Capítulo 13| Ian

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'Necio porque no eres mía
Mi fruta prohibida
Me despierta el deseo de probar'

- Necio, Romeo Santos

Domingo, 08 de outubro

- Mathilde! - digo alto para que ela consiga me ouvir, enquanto a sigo pelas ruas da cidade.

Ela não me responde, nem se preocupa em olhar para mim, apenas segue o seu caminho. Pensava que o seu destino era o dormitório, mas já passamos pelo nosso bloco à dez minutos.

Já está demasiado tarde para ela vaguear sozinha por aí e eu ainda não consegui entender exatamente o que a motivou a agir daquela maneira depois de sermos expulsos.

Mathilde simplesmente começou a caminhar e quando tentei falar com ela, a mesma empurrou-me, sem dizer uma única palavra.

Não sei porque é que fui atrás dela, nem porque é que não a deixei ir e subi para o dormitório. Apenas segui a minha intuição.

- Morena, fala comigo. - peço.

Ela para e roda nos próprios pés, ficando de frente para mim.

- Vai embora. - manda.

- Não vou enquanto não falares comigo. - indago.

- Não há nada para ser dito entre nós. - diz friamente. - Volta para a festa, vai para casa, faz o que quiseres. De preferência termina o que começaste hoje de manhã, assim a tua companheira não precisa de vir tirar satisfações comigo.

Arqueio a sobrancelha confuso com a sua declaração. Ela abre um sorriso sarcástico.

- Deste um soco ao teu colega de equipa por me ter abordado na festa. Disse-te para não esperares exclusividade se não eras exclusivo. Aliás, nós não temos nada. - comenta.

- Sabes que isso não é verdade. - afirmo.

- Se tivéssemos algo, terias com certeza o mínimo de respeito por mim, o que claramente não tens. Não me procures, Ian. Esquece-me. - volta a caminhar.

Não posso crer que ela quer que eu me afaste. Depois de tantos avanços, não posso ter estragado tudo por causa da agressão que cometi. O John mereceu o soco. Eu havia deixado bem claro que ninguém podia se aproximar da morena e ele não respeitou essa regra.

Decido continuar a segui-la em silêncio, com o principal objetivo de preservar a sua segurança. Mathilde não deve estar à espera que eu a deixe vaguear sozinha de madrugada.

A dada altura, ela senta-se num banco, à frente de um poste de iluminação e eu acompanho-a. Ficámos em silêncio durante imenso tempo.

- Quem foi tirar satisfações contigo? - interrogo.

- A loira que te fez companhia a noite toda. - ela quase cospe as palavras.

- Ouviste tudo, não é? - fito a mulher ao meu lado e vejo-a encarar o chão.

- Claro que ouvi. - confessa. - Ela fez questão de gritar aos sete ventos a sua indignação.

- Então, se prestaste atenção no que ela disse, deves saber que não houve nada entre nós. - cruzo os braços, esperando pela sua reação.

A morena olha-me pela primeira vez sem qualquer tipo de raiva. Apenas confusão transparece das suas íris escuras.

- Eu vi-vos juntos na festa, Ian. - admite.

- A Anna sempre quis ficar comigo, mesmo antes do meu namoro com a Alice. Ontem, ela foi ao meu dormitório para tentar a sua sorte. Acabou por me encontrar no estado em que tu me deixaste. - relembro e o seu rosto assume um tom avermelhado. - Ela tentou, de todas as formas, convencer-me, mas eu estava sonolento e recusei. Mesmo assim, ela continuou a tocar-me e foi quando eu perdi a paciência.

Não me deixesOnde histórias criam vida. Descubra agora