'I be losin' sleep
You say I'm a dream
Baby, tell me something I don't know
I bite, but it's sweet
Give you some relieve
Get you through the night, then you can go'- A Dona Aranha, Luísa Sonza
Segunda-feira, 01 de janeiro
Acordo desnorteada e procuro alguma orientação. A dor de cabeça atinge-me com força e eu fecho os olhos novamente. Sinto a respiração tranquila do moreno atrás de mim quando ele se remexe na cama, colando o seu corpo ao meu. Lembro-me subitamente de que estamos nus e o leve incómodo no meu ventre dá-me a confirmação de que realmente fizemos sexo.
Não tenho forças para me levantar e tentar descobrir que horas são e se alguém ainda está na mansão. Limito-me a aconchegar-me na almofada, afastando-me dele o máximo possível, para evitar despertá-lo. Porém, Ian abraça-me, de forma a ficarmos de conchinha.
- Vem cá, amor. - a sua voz rouca e sonolenta provoca-me um arrepio.
Viro-me na cama e toco o seu rosto delicadamente. A sua mão desliza pela minha perna, segurando-a para me puxar mais para si. O moreno encaixa-se no meu corpo e a minha intimidade roça no seu membro por um milésimo de segundo. Isso é o suficiente para o meu útero se agitar, implorando por um pouco de atenção matinal.
Recordo-me vagamente do trajeto até à sua mansão, de ele me ter contado sobre a acusação, da hidromassagem e depois dos cuidados que tivemos antes de nos deitarmos e adormecermos instantaneamente. Tenho bem presente algumas coisas, que, devido às circunstâncias, marcaram-me, como, por exemplo, a menção de Ian a um compromisso sério e o facto dele ter dito que me ama.
- Ainda pretendes mudar-te para aqui? - o moreno diz repentinamente e consigo perceber a hesitação na sua voz.
- Não sei! - sorrio. - Isto é bastante agradável, adoro o ambiente e a localização em si é vantajosa. Porém, há outros assuntos a ponderar antes de tomar uma decisão tão importante.
- Eu compreendo se preferires ter o teu espaço. - apressa-se a declarar.
- Não me queres por perto, moreno? - brinco. - Talvez a minha maior vantagem seria, precisamente, dividir um quarto contigo.
- Claro que quero! Eu só estou a priorizar o teu conforto. - defende-se.
- Eu agradeço. - aproximo-me para lhe roubar um beijo. - Não precisas de mudar a tua forma de ser para me agradar, amor.
Ian puxa-me até eu estar deitada em cima dele, os meus seios contra o seu peito. Enquanto ele me beija, a sua mão desliza pela lateral do meu corpo, até chegar à minha intimidade. Tenho noção da minha situação. Cada parte do meu corpo tem a sua marca, estou inchada e molhada, sem condições de aguentar mais uma sessão de sexo com a própria encarnação do pecado. Um pecado delicioso.
- Estás a ver o que fazes comigo, Mathilde? - sussurra e eu sou incapaz de responder.
Sinto a sua dureza diretamente na minha intimidade. A glande toca dolorosamente a minha entrada e eu não sustento a posição. Enterro o meu rosto na almofada, próxima ao seu pescoço.
Os seus dedos deslizam pelos grandes lábios e eu choramingo, estremecendo. Respiro fundo e os pelinhos da sua nuca arrepiam-se. O moreno ri e fita-me de canto de olho, antes de me ajeitar no seu colo.
- Sabes o que fazer, morena. - as suas mãos sobem e descem, percorrendo a lateral do meu corpo, das coxas até à cintura.
Inclino-me para beijá-lo antes de rodear o seu membro com a mão, começando movimentos lentos de vaivém, dando um aperto mais firme quando chego à glande.
- Oh, foda-se. - ele suspira, não tirando os olhos de mim. - Não brinques comigo.
- Porque não, moreno? - provoco-o um pouco mais. - Onde está o cavalheiro paciente de ontem?
Dito isto, passo as minhas pernas por cada lado do seu corpo, esfregando-me contra o seu volume.
- Onde está a dama delicada de ontem? - ele devolve a pergunta. - Por acaso estás com medo de não me aguentar?
