'I only call you when it's half-past five
The only time I'd ever call you mine
I only love it when you touch me, not feel me
When I'm fucked up, that's the real me
When I'm fucked up, that's the real me, babe'- The Hills, The Weeknd
Domingo, 05 de novembro
- Posso me sentar aqui? - pergunto.
- Desde quando pedes permissão? - a morena brinca.
Sorrio e sento-me ao seu lado, colocando a sua perna, que anteriormente ocupava o assento, por cima da minha. Ela encosta-se na cadeira e percebo que a nossa proximidade ainda a afeta. Depois de tanto tempo, ainda é desconcertante a nossa relação.
- O inverno é tão chato. - Ricci declara.
- Porquê? - Valentina ri.
- Não dá para andar nu pela casa. - digo seriamente e vejo as mulheres presentes na sala assumirem um semblante preocupado assim que Ricciardo e Thiago concordam comigo.
Solto uma gargalhada, o que faz a morena suspirar de alívio. Ela sabe que nós seríamos capazes de fazer isso facilmente. Depois da nossa crise de risos, começamos a discutir sobre motos. A nossa animação em relação ao assunto é evidente, porque amamos, efetivamente, todo o tipo de veículos.
Ricciardo expôs a sua vontade de comprar um veículo, embora os pais não tenham condições para lhe proporcionar um carro de topo de gama, como eu e o Th temos. Eu fico incomodado, repentinamente, e tento relaxar mantendo contacto físico com a Mathilde. Aperto a sua cintura firmemente e ela procura contacto visual comigo, tentando perceber o que está a acontecer.
Desbloqueio o meu telemóvel e começo a digitar o modelo do carro que Ricciardo mencionou. Ela entendeu a minha intenção de oferecer um carro ao meu melhor amigo. Sinto que lhe devo uma espécie de pagamento por tudo o que ele fez por mim e retribuir-lhe com algo que ele quer tanto parece-me a melhor junção do útil ao agradável.
- A minha melhor decisão foi ter comprado o Porsche. O conforto e praticidade não têm preço. Eu adoro a minha moto, mas ultimamente tenho usado mais o carro. - afirmo.
- Porquê? - Th questiona.
- Quando estou sozinho, prefiro a adrenalina. - comento. - Mas a moto não é tão segura como um carro.
- Desde quando tens essa perspectiva? - a morena interroga curiosamente.
- Desde que deixei de gostar de estar sozinho, pois isso significa que não estás comigo. - uno as nossas mãos. - Nunca vou pôr a tua segurança e conforto em causa, morena.
O seu rosto assume um tom avermelhado, pois ninguém estava à espera da minha demonstração de afeto repentina. Confesso que eu próprio fiquei surpreendido com a naturalidade da minha declaração.
Sinto-me livre dos fantasmas do passado quando estou com ela. Sinto-me um homem completo perante o cenário em que me vejo e idealizo. Estou financeiramente estável, consegui entrar na minha faculdade de sonho, além de continuar a jogar basquetebol, tenho um grupo de amigos excepcional e uma mulher incrível que pretendo conquistar. E estou a ser bem sucedido nessa minha missão.
Por esses mesmos motivos, convidei a morena a acompanhar-me durante a tarde. Ricciardo havia me dito que se ia resolver com a Francesca, custasse o que custasse. Embora a Mathilde esteja bastante apreensiva em relação a deixar a prima sozinha com o loiro, convenceu-se que seria o melhor para ambos.
Tenho noção de que ela só aceitará a minha proposta se todos tivermos uma boa convivência. Por outro lado, Mathilde parece confiar em mim de olhos fechados, o que me agrada imenso, pois sei que nunca a deixaria ficar mal.
Abro a porta do carro à morena e ela sorri com o meu ato de cavalheirismo. Logo recordo-me de que tenho uma pequena surpresa para ela nos bancos de trás. Pretendo levá-la até ao meu sítio preferido, no topo das colinas, um ótimo lugar para assistir o pôr-do-sol.
Ela não questiona o nosso destino e não se incomoda com o tempo da viagem. Apenas me assiste a conduzir, enquanto traça caminhos imaginários com os dedos no dorso da minha mão, que aperta firmemente a sua perna esquerda. O seu olhar intenso causa formigueiros pelo meu corpo.
Chegámos à colina, depois de longos vinte minutos de estrada. Estaciono o veículo longe da encosta e ambos saímos, recebendo o ar fresco em nossos pulmões. Mathilde afasta-se do carro e admira a bela paisagem. Aproveito para abrir a porta traseira e pegar o ramo de flores.
- Morena... - chamo a sua atenção.
- Diz, moreno. - responde, sem olhar para mim.
O meu silêncio fá-la encarar-me.
- Um belo ramo para uma linda flor. - estendo-lhe o buquê composto por rosas vermelhas e brancas.
- Obrigada! - o brilho no seu olhar destaca a alegria. - És um amor.
- Não me agradeças por te tratar como mereces. - declaro.
- Não me condenes por querer retribuir, então. - sorri perversamente.
Roubo-lhe um beijo, sentindo o gosto de morango do seu hidratante labial. A sua boca avermelhada e macia não desgruda da minha e nós prolongámos ao máximo aquele nosso contacto, até ficarmos sem fôlego.
A brisa amena levava as ondas do seu cabelo de forma rebelde. Fico a admirar o seu rosto angelical e uma sensação estranha atinge-me.
- Estás bem? - pergunta, provavelmente percebendo a minha hesitação.
- Melhor impossível. - indago, voltando a beijá-la.
Recuo dois passos assim que ela salta para o meu colo, enrolando as pernas na minha cintura e os braços no meu pescoço. Ela fascina-me de uma maneira muito diferente e consegue dominar-me com facilidade. As nossas línguas travam uma batalha ardente que nos incendia completamente.
- A nossa competição vai levar-nos à ruína. - sussurro.
- Eu nunca perco, Ian. - declara, desafiando-me.
- A tua resistência não te vai levar a lado nenhum, morena. Podes simplesmente entregar-te e permitir-te usufruir daquilo que é teu.
- Então és meu, moreno? - a malícia no seu tom de voz faz-me perder o juízo.
- Tu és minha, Mathilde. - afirmo.
- Odeio-te. - ela ri.
- E mesmo assim não consegues parar de me beijar. - provoco.
Desço beijos pelo seu pescoço, sugando a sua pele arrepiada. Mathilde solta um suspiro e ergue a cabeça, deixando o seu corpo completamente vulnerável.
- Não é mentira. - ela finalmente responde. - Ian, por favor, não comeces algo que não podes levar até ao fim.
- Eu posso levar tudo até ao fim, linda. Com um pouco de paciência e determinação. - o meu tom de voz é absurdamente baixo, pois a sua frase despertou com toda a minha vontade de a ter ali mesmo.
- Mostra-me. - a sua voz é trêmula, mas ela sorri.
- Vais-te arrepender das tuas palavras. Eu não vou ter pena de ti. - indago.
- Isso soa como uma promessa e eu gosto disso. - o sorriso não abandona o seu rosto.
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Não me deixes
RomanceEm diversas situações, a emoção sobrepõe-se à razão. O amor e o ódio estão separados por uma linha ténue. Inseguranças e dúvidas fazem parte da vida dos jovens adultos que se preparam para enfrentar os desafios do futuro. Haverá espaço para um roma...