Capítulo 33| Mathilde

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'Shut your mouth, baby, stand and deliver
Holy hands, will they make me a sinner?
Like a river, like a river
Shut your mouth and run me like a river'

- River, Bishop Briggs

Domingo, 31 de dezembro

Aproximo-me lentamente e abraço-o. Ele tenta afastar-me, mas eu recuso-me. Ian não pode fugir de mim para sempre, principalmente depois de se ter declarado.

Nós nunca tínhamos mencionado um compromisso, então surpreendeu-me as suas intenções de assumir algo sólido comigo. Nunca imaginei que Ian viesse, algum dia, a tocar neste assunto. A hipótese de casarmos é surreal neste momento, mas a sua atitude nobre de querer esclarecer tudo antes de avançar conquistou-me um pouco mais. Isso definitivamente me agrada mais do que deveria.

- Não vou deixar-te sozinho. - afirmo. - Nem penses em afastar-me num momento tão delicado. É injusto para ambos. Eu confio em ti e tenho a perfeita noção dos teus valores e das minhas capacidades. Confio em mim para estar ao teu lado, acima de tudo. Não sou capaz de ficar à tua espera.

- Eu amo-te, morena. - a expressão tão cheia de significado é proferida tão levemente que me deixa aturdida.

Pisco rapidamente os olhos, acreditando de que a minha audição me traiu. Todavia, tenho a confirmação de que ouvi exatamente isso quando ele deposita um beijo na minha testa e cerca a minha cintura com os braços, sussurrando mais uma vez.

- Amo-te tanto. - abraça-me com tanta força que eu mal consigo respirar, mas deixo-o à vontade, como uma espécie de garantia de que ele não está só contra o mundo.

Beijo-o com carinho, prolongando o meu silêncio perante algo tão profundo. Sinto que não preciso de palavras para lhe demonstrar que é recíproco, porque os nossos corpos falam um com o outro de forma tão involuntária e inexplicável que supera qualquer tentativa de diálogo.

- Eu aceito. - sorrio e ele fita-me confuso.

- O quê? - questiona.

- O anel, o sobrenome e as três palavrinhas mágicas. - enumero. - E comprometo-me a retribuir cada gesto, para manter uma relação saudável entre nós.

- Sendo assim, eu comprometo-me a viver para te fazer feliz, amor. - o sorriso genuíno que lhe curva os lábios é uma pequena vitória para mim.

- Ótimo! - exclamo. - Então vamos para o quarto.

Puxo-o pelas escadas acima com pouco esforço, já que Ian adora o meu lado perverso e parece muito satisfeito por eu ter retomado a conversa que foi interrompida pela sua necessidade de me revelar o motivo do seu afastamento.

Ele fecha a porta atrás de nós e prende-me contra a parede. O moreno é ágil e eleva o meu corpo, fazendo-me enrolar as pernas em volta do seu tronco, ao mesmo tempo que ataca a minha boca ferozmente.

- Eu quero fazer uma coisa. - sussurro.

- O quê? - a sua curiosidade é nítida.

- Entrar nua na hidro. - aponto com a cabeça para a hidromassagem que pisca do lado exterior.

- Ela nunca foi utilizada durante o inverno. - o moreno ri. - Todavia, é impossível teres frio com esse teu fogo.

Eu reviro os olhos e empurro-o, permitindo que um sorriso curve os meus lábios. Aproximo-me da varanda e corro as cortinas. Dispo o vestido, deixando-o cair no chão.

- Não era nua? - diz maliciosamente, tirando a camisola.

- Tu estás com duas peças de roupa e eu também. A mim parece-me justo. - desafio-o.

Não me deixesOnde histórias criam vida. Descubra agora