Capítulo 21| Mathilde

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'You're exciting, boy, come find me
Your eyes told me: "Girl, come ride me"
Fuck that feeling, both us fighting
Could he try me? (Yeah) mmm, most likely'

- Need to Know, Doja Cat

Segunda-feira, 23 de outubro

O ponteiro maior do relógio finalmente se alinha com o extremo norte, pontuando as seis da manhã, e o meu despertador dá o sinal. Está na hora de começar o meu dia.

Contudo, não estou sozinha. Tenho um peso em cima de mim, que não me deixou dormir. Não consegui fechar os olhos e relaxar, porque a minha mente foi invadida pelas incertezas da nossa intimidade.

Tive de me controlar para não deslizar as minhas unhas pelas suas costas expostas, tão esculturais. O moreno tirou a camisola à cerca de duas horas atrás, deixando-me quase sem fôlego somente pela visão privilegiada que me proporcionou.

Não sei como é que é possível estarmos na mesma cama, nestas condições, sem nada sexual.

- Desliga-o. - a sua voz sonolenta faz-me arrepiar no mesmo instante. - Sabes perfeitamente que não vais sair daqui.

A sua frase atinge o meu corpo como uma chama, que me aquece por completo. Eu não deveria desejar ardentemente que ele deixasse de ser um cavalheiro comigo, e me mostrasse o seu lado selvagem. Do mesmo modo, eu não deveria faltar às aulas somente para absorver um pouco mais de insanidade. Sinto que estou a beirar a loucura.

Estendo a mão até ao aparelho que vibra sem parar e desligo-o, fingindo estar morta de sono. De facto, estou, mas a razão deixou-me sóbria e sem vontade alguma de descansar.

Tenho noção de que ele está atento às reações do meu corpo. Ian não é alheio ao efeito que tem sobre mim.

- Estás a incendiar-me, morena. - sussurra, apoiando-se no colchão com o braço, de forma a estabelecer contacto visual comigo.

- O diabo queima-se, moreno? - não resisto à minha necessidade de o provocar.

O maldito fogo nas suas íris escuras, que apenas alimentava a tensão sexual entre nós, fez-me esquecer absolutamente tudo. Eu já só queria o seu corpo colado ao meu, queria senti-lo por completo, sem me preocupar com as consequências disso.

- Admite. - ele exige, tão impaciente quanto eu. - Eu quero-te. Preciso que me digas o mesmo.

Rapidamente, vou para cima dele, beijando-o com ferocidade, enquanto procurava um contacto específico entre os nossos corpos. Não fui capaz de controlar o gemido que me escapou quando o moreno segurou a minha cintura e encaixou os nossos quadris.

- Já fui demasiado paciente, Mathilde. - declara. - Não consigo mais resistir à vontade dos nossos corpos. Diz-me que anseias por mais, tanto quanto eu. Deixa-me proporcionar-te sensações inesquecíveis.

- Eu quero-te. - sussurro confiante. - Quero que proves cada pedacinho do meu corpo e me mostres tudo aquilo que prometeste.

Ian parece ter destravado completamente perante as minhas palavras e não se preocupou com mais nada. Senti os seus beijos molhados descer pelo meu pescoço, enquanto as suas mãos alisavam o meu corpo. Colei os nossos lábios num beijo ardente e intenso.

O moreno fitou-me pensativo, antes de se insinuar para tirar a minha roupa. Impulsionei o meu corpo, livrando-me da camisa de dormir, que, diga-se de passagem, foi o melhor pijama que eu poderia ter escolhido para passar a noite. A exposição e a facilidade de acesso à minha intimidade deixaram-no em puro êxtase.

Nós fervíamos de desejo. Era impossível interromper aquele momento, que eu fui adiando por imenso tempo. O receio que me consumia transformou-se em vontade, e se antes eu fugia dele, agora eu imploro para o tempo passar bem devagar enquanto estou na sua presença.

- Não sejas assim tão má comigo, amor. - sussurra. - Por acaso queres me matar?

- Ambos sabemos que se eu te matar, tu arrastas-me contigo para a morte. - a minha voz é calma.

