'Cause I'm a young man after all
And when the seasons change
Will you stand by me?'- Mind Over Matter, Young the Giant
Quinta-feira, 30 de novembro
Às vezes, é necessário abdicar das coisas que nos fazem bem para garantir o nosso melhor futuro, por muito que isso nos magoe. As dúvidas são constantes e aplicam-se à área profissional e pessoal, o que nos desorienta.
As últimas duas semanas foram exaustivas, pois os prazos de praticamente todas as avaliações coincidiram. Além disso, a universidade está exclusivamente dedicada ao grande torneio organizado pela federação, onde as equipas desportivas de todas as universidades do país se defrontarão.
Ian, Ricciardo, Thiago e Valentina depositaram todo o seu empenho nos treinos e as únicas oportunidades que tivemos para estar juntos resultaram das pausas entre as aulas e as reuniões de equipa. Estou extremamente contente por todos os meus amigos, mas o carinho especial que nutro pelo moreno faz-me ficar muito mais animada por ele.
Ian conseguiu encontrar um equilíbrio entre os estudos e o basquetebol, que, segundo o próprio, só não é perfeito porque não podemos estar juntos durante muito tempo. Eu convenço-o de que é apenas uma fase, mas não posso negar que sinto a sua falta. Os pequenos detalhes do meu dia fazem-me lembrar dele e é frustrante não o ter por perto.
Finalmente chegou o dia de determinar quem será o capitão de equipa nesta época e que jogadores serão selecionados para a equipa A. Todos estão ansiosos, à exceção do moreno, que se mantém concentrado no discurso do treinador. Este, por sua vez, relembra os seus atletas de que terão de trabalhar arduamente para o torneio que se realizará em Janeiro.
- Estou tão animada! Vamos começar o ano em grande. - Valentina senta-se ao nosso lado.
- Podes crer. - Francesca abre um sorriso. - Quero ver-vos a levantar o troféu.
- Seria o meu melhor presente. - comento. - Vou me dar ao luxo de viajar convosco para a capital para festejar o meu aniversário.
- É verdade! Já me esquecia desse detalhe! - a ruiva indaga.
- Victor, Leonardo, John, Ian, Thiago, Ricciardo, André, Nicolas, Bernardo e Rodrigo. - o treinador chama e todos dão um passo à frente. - Foram selecionados, em conselho desportivo, para constituir a equipa principal de basquetebol da nossa universidade. Contudo, o vosso lugar não está garantido, pois depende do rendimento que terão até ao final do ano. O futuro e a reputação da nossa universidade está nas vossas mãos. É obrigatório trazermos o troféu de Janeiro para casa!
Ouvem-se murmúrios entre os membros da equipa e o moreno cumprimenta os dois amigos, parabenizando-os por terem sido designados, assim como ele, para a equipa A. Ricciardo é o mais empolgado com toda a situação e Thiago o mais sorridente. O moreno continua com uma expressão neutra, o que é bastante intrigante.
- Leonardo e Ian. - a voz do treinador volta a sobressair. - Chegou-me aos ouvidos que gostariam de disputar a braçadeira de capitão. Há algum motivo específico que alimenta esta rivalidade? São colegas de equipa, estão sujeitos ao profissionalismo.
- Ele pensa que é melhor do que eu. Vou provar-lhe que isso está muito longe da realidade. - Leonardo indaga. - Além disso, quero mostrar àquela morena que nos assiste com bastante frequência que escolheu o atleta errado.
Ian ri-se com tamanha barbaridade, enquanto eu viro o centro das atenções, pois todos os olhares se desviaram para mim. John arqueia a sobrancelha e parece verdadeiramente surpreendido por Leonardo se referir a mim daquela forma. Confesso que até eu fiquei chocada.
O Thiago aproxima-se de Ian e sussurra algo ao seu ouvido, que desperta um sorriso divertido no rosto do moreno. Ele sentiu-se desafiado e isso pode torná-lo um verdadeiro destruidor.
