parte 2.

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Enfim domingo, onde não tem aula, nem reunião da escola. É somente um dia pra descansar e assistir porcarias na televisão.

— Maria, quantas vezes eu já te disse pra não lavar as panelas com a parte verde da esponja? Você não aprende nunca! Pirralha estúpida... — minha mãe aparece na sala com a esponja e a frigideira em mãos.

Ao terminar de falar, ela joga os dois objetos no chão, o que faz um som terrível, me deixando bem assustada.

— Mãe, a sujeira não sai sem ser assim-

— Não quero saber! Inferno! — ela nem me deixa argumentar direito, sai em direção do banheiro. — Apanhe essas coisas, já. — é a última coisa que mamãe diz antes de sumir da minha vista.

— Desculpa. — reviro os olhos ao levantar do sofá e ir apanhar a esponja e a maldita frigideira.

Depois dessa, perco totalmente minha vontade de assistir televisão. Vou até meu quarto e passo uma hora e meia ouvindo música no celular. Lembro de Rafael e sua rispidez, começo a sentir um pouco de excitação. Entro no grupo da sala e procuro pelo seu número.

Sem foto. Mas é claro, ele não vai salvar meu contato se me odeia. Sua descrição está toda em outra língua. Copio e jogo no Google tradutor. É francês.

"Vous mettez vraiment le plaisir dans les funérailles". Traduzido fica: "Você realmente colocou a diversão no funeral".

O que se passa pela mente dele pra escolher uma frase como essa? Isso não foi uma ofensa.

Longos minutos olhando nosso chat. Completamente vazio. De repente o nome de Camila aparece na tela, me deixando um pouco desnorteada. Espero que ela me tire daqui o mais rápido possível.

— Oi, Camila. — atendo.

— Você não viu as mensagens do grupo? — ela pergunta rapidamente.

— Não? — pergunto com uma interrogação na cabeça.

Silenciei as notificações do grupo quando minha mãe fez um escândalo semanas atrás. Estávamos jantando e meu celular não parava de vibrar.

— Vamo dar um rolê daqui a pouco no shopping. Você precisa vir. — ela dá ênfase na última parte.

— Tudo bem. A gente se encontra lá? — aceito de primeira.

— Podemos te buscar na sua casa.

— Melhor não. Eu pego um ônibus e vejo vocês lá mesmo.

Tudo menos ouvir outro sermão hoje.

— Quando chegar me dá um toque, então.

— Ok. — desligamos e eu corro em pulinhos até meu guarda-roupa.

egoísta [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora