Capítulo 8

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        Os olhos acinzentados de Lincoln percorreram meu rosto. Sua expressão era de incredulidade, como se não acreditasse ao apelo que eu estava fazendo, me diminuindo para conseguir mais um tempo.
       — Acha que eu sou burro? Depois que terminar de usar o livro, ele não terá utilidade para você — contestou ele.
       — Tenho apenas uma semana para treinar, e depois do duelo de qualquer forma não me terá utilidade, então para que eu iria até Rubria sem um motivo?
       — Pode esquecer, eu não darei o livro, há menos que tenha algo para substituí-lo até trazer meu tecido.
       — Não tenho nada que possa substituir o livro.
       — Algo que você goste muito?
       — Não.
       — Arranje algo para substituir o livro e eu o entrego. E se você não cumprir com sua palavra, pode ter certeza que o diretor vai ter o maior prazer em expulsar você — um sorriso se repuxou dos seus lábios e contive a vontade de socar seu rosto.

No intervalo, Marcus observava minha expressão exausta e conteve um grunhido de tristeza por mim. Eu estava atolada de problemas até o pescoço.
       Pensei, e pensei. O que eu tinha planejado havia caído quando Lincoln negou o trato.
       — O que ele pediu? — Perguntou Marcus.
       — Algo para substituir o livro... não tenho nada.
       — Bom... então teremos que partir para Rubria antes do duelo.
       — Como faremos isso? O rei notará minha ausência.
       — Tenho um plano — Marcus lançou uma piscadela de olho para mim e mudou de assunto imediatamente quando Edward se aproximou com duas maçãs.
       — Quero uma — estendi a mão.
       Edward jogou a maçã para mim e mordeu a dele. Sua expressão era curiosa.
       — Sobre o que estavam conversando? — Perguntou ele mordendo sua maçã novamente.
       — Treinamento dela — Marcus interrompeu antes que eu pudesse dizer alguma coisa.
       — Quando é o duelo? — Edward estava muito curioso, algo que começou a me incomodar.
       — Quem é você? — Perguntei sacando minha adaga.
       — Rose! Sou eu, Edward.
       — Seu sobrenome — avancei dois passos.
       — Rosário — respondeu ele, pálido como a neve.
       — O que seus pais fazem.
       Edward sorriu, ou quem quer que fosse aquela pessoa.
       — Você é mais inteligente do que pensei, assim como meu mestre havia dito.
       Em um minuto, ele Edward à minha frente, mas em um piscar de olhos, a aparência jovem e inteligente de Edward deu lugar a de um homem.
       Eu reconheci as roupas pretas, Pesadelos.
        — Mantenha-se afastado — falei segurando forte minha adaga. Marcus já assumia meu flanco direito.
        — Ora, ora, para quê tanta violência.
        O pátio imediatamente fora evacuado, restando apenas eu, Marcus, o inimigo e alguns guardas.
        — O que quer? — Passei uma adaga para as mãos de Marcus em um único movimento.
       Meu coração batia forte.
       Embora o homem não fosse grande como que me atacara meses antes, ainda sentia medo, pois não sabia a obsessão que estes rebeldes têm comigo.
        — Meu líder quer você, afinal, não conseguiu anos antes.
        Não era um homem qualquer, percebi. Ele sabia do ataque à minha família quando eu era mais nova. Apertei o cabo da adaga.
       — O que vocês querem comigo?
       — Seu dom, você sabe coisas importantes, Rosemary Rigdor.
       Contive o vômito ao ouvir ele falar meu nome. Não estavam me confundindo com ninguém, queriam algo que eu supostamente tenho.
        — Seja lá o que seu líder quer, eu não tenho.
        O homem sorriu.
       — Tem certeza? E naquele dia? Vai me dizer que não usou seu dom para matar três homens adultos?
        Vi Marcus olhar para mim com o canto dos olhos, como se não acreditasse no que estava ouvindo.
       — Não senti nada, apenas lutei com garra para minha própria proteção — soldados entraram, assumindo uma posição em círculo ao nosso redor.
        — No momento certo, Rosemary. Você vai descobrir, e quando isso acontecer, meu mestre estará alegremente esperando.
        Sombras saíram dele, derrubando todos os soldados ao redor, mas assim que se dissiparam, ele havia desaparecido.
    

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