- É isso que queres, morena? - pergunta. - Eu cumpriria todas as penitências que me fossem impostas, aceitaria cada castigo e pagaria por todos os meus pecados, caso isso fosse fruto de uma experiência tão tentadora. Tens a certeza que queres juntar os sete pecados capitais dentro destas quatro paredes?

- Os sete pecados capitais passaram a estar juntos assim que os nossos olhares se cruzaram. - declaro. - Resta-nos lidar com as consequências.

Ian volta a beijar-me e arfo contra os seus lábios ao sentir o seu volume roçar na minha intimidade ainda coberta pelo fino tecido da lingerie. Ele não tem pressa e eu relaxo perante a sua tranquilidade. Esqueço-me até de que nunca passei de preliminares e, sem saber exatamente o motivo, sinto-me pronta para ir até ao fim.

A atenção que ele deposita nos meus seios faz-me perder completamente a postura, incapacitando-me de reprimir os gemidos. Eram baixos, quase inaudíveis, mas tenho a certeza que o moreno saboreou cada um.

Ele recua, ficando ajoelhado no meio das minhas pernas, e eu não consigo evitar olhar para a sua ereção tão evidente. O sorriso malicioso que se forma nos seus lábios é a minha perdição.

- Tira a roupa. - subo o meu olhar até encontrar as suas íris escuras.

A firmeza nas minhas palavras foi um choque para ambos, mas ele limitou-se a obedecer. Expôs o seu membro ereto e eu controlei-me ao máximo para não exibir nenhuma expressão facial. Ian não ficou nem um pouco incomodado, apenas se manteve imóvel e calado.

Sem me dar hipótese de reagir, aperta firmemente as minhas coxas com ambas as mãos e puxa-me bruscamente para si. Então, a minha tortura começa.

Os seus dedos passeavam habilidosamente pelas minhas pernas, que ele fez questão de afastar. Senti um arrepio percorrer a minha espinha, o pouco tecido que me cobria a ficar encharcado, e captei o sorriso provocativo que se apoderou do seu rosto.

Não duvido, nem por segundo, da sua capacidade de me fazer atingir múltiplos orgasmos. A sua língua quente a rastejar pelo interior das minhas coxas, enquanto ele insistia em acariciar a parte lateral do meu quadril.

O contacto tão íntimo entre nós aproximava-se cada vez mais do abismo. Queria atirar-me, sem me preocupar com a queda. Ian estava de braços abertos para me amparar.

O seu olhar encontra o meu. Ele avalia a minha expressão, tentando perceber se pode avançar. Assinto ligeiramente com a cabeça e ele desliza o tecido pelo meu corpo, olhando no fundo dos meus olhos. Esse pequeno gesto transmitiu-me uma segurança enorme e, de certa forma, foi uma demonstração do respeito que ele tem por mim. Fechei os olhos e esperei que o seu olhar percorresse a minha nudez.

- Perante tamanha perfeição, sou obrigado a ajoelhar-me e venerar-te. Talvez de uma forma diferente. - sussurra.

- A língua é suficiente se a souberes usar. - digo, apoiando as minhas pernas nos seus ombros.

- Nunca reclamaram. - ele afirma, perigosamente próximo da minha intimidade.

Ele tinha a necessidade de me relembrar que outras mulheres tiveram acesso ao seu corpo antes de mim.

- Isso não significa nada. - indago. - No final eu digo-te se passaste ou não no teste.

Ele sorri maliciosamente e, sem hesitar, inicia uma longa carícia com a língua na minha intimidade. Ele pressiona o meu clitóris com os lábios e percorre toda a minha entrada. Arqueio as costas, sem conseguir lidar com o prazer. Os meus gemidos tornam-se demasiado altos, tendo em conta que não estamos sozinhos. Ele penetrava a ponta da língua, enquanto apertava firmemente a minha cintura, mantendo-me imóvel.

Sinto um orgasmo arrebatador a aproximar-se, libertando energia por todo o meu corpo, mas o moreno diminui o ritmo, até parar completamente, o que me frustrou imenso.

Não me deixesOnde histórias criam vida. Descubra agora