Quando a renomada empresária Arizona Robbins recebeu uma ligação de sua mãe no meio da manhã, não poderia ter notícia pior:
Festa em família.
Que contaria com a presença de sua ex que nunca superou com o seu irmão trairá que roubou o amor...
Callie estava arrasada. Tinha pedido milhares de desculpas para o Daniel que mesmo a desculpando, poderia ver a chateação nos olhos do mais velho. O dia tinha começado tão bem... inicialmente, tinha se casado, estava felicíssima... E a noite, acontecia uma tragédia destas, fora as vergonhas que passou. Não sabia se comportar perante á sociedade. Como esperava que Arizona fosse a levar num evento chique se a mesma só dava vexames?
Queria que a sua esposa se orgulhasse dela. Que fosse o motivo para ter prazer de apresenta-la ás outras pessoas. Não essa pessoa patética que tinha sido hoje á noite. Estava na beira da praia, sozinha e chorando. Tinha escapado do jantar depois do acontecimento. Não tinha mais clima para nada.
Estava decepcionada consigo mesma.
— O que está fazendo aqui, sozinha? — A voz chamou lhe atenção.
Callie limpou as lágrimas. Só queria ficar sozinha!
— Pensando um pouco na minha vida.
Koracick ficou ao lado dela. Olhando para o nada.
— Deveria voltar para a casa. As pessoas estão perguntando por você.
— Mesmo? Ou estão apenas esperando para me ver fazer a próxima palhaçada? — Callie retrucou magoada. — Eu não quebrei aquela xícara por querer, achei que tinha alguma coisa no meu pé. Grande e nojento.
— Infelizmente, te avisei que isso iria acontecer. — Koracick soltou.
— Você apenas encheu a minha cabeça de dúvida. Disse que provavelmente a Arizona sentia vergonha de mim, e confirmei que não!
— Pode ser que não. Mas depois de hoje? — Koracick balançou a cabeça em negativa. — É meio difícil. Até eu mesmo que não sou nada teu, me sinto muito envergonhado. Mas... Eu não estava falando sobre isso. Estava falando sobre você não saber se portar no evento social.
— É falta de prática.
— Ah. É mesmo? — Koracick a olhou. — Quando não pensamos direito e deixamos nos levar pelo ânimo do momento, esquecemos das questões que nos cercam e por um breve momento, tudo some, desaparece. Só que voltam com mais força.
— Aonde quer chegar?
— A decisão do casamento.... Fiquei muito feliz por vocês. — Koracick mentiu. — Mas acho difícil a Arizona não deitar na cama essa noite e pensar no travesseiro que burrada que fez na sua vida. Mesmo ela dizendo que não, mas acredite... Ela vai pensar sim, porque essa noite vai passar na mente dela como um filme, e ela vai reviver a vergonha e se dá conta que foi um grande erro que cometeu.
O coração de Callie se apertou muito ao escutar isso. Estava frágil, sentindo-se uma droga. Não queria escutar isso!
— Ela devia ter lhe domesticado antes de se casar, ao menos. — Koracick disse friamente e voltou para casa.
Callie voltou a chorar. Onde estava escrito em que ela poderia ser feliz? Demorou á voltar. Quando voltou, não tinha mais ninguém. A sala estava silenciosa. Subiu para o quarto, arrastando-se. O peso enorme dentro de si. Entrou em seu quarto...
— Oi. — Arizona levantou a cabeça. — Estava preocupada. Iria procura-la, mas a Sofia começou a chorar e não queria mais o braço de ninguém ao não ser o meu. Iria coloca-la no berço para ir atrás de você. — Ela ninava Sofia que estava quase dormindo em seus braços.
Callie sentou-se na cama.
— Eu envergonhei você. Não apenas você, mas toda a sua família. Foi um fiasco, era pra ser a comemoração do nosso casamento. — Callie disse tristemente.
— Ei meu amor... — Arizona segurou a mão dela e apertou, o seu tom era carinhoso. — Está tudo bem. Soube que o jantar iria ser um fiasco quando vi a Lauren e Sadie aqui... Elas são horríveis e ficaram se aproveitando de você. Queria muito expulsá-las, mas... Os meus pais ficariam chateados. Ninguém está com vergonha de você. Nem eu, e nem a minha família.
Callie se virou para Arizona.
— Você se arrepende de ter casado comigo?
Arizona abriu a boca pra responder, mas balançou a cabeça em negativo.
— Claro que não. Essa foi a melhor coisa que fiz na vida.
Callie deu um sorriso amarelo. A hesitação de Arizona em responder a levava se lembrar das palavras do Koracick. Levantou-se da cama e foi se trocar. Sofia dormiu. Arizona a colocou no berço, dando um beijo carinhoso e também se trocou. Não estavam com ânimos para fazer amor. Então, deitaram-se. Arizona abraçou a Callie carinhosamente, ficando em conchinha.
— Eu te amo. Sei que está chateada por hoje, eu também, mas vamos superar isso. Isso é nada comparado ao nosso amor. — Arizona murmurou antes de adormecer.
Porém, Callie não dormiu. A sua cabeça estava cheia de dúvidas novamente. Não conseguia parar de pensar sobre a noite desastrosa. Da expressão de Arizona, dos risos das convidadas, dos vexames, da louça quebrada, da chateação do Daniel. Questionou-se.... Era a mulher certa para Arizona?
Não. Não era. Nunca seria, porque não tinha nascido no berço do ouro. Não sabia se comportar. Como a Sadie disse.... Era uma medíocre. O peito doeu, muito. Sim, era uma medíocre. A família Robbins não merecia uma mulher como ela na família.
Chorou em silêncio. Quanto mais chorava, mais o seu coração ficava pesado. Como uma enorme pedra dentro do seu peito. Doía demais, tinha a Arizona tão perto de si.... Sentia o seu calor, o seu perfume, a sua respiração, porém, eram tão distintas. A primeira diferença surgiu... E quando as outras surgissem?
Não podia esperar. Estava com muito medo. Estava em pânico.
Arizona não merecia uma mulher como ela. Ela iria se acordar e perceber que o casamento foi um erro, e iria querer anular o casamento. No lugar de Arizona, também faria isso.
O dia mal amanheceu, e Callie desvencilhou-se dos braços de Arizona. Trocou de roupa, e arrumou a sua bolsa. Pegou os casacos. E também a sua filha. Por sorte, Sofia estava dormindo pesadamente e não iria acordar. Colocou o casaquinho em sua filha, e depois vestiu o seu.
Deu uma última olhada em sua esposa, e o seu coração apertou mais. O coração gritando contra a razão. Colocou um bilhete ao lado do travesseiro, e com lágrimas nos olhos saiu do quarto com a certeza que não iria mais voltar...
Aliás, conto de fadas e de princesas, não existiam...
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