Eu solto uma gargalhada, segurando o seu queixo para forçá-lo a encarar-me.
- Eu não te aguento? Ou será que o Ian Scott não me aguenta? - provoco uma reação explosiva nele.
- Nunca duvides da minha capacidade de te destruir na cama. - diz entredentes.
Eu rio-me com a frase de efeito e ergo a cabeça para beijá-lo. Os nossos lábios roçam antes das nossas línguas se encontrarem, insaciáveis. Não contenho os gemidos que escapam da minha boca quando o moreno toca delicadamente o meu ponto sensível, fazendo-me vibrar. Eu movo o meu quadril, procurando intensificar o contacto, dolorosamente excitada.
- Ainda não estás pronta para outra, amor. - sussurra. - Porra, Mathilde.
- Não te percas da postura. - comentei irónica.
- Já a perdi há muito tempo e tu sabes o motivo. - responde, afundando o rosto na curva do meu pescoço.
- Estava à espera de acordar sozinha. - comento, alisando os seus fios negros.
- Jamais. Eu tenho tudo o que eu preciso e mais ainda aqui, comigo. Eu não sou idiota ao ponto de trocar quem me faz bem por um caso de uma noite. Tu és a primeira na minha lista de prioridades, ninguém está acima de ti. Eu tenho inúmeros defeitos e tu sabes disso melhor do que ninguém, mas recuso-me a estragar tudo entre nós. Eu não me perdoaria se perdesse a tua confiança. - a sua declaração repentina aquece o meu coração de uma forma inexplicável.
Ele nota o sorriso que ilumina o meu rosto e morde levemente a minha bochecha.
- Eu não vou a lado nenhum, com ninguém, sem te ter comigo. Tu consegues ver em mim algo que nunca foram capazes de ver. - desabafa.
Antes que eu pudesse responder, ouvimos algumas batidas na porta. A voz da Valentina sobressai.
- A polícia está lá embaixo. - o seu tom de voz é cortante. - Desculpem incomodar, mas eles recusam-se a falar conosco. Querem o Ian.
- Eu já desço. - o moreno suspira e encara-me atónito.
- Está tudo bem, amor. - tranquilizo-o, afastando a mecha de cabelo que insistia em cair-lhe pela testa. - É assustador, mas tu vais vencer esta guerra.
Roubo-lhe um selinho e saio da cama, em direção à casa de banho. Ainda tenho a visão do moreno a espreguiçar-se, tentando acordar completamente para enfrentar o que o espera. Ele sai do quarto poucos minutos depois e eu permiti-me relaxar enquanto tomava banho, tentando a todo o custo aliviar o meu corpo cansado.
Saio do banho e visto um robe, procurando uma roupa confortável na minha mala. O meu estômago ronca e eu recordo-me de que já se passaram imensas horas desde a última refeição que ingeri. Além disso, estou destruída por causa do álcool que me permiti beber.
À medida que desço as escadas, a voz de um homem fica mais nítida, e eu presto atenção ao que ele diz, ficando cada vez mais indignada. Não deixarei que levem o Ian, porque tenho a certeza de que ele é inocente. Não há provas para o incriminar e a linguagem corporal do moreno denuncia a sua sinceridade.
Ele está assustado com toda esta situação. Tem receio do desfecho deste processo. Até comigo ele está demasiado contido, como se tivesse um medo constante de fazer algo errado. Quero tirar esse peso dos seus ombros e garantir-lhe de que estarei sempre por perto e que, independentemente de quantas batalhas ele tenha de enfrentar, vencerá todas elas.
Tenho a necessidade de lhe proporcionar o que ele nunca teve, ou seja, amor e carinho. No final das contas, Ian é apenas um jovem negligenciado, que se esconde atrás de uma personagem que o deixa muito mais frio e fodidamente apetitoso. Sinto-me privilegiada por conhecer a sua outra versão, por conhecer o Ian doce e quente. Extremamente quente. Recuso-me a perdê-lo agora.
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Não me deixes
RomantizmEm diversas situações, a emoção sobrepõe-se à razão. O amor e o ódio estão separados por uma linha ténue. Inseguranças e dúvidas fazem parte da vida dos jovens adultos que se preparam para enfrentar os desafios do futuro. Haverá espaço para um roma...