Capítulo 12| Mathilde

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'It's not good enough for me, since I been with you, ooh
It's not gonna work for you, nobody can equal me, I know'

- Unforgettable, French Montana

Sábado, 07 de outubro

Acordo com uma dor de cabeça insistente. Talvez seja pela quantidade de álcool que ingeri ontem, ou então pela minha dificuldade em não pensar no que aconteceu entre mim e ele.

Duvido que tomasse alguma atitude se não estivesse levemente alterada, porém, recordo-me perfeitamente de tudo. Lembro-me das suas tentativas falhas de esconder o desejo que sente e, depois, das suas palavras sujas que fizeram todas as células do meu corpo estremecer.

Levanto-me com dificuldade e procuro pela minha prima, mas vejo a sua cama intacta, e logo consigo adivinhar onde ela passou a noite. Alcanço o meu telemóvel e digito uma breve mensagem de bom dia, antes de ler as inúmeras mensagens que a Tina me deixou. Ela convidou-nos para a festa de hoje à noite e eu decidi dar uma oportunidade aos convívios dos universitários.

Não era propriamente cedo, então decidi apenas tomar um banho antes de cozinhar o almoço. Optei por fazer risotto de camarão, um dos pratos preferidos dos Cuñha. Francesca com certeza aprovará.

Vesti um vestido simples e fui até ao dormitório dos rapazes para convida-los a se juntar a nós no almoço. Ian abriu-me a porta.

- Mathilde! - exclama, demasiado surpreendido.

- Bom dia. - abro um sorriso simpático.

- Que fazes aqui? - pergunta e fita o corredor da casa.

Estranho o seu comportamento, mas decido ignorar.

- O almoço está pronto. - digo convidativa.

- Nós não demoramos. - indaga e fecha a porta.

- É ela! - ouço uma voz feminina gritar.

Ian responde, mas a voz moderada não me permite perceber o que ele diz. Não vou embora, permaneço em frente à porta, na tentativa de perceber o que há de errado, pois a atitude de Ian não foi nem um pouco comum.

- Como é que foste capaz de estar comigo a pensar nela? - a mulher vocifera. - Como é que consegues sentir o meu corpo e mesmo assim gemer o nome dela?

- Vai embora. - ele responde firmemente, o seu tom de voz já mais alterado.

Eu apresso-me a entrar no meu dormitório e, segundos depois, vejo-a correr pelas escadas abaixo. Tenho um vislumbre do seu cabelo loiro, mas não consigo identificar mais nada.

- Quem era? - ouço a voz da minha prima nitidamente, o que indica que eles estão na entrada.

- Ninguém de especial. - Ian diz aborrecido.

Seguem-se batidas na porta e sorrisos falsos quando eu a abro. Talvez eles tenham a esperança de que eu não tenha presenciado o ocorrido. Ian desapareceu sem dizer absolutamente nada, deixando-nos ao mesmo tempo confusos e preocupados. Ricciardo também ficou bastante calado, o que significa que ele sabe mais do que nós em relação ao que aconteceu.

Não me deixesOnde histórias criam vida. Descubra agora