Capítulo 11| Ian

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'Oye, baby, no seas mala
No me dejes con las ganas
Se escucha en la calle que ya no me quieres
Ven y dímelo en la cara'

- Chantaje, Shakira feat. Maluma


Sexta-feira, 06 de outubro

Alice é uma pedra gigante no meu sapato e arrastou dois indivíduos para a novela que criou comigo. Além disso, Mathilde está automaticamente envolvida em toda esta situação, uma vez que nos aproximamos consideravelmente.

Questiono-me se Alice teria a mesma reação se fosse outra qualquer no lugar da morena ou se outra qualquer permaneceria comigo mesmo com os ataques de ciúme da minha ex.

Não quero que Mathilde se afaste, porque gosto genuinamente da sua companhia, além de amar as suas reações quando a provoco. Ela tem gostos semelhantes aos meus e consegue ter um diálogo produtivo, ao contrário da maioria.

A morena é a primeira que se interessa verdadeiramente por basquetebol, por exemplo. Todas as outras apenas fingiam interesse para se aproximarem de mim.

A dedicação dela quando estamos em contexto de treino é admirável. A sua paixão pelo desporto aproxima-se da minha e isso é incrível.

Estava quase desesperado por falar com ela e garantir-lhe que tudo isto não passa de algo banal que acabará por cessar. Não quero que ela fique cansada das consequências que a convivência que tem comigo lhe traz.

- Têm planos para amanhã? - Fran interroga após um suspiro.

- Há uma festa que gostaríamos de conhecer. O proprietário chama-se Erick, é um estudante do segundo ano. - Ricci informa.

- Nós não gostamos de festas. Preferimos convívios com ambientes calmos. - Mathilde declara.

- Aposto que é uma tradição de família. - indago, recebendo olhares curiosos.

- Crescemos assim. - a morena afirma.

Eu aproveito para colocar alguns aperitivos e bebidas na mesa, deixando-as à vontade. Fiquei surpreendido por ambas escolherem algo alcoólico, além de possuírem conhecimentos para fazer praticamente todos os drinks.

Embora estivéssemos sozinhos, não deixamos de nos divertir. A determinado momento, Mathilde sentou-se no meu colo, de forma super natural.

O álcool estava a deixá-la mais solta e os movimentos subtis do seu corpo não foram ignorados por mim. Tentei diminuir o contacto entre os nossos quadris, evitando a minha ereção iminente.

- Mathilde. - sussurro abruptamente.

As suas íris escuras encontram as minhas e vejo que os outros dois estão demasiado perdidos um no outro para prestarem atenção na nossa interação. A música ambiente era um auxílio para a nossa conversa ficar somente entre nós dois.

- Estás a querer sentir o que não deves. - afirmo. - Não faças algo de que te vás arrepender.

- Não devo? - ela arqueia a sobrancelha. - Então, porque é que me queres sentir?

A minha respiração tornou-se mais pesada e eu colei os nossos corpos.

- O meu desejo de te ter é bem visível, morena. - admito. - Não penses que me vais deixar com vontade e ir embora.

Ela riu, mas logo assumiu a mesma postura de antes. Não resisti e apertei a sua cintura, forçando o seu quadril novamente contra o meu. Aproximei o meu rosto do seu pescoço, fazendo-a arrepiar.

O meu nome saiu da sua boca num quase gemido e eu não fui capaz de conter o volume que despertou em minhas calças.

- Talvez eu já esteja a sentir o que não deveria. - ela sussurra.

Sinto-me hipnotizado. A sua beleza, o calor que o seu corpo emana e a nossa proximidade é o suficiente para me cegar. Só consigo pensar em como seria tê-la na minha cama, o que apenas serve para acentuar o meu tesão, já que isso é improvável de acontecer tão cedo.

Eu não queria impedi-la de me provocar, rebolando descaradamente no meu colo, mas não estava disposto a aliviar-me sozinho. O máximo que poderei obter dela é um beijo.

- Bebeste demais, morena. - alerto, com dificuldade.

- Eu estou consciente, Ian. - pontua.

Os nossos rostos estavam a milímetros de distância, as nossas respirações sincronizadas misturavam-se e eu perdia cada vez mais o meu auto-controlo. Porém, não tive de agir.

Mathilde fez questão de fazer o que eu queria fazer à muito tempo. No momento em que os seus lábios encostaram nos meus e fui capaz de sentir na ponta da língua o sabor abaunilhado do seu hidratante labial, tive a sensação de subir até às nuvens.

Não tenho noção da sua experiência, mas Mathilde é uma mulher reservada que não dá atenção para qualquer homem.

Eu precisava que ela cedesse e se entregasse completamente àquele nosso pequeno momento de conexão, e a morena acabou por fazê-lo. A nossa sintonia, a maneira como os nossos corpos falavam um com o outro e o perigo do nosso beijo beirar o vício tornou toda a situação pecaminosa.

Nem é saudável imaginar a arte que nós os dois podemos fazer na cama, sozinhos, como viemos ao mundo.

Quando os nossos lábios se separaram, permaneci de olhos fechados, saboreando os últimos resquícios de baunilha e álcool.

O seu calor afastou-se de mim, o seu corpo já não estava em cima do meu e, por momentos, o que acabou de acontecer parece uma alucinação. Contudo, o sorriso travesso que paira sob os seus lábios indica a veracidade das sensações que acabaram de percorrer o meu corpo e, com certeza, também tomaram conta dela.

Ricciardo e Francesca já não estavam no cómodo e Mathilde juntava todos os seus pertences sem grande preocupação.

Levantei-me, mas assim que reparei na minha ereção encostei-me ao sofá, numa tentativa falha de esconder o efeito que a morena tem sob mim.

O meu olhar queimava o seu corpo, que se tornava cada vez mais perfeito aos meus olhos. Perfeito para eu explorar cada centímetro; perfeito para se contorcer enquanto os meus dedos e a minha língua fazem um excelente trabalho; enfim, perfeito para ser meu.

Enquanto eu analisava as suas curvas, bem definidas, ela encaminhou-se a passos largos para a saída do dormitório.

- Onde vais? - questiono.

- Tenho um compromisso. - ela declara misteriosa.

- Estás a fugir de mim, não estás? - questiono.

- Porque eu fugiria? - interroga.

- Porque sabes que não consegues resistir-me. - rebato. - Sabes que nós dois estamos destinados a queimar juntos, pelos pecados prometidos nas entrelinhas.

- Poético. - admite. - Talvez um dia consigámos transformar algo carnal em poesia.

- Enquanto os nossos corpos falarem um com o outro, com certeza surgirão bonitos versos. - provoco.

- Fica bem, moreno. - deseja. - Lamento pela ereção aleatória, pelos vistos tenho algum poder.

Levanto-me e corro até à porta, mas não consigo chegar antes dela a fechar. Mathilde realmente fugiu de mim, mas não foi por precaução, e sim por puro desafio.

Espero que a morena saiba de que o acúmulo de desejo da minha parte será unicamente prejudicial para ela, uma vez que sofrerá as consequências por me fazer esperar. Talvez seja essa a sua intenção.

Não me deixesOnde histórias criam vida. Descubra agora