parte 28.

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Já na sala de estar, sentada no sofá, o espero me lembrando das provocações que ele me fez por mensagem mais cedo. Quando o garoto volta de seu quarto, traz uma pasta transparente.

— O que é? — pergunto, ficando curiosa. Rafael se senta ao meu lado e distribui os papéis pela mesinha do centro.

— Desenhos horríveis que eu fazia quando era criança. — ele ri e eu acompanho, vendo o tamanho da criatividade que está estampada nessas folhas brancas.

Em cada papel contém um desenho diferente. Super-heróis, animais, personagens de filmes, mas o que mais me impressionou foi o casal. Um homem e uma mulher. Em uma folha os dois separados, e na outra eles juntos, abraçados.

— São seus pais? — pergunto com o objeto em mãos, deduzindo.

— Olha esses aqui. — ele pega outro papel e me mostra, pondo na frente do que eu estou segurando. — Eu sempre quis ser um super-herói. Besteira de criança traumatizada...

— Rafael. — franzo a testa, chamando sua atenção.

— O quê? — ele engole seco e só me olha nos olhos quando eu seguro seu queixo e o puxo em minha direção.

Não sei o que dizer. Apesar de gostar da sua companhia, me sinