Deixei-a sozinha no quarto e dirigi-me à casa de banho. Demorei-me debaixo do chuveiro, permitindo que a água fria refrescasse a minha mente, aliviando a ressaca da noite anterior.

De certa forma, acompanhar a morena no seu longo percurso noturno despertou a minha sobriedade. Se não tivéssemos sido expulsos da festa, provavelmente eu acordaria com uma dor de cabeça enorme, motivada não só pelo álcool, mas também pela raiva que me consumia sempre que algum indivíduo a olhava descaradamente, desejando o que apenas eu posso ter.

Essa é a realidade que me custou a admitir para mim mesmo, uma vez que ciúmes não fazem parte do meu vocabulário. Foi difícil aceitar que não consigo lidar com o facto de outros homens a desejarem, mesmo que eles não tenham chances com a minha mulher.

Deparei-me com o Ricci quando saí do cómodo, apenas com a toalha enrolada na cintura. Ele encara-me com um sorriso divertido no rosto, pronto para fazer as suas piadas maliciosas.

- Que pena que ela já foi, parceiro. Perdeu a visão do paraíso. - gargalha perdidamente e eu cruzo os braços, negando com a cabeça.

- Por acaso ocuparam-se a noite toda? - ele questiona. - Não me parece provável que tenham somente dormido, devido à aparência dela quando saiu.

- Não fodemos. - declaro. - Aliás, há mais probabilidade de tu teres feito isso.

- Porquê? - finge-se ofendido. - Eu sou difícil de conquistar.

- Como se tu pensasses com a cabeça de cima quando se trata da loira. - digo com humor. - Se ela te mandar latir, tu não hesitas.

- Também estás assim pela Mathilde. - ele rebate. - Não a deixarias dormir na tua cama, com a tua roupa, se ela fosse outra qualquer.

Não me deixesOnde histórias criam vida. Descubra agora