O diretor entra no campo e as emoções apazíguam-se. Ian caminha em minha direção e eu apresso-me a descer as escadas até ao campo para ir ao seu encontro.
- Ele nunca terá qualquer hipótese enquanto não mudar aquela mentalidade. Vais acabar com a raça dele! - digo confiante.
- Confias em mim? - pergunta.
- Tu confias em ti próprio? - retribuo. - Eu não duvido de ti e do que és capaz de fazer. Ao teu lado, o Leonardo é irrelevante. Vai lá e mostra-lhe que és muito melhor do que ele.
- És incrível, morena. - ele sorri. - Obrigado.
Estico-me para o beijar e ele suporta o meu corpo, impedindo-me de cair. A minha demonstração de afeto incentiva-o e é quase um aviso para todos os presentes. O olhar de John em nossa direção é cortante e isso causa-me um certo mal-estar, pois apesar de tudo não gosto de ficar mal com ninguém.
O moreno arrasa completamente o adversário, ultrapassando-o em todos os testes físicos que o treinador indicou. A sua tranquilidade desconcerta o Leonardo e isso é bem visível. O moreno vence mais pela sua capacidade intelectual do que propriamente pela sua qualidade, embora esta última seja excelente.
- Ele vai conseguir. - Valentina comenta. - O Thiago disse-me hoje de manhã que, lá no fundo, todos o respeitam e levam muito a sério as palavras sábias dele.
- Eu conheço-o à relativamente pouco tempo, mas parece uma eternidade. Estou profundamente orgulhosa por ele. - confesso.
- Fizeste-lhe um bem imenso, Mathilde. Ele não era nada assim. Andava constantemente revoltado, embora tenha sido sempre um bom rapaz. Não sabes o quanto fico feliz por teres entrado na nossa vida. Até a Fran conseguiu fazer o impensável e desacelerou o Ricciardo. - admite.
- Ele continua bastante acelerado. - a loira declara, arrancando-nos uma gargalhada.
- Ian! - o treinador exclama e eu levanto-me rapidamente.
Vejo-o sair do pavilhão, apático, e fico com receio. Ricci pede-me para me aproximar com um gesto apressado e eu não hesito em segui-lo.
- Podem retirar-se. Ian é o novo capitão da equipa. - capto as últimas palavras do treinador.
Leonardo altera-se e ainda tenta alcançar-me, mas John impede-o, para minha surpresa. Entro no balneário masculino sem me preocupar com mais nada a não ser o estado emocional do moreno. Encontro-o sentado no sofá com a cabeça enterrada nas mãos.
Toco levemente o seu ombro e agacho-me, ficando a uma altura favorável para analisar a sua expressão facial. O moreno puxa-me rapidamente e eu sento-me no seu colo. Ele aperta-me com tanta força que eu quase não consigo respirar, mas não o interrompo.
- A braçadeira é tua, amor. - sussurro.
- Eu sei, linda. Eu sei. - reforça.
- Não estás feliz? - interrogo.
- Sinto-me esquisito. - confessa. - Mas tudo vai ficar bem, não te preocupes.
- Eu estou aqui para ti e por ti. - admito.
- Eu não te mereço. - indaga. - Não te quero corromper, morena. Não posso permitir isso.
- Como assim, Ian? - fico profundamente abalada.
Não obtenho uma resposta. Quero insistir, mas entendo que não é a melhor altura para puxar por ele. O loiro entra no balneário e eu deixo-os sozinhos, com muito custo. Não o quero deixar nestas condições, mas reconheço que não o conheço o suficiente para impor a minha presença. O amigo ser-lhe-á muito mais útil neste momento.
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Não me deixes
Roman d'amourEm diversas situações, a emoção sobrepõe-se à razão. O amor e o ódio estão separados por uma linha ténue. Inseguranças e dúvidas fazem parte da vida dos jovens adultos que se preparam para enfrentar os desafios do futuro. Haverá espaço para um roma...