parte 40.

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Ponto de vista: Rafael

Clarissa me faz genuinamente feliz. Nossa relação é divertida, saudável e cheia de surpresas. Eu nunca sei o que ela planeja pro dia de amanhã. Mas quando vi Maria sair da minha casa aquela noite, me questionei se fiz a escolha certa.

Porém agora, uma semana depois, eu já sei que fiz.

— Eu tô entediada. — ela choraminga se espreguiçando na minha cama. — E se a gente for tomar um sorvete?

— Tudo bem. — aceito e ela corre pro guarda-roupa.

Depois de escolher uma roupa pra sairmos, Clarissa se troca na minha frente, o que me faz pensar: nunca transamos e nem vamos, pois ela já deixou claro que não gosta. Isso não devia me incomodar desse jeito, porque ela é muito mais do que sexo pra mim.

Mas mesmo assim, eu gostaria que pudéssemos esquentar um pouco as coisas.

Chegamos na sorveteria e eu escolho uma mesa que fica do lado de fora. Em pouco tempo uma garçonete aparece e nos entrega o cardápio.

— Eu quero um picolé de chocolate e um cascão de flocos, com duas bolas. — Clarissa pede.

— Nossa... — dou risada.

— E você? — a garçonete me olha.

— É, eu quero... — olho pro menu lotado de opções. — Um milkshake de algodão doce.

— Certo. — a moça anota o pedido e sai em seguida.

— Eu não sabia que tinha de algodão doce. — Clarissa junta as sobrancelhas.

— Ninguém mandou escolher tão rápido. — provoco.

— Ridículo. — ela ri e me dá um tapa no ombro. — Você tá bem?

— Sim. — confirmo com a cabeça.

— Hm. — ela emite um som de desconfiança.

— O quê?

— Fala logo o que tá te incomodando.

— Não é nada. Só acho que o tempo tá passando muito rápido. — suspiro.

— Como assim?

— Falta pouco pra festa de natal da minha escola.

— Ah, sim. Você não tá animado?

— Não curto muito natal. Acho que nem vou. — dou de ombros.

— Vai sim. Podemos ir juntos, se você quiser. — ela toca no meu braço.

— Sério?

— Sim, ué. Lembra da regra número quatro? Dar à si mesmo oportunidades. — ela cita.

— Eu sei, eu sei. — reviro os olhos e me mexo pra me aproximar dela.

Puxo sua nuca com delicadeza e a beijo.

— Espera, eu tenho vergonha. — ela me empurra na mesma hora.

— Por que, doida? — sorrio.

— Não sei. Só tenho. — ela desvia o olhar.

— Tá mentindo, né? — franzo a testa. Ela se inclina impaciente e me beija.

— Pronto. — Clarissa diz ao separar nossos rostos.

— É por causa do seu pai? — pergunto.

— Não exatamente.

— Eu posso falar com ele. — passo minha mão pelo braço dela carinhosamente.

— Não, deixa quieto.

Os nossos sorvetes chegam e nós tomamos sem falar muito. Às vezes ela é bem estranha, mas isso me atrai de muitas formas. Ouso dizer que estou mais apaixonado à cada dia que passa. Talvez não tanto quanto...Mas creio que estou. Eu quero estar.

egoísta [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora