Millandus havia se recuperado bem do ataque. Em dois meses boa parte das casas e construções destruídas haviam sido completamente restauradas. Porém, ainda tinha partes destoantes do reino que ainda estavam sendo refeitas.
Desde o ataque Marcus vem agindo diferente, como se um trauma tivesse sido marcado em sua mente. Eu não o julgo. Lembrar das vibrações no chão, a fumaça e todas as catapultas disparando pedras enormes acima do reino também me deixava mal.
Não recebi cartas de Rubria desde que voltei. Millandus e Rubria ainda estavam conversando sobre uma possível aliança. Voltei para lá apenas duas vezes para compor o conselho em nome da casa Rigdor, meu sobrenome.
A lenda por lá em meu nome ainda não tinha cessado, e assim que cheguei na cidade o povo me saudou como Kristallrosa. Tradução de Rosa de Cristal em um idioma antigo, me dissera Silrur.
Da última vez que falei com ele, Silrur me dissera que em alguns livros tinha uma lenda de um dragão albino, conhecido como Snömakare. Criador da Neve no idioma antigo.
O único dragão capaz de descer até o Templo Subterrâneo de Rilvera. Mas havia setecentos anos que ele não era visto.
Amanda e eu conseguimos prestar a prova final. Edward e Marcus realizaram fora do tempo por estarem cumprindo ordens direta dos seus pais.
O resultado sairia apenas no fim do ano, então tínhamos tempo o suficiente para descansar e planejar a vida. Amanda ainda não sabia que eu iria me alistar para a guarda real, não tive coragem de dizer a ela.
A festa de aniversário do rei havia sido cancelada, e a comemoração seria conjunta com o Amanhecer D'Ann.
O que eu mais queria naquele momento era que demorasse bastante para o tempo passar. Meu medo da reação de Amanda assolava meus sonhos toda noite.
Ela continuava morando comigo, pois o CDGM "Conselho de Decisões Gerais de Millandus" carinhosamente chamado apenas de conselho. Havia determinado que a antiga casa de Amanda fosse demolida e outra construída no lugar.
Enquanto isso não acontecia, Amanda continuaria morando comigo, e sua mãe na única estalagem de pé no reino. Não era ruim morar com ela de qualquer modo, meu sentimento de solidão desaparecera por completo.
Nós nos tratávamos como um casal, infelizmente apenas em casa. Amanda tinha medo do que poderiam fazer caso soubessem que duas mulheres estavam apaixonadas uma pela outra.
O rei não semeava a violência contra pessoas diferentes como nós, mas não tínhamos como prever se haveria alguém contra nossa decisão. No fundo eu não me importava nem um pouco.
Depois do ataque, o reino sofreu uma mudança em como se referir aos nobres. O nome "família" passara a ser chamado de "casa". E agora devíamos dizer: Duque ou Duquesa, Lorde ou Lady, nome da pessoa e por fim o sobrenome.
Eu odiei essa mudança, mas o rei dissera que era importante, afinal, metade do reino fora reconstruído, e sem a ajuda dos nobres seria impossível.
De apenas Rose, passei a ser chamada de Duquesa Rosemary Rigdor. Marcus de Lorde Marcus Infeor, semelhante a Edward, mudando apenas o sobrenome.
Um dos fatores que contaram na mudança, foi que Zufreid havia pela primeira vez, convocado os nobres de Millandus para uma comemoração devido a diminuição de mortes pela praga.
De acordo com o Duque Farwell de Zufreid, a praga havia sido enfraquecida, ele afirmou que seus corpos tinham se acostumado com ela.
Para mim, o duque estava mais para rei, pois sua família havia conquistado o trono depois do tempo de governo da casa Ruzi.
O reinado do lado Norte funcionava diferente do lado Sul. Cada família tinha direito ao trono por um período de quatro anos. Depois a mais rica assumia e assim sucessivamente.
Liceo também funcionava da mesma maneira. Já Millandus, Rubria, Kyvar e Vurian tinha o governo privado apenas para a família que os fundou.
Fui obrigada a estudar isso durante dois anos seguidos na escola. Odiava essa matéria com todas as minhas forças, e quando fiz as provas finais, dei graças aos céus por não precisar entrar naquela construção nunca mais.
Amanda vivia dizendo que sentia falta, e eu sempre zombava dela, falando para ela agradecer por não precisar olhar para o Samuel todos os dias.
Lincoln Bellarim cumpriu com sua palavra, não causou minha expulsão e me entregou o livro de volta.
A caída dos cristais se transformou no nosso lugar de descanso, onde jogávamos Canto da Sereia e gostávamos de olhar para a estrela.
Embora Marcus toda vez evite brincar, acabava se rendendo as nossas súplicas. Até Edward que costumava estar mais interessado em estudar, implorava para nosso amigo brincar.
As pessoas começavam aos poucos visitar o lugar, afinal, estava chegando as festividades de fim de ano, o que logo nos permitiria deslumbrar a caída dos cristais lotada de pessoas.
Joel voltava para a muralha a cada duas semanas, apenas para checar se tudo estava bem. Conversávamos pouco quando chegava, pois, tinha muitas coisas para resolver.
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Os Ventos do Norte
FantasiEm um mundo assolado por uma praga, Rosemary cresceu sozinha, dentro de um reino selado pelo medo de serem contaminados. Decidida a ajudar o exército real na luta contra os rebeldes conhecidos por Pesadelos, Rose descobre que há uma maneira de acaba...