'At first sight I felt the energy of sun rays
I saw the life inside your eyes
So shine bright, tonight, you and I
We're beautiful like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
We're beautiful like diamonds in the sky'- Diamonds, Rihanna
Sexta-feira, 19 de janeiro
Há poucas situações previsíveis na vida e o seu fim é uma delas. A outra, que tomei conhecimento há relativamente pouco tempo, é que todo o meu ser está me sintonia com o moreno. Vivemos um para o outro, tentando arranjar equilíbrio entre as nossas rotinas.
Ian fez tudo o que estava ao seu alcance para a minha recuperação ser perfeita, desde refeições na cama até transportar-me ao colo pela casa. Não me deixou ajudar na mudança e garantiu que tudo ficaria impecável. De facto, não precisei de mexer um único dedo para a mansão tornar-se um verdadeiro lar, com a decoração neutra e elegante a dar vida aos cómodos e os nossos pertences a evidenciar a sua habitabilidade.
Por outro lado, o moreno recusou insistentemente as minhas tentativas de aproximação, o que me deixou frustrada. Sempre que despertava um clima de tensão sexual entre nós, ele parecia um fugitivo. Não me ignorava e o seu corpo reagia, mas Ian negava.
A Dra. Mónica não mencionou absolutamente nada em relação a evitar momentos íntimos e era no mínimo estranho ele recusar dar-me esse tipo de atenção, quando era tão amoroso comigo nos outros aspetos. O moreno evitou-me dez vezes consecutivas e, embora não me tivesse conformado, desisti de abordar esse assunto com ele.
Decidi-me a não depender emocionalmente dele, o que incluía não ter de esperar pela sua boa vontade para saciar as minhas necessidades. Porém, nada era melhor do que sentir o moreno.
- Em que estás a pensar, amor? - interrompo os seus devaneios.
Também me perdi nos meus, mas reparei que Ian ficou durante meia hora sentado na cama, imóvel.
- Nada! - responde prontamente.
Reviro os olhos e fito-o com desconfiança. Capto o seu olhar vazio e distante, os seus pensamentos a atravessar as íris escuras à velocidade da luz, como se estivesse alerta.
- Estás outra vez a pensar em algo. - suspiro. - Parece incomodar-te.
- É irrelevante. - reforça. - O que importa é que finalmente estamos todos juntos.
Inevitavelmente, remexo-me na cama para me aproximar dele, mas o moreno levanta-se rapidamente e pede para que me deite novamente.
- Não faças esforços. - repreende. - A indicação da médica foi repouso absoluto.
- Vem cá. - peço, a minha voz um mero sussurro. - Por favor.
Ian fica estático durante alguns segundos, antes de dar dois passos em minha direção, com cautela. Sinceramente, não o reconheço e não consigo disfarçar o meu incómodo.
O que se está a passar connosco?
- Não me faças implorar por contacto físico. - fecho os olhos e o meu corpo estremece com um arrepio desagradável.
Sinto a sua mão tocar o meu rosto, afastando uma mecha do meu cabelo. Ian abraça-me carinhosamente e sinto-me péssima por não conter as lágrimas. Assim que ele percebe, aperta-me com força contra o seu peito, sem dizer uma única palavra. A sua respiração é serena, mas o seu foco está em mim, não nos pensamentos que o atormentam.
- Eu não sei o que se passa, nem quero forçar-te a contar-me. - tento soar calma e convincente. - Só quero que saibas que estou aqui e que te amo.
- Eu não te mereço. - diz assustadoramente sóbrio. - Sou um monstro.
A culpa na sua voz é perturbadora. Viro-me rapidamente para o encarar.
- Porque dizes isso? - a minha pergunta soa mais ansiosa do que eu pretendia.
- Eu não deveria ser responsabilizado pelo que aconteceu na noite em que fui concebido, afinal, eu não pedi para vir ao mundo. Mesmo assim, não consigo deixar de pensar que, se não tivesse nascido, a minha mãe teria uma vida muito melhor. Pelo menos, não seria obrigada a casar com o meu pai. - revela.
Demoro algum tempo para absorver as suas palavras. Ian está mais afetado mentalmente do que eu imaginava, o que me apavora. Ele recusou-se a falar sobre esse assunto comigo durante imenso tempo. Só o desespero o levaria a verbalizar tal pensamento.
- Tu não tens culpa absolutamente nenhuma do que aconteceu. - digo com firmeza. - És um bom homem, independentemente de tudo. Não estás a falhar com ninguém. As pessoas, por outro lado, falharam imensas vezes contigo. - suspiro, acariciando o seu rosto com ternura. - Por favor, não deixes que isso te consuma. Não te deixes ir abaixo por causa disso. Tu és forte, amor. Vais conseguir superar esta situação péssima.
- Eu não posso fazer isto contigo, linda. - ele continua apático. - Não posso deixar que sejas arrastada para este buraco negro. O teu currículo ficará manchado, a tua carreira será posta em causa, vais perder a tua paz. Não posso.
Contrariando as suas próprias palavras, Ian prende-me entre a cama e o seu corpo. A sua respiração quente diretamente no meu rosto e o bonito colar prateado a bater no meu queixo. O meu olhar desce até a sua boca, entreaberta.
- Ao mesmo tempo, jamais deixarei que outro homem te toque, ou que pense em tocar-te. - o tom grave faz a minha intimidade vibrar. - Recuso-me a deixar o caminho livre para que qualquer um se aproxime. Eu sou egoísta, estou ciente disso. Cabe-te a ti ficar ou fugir.
- Fugir parece excitante. - afirmo confiante. - Todavia, é cansativo. Não pretendo escolher essa opção.
- Vais me obrigar a ir embora, morena. - o tom sombrio não me faz recuar.
- Atreve-te a magoar-nos desnecessariamente e eu prometo que vou perseguir-te até ao inferno. - ameaço. - Porque o dia em que fores embora, vais estar a contrariar o teu coração, e isso é um processo doloroso.
- Tens razão. - concorda. - Infelizmente, a dor não me faz parar. Perdoa-me, Mathilde, por te arruinar.
- Já percebi. - declaro. - Quando vais?
- Não quero ir. - reforça. - Contudo, pode acontecer algo que me obrigue a fazê-lo. Eventualmente.
- Podes percorrer o mundo, moreno, mas jamais me esquecerás. - declaro e Ian murmura uma imprecação. - Tens noção disso. Vais voltar, mais cedo ou mais tarde.
- Conheces-me como a palma da tua mão. - ele sorri amorosamente.
Permito-me demonstrar o quanto sinto a sua falta, mesmo que ele ainda esteja aqui, comigo. Não sei por quanto tempo suportará os seus tormentos e tenho medo das consequências.
No entanto, estou disposta a permanecer ao seu lado e a lutar por nós, independentemente do obstáculo que nos surja no caminho. Não vou permitir que Ian aja irracionalmente e destrua o seu único pilar, por medo de errar.
Ele merece uma segunda oportunidade para viver longe de traumas do passado. Espero que não seja tarde demais para apagar as memórias horríveis da sua mente.
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Não me deixes
عاطفيةEm diversas situações, a emoção sobrepõe-se à razão. O amor e o ódio estão separados por uma linha ténue. Inseguranças e dúvidas fazem parte da vida dos jovens adultos que se preparam para enfrentar os desafios do futuro. Haverá espaço para um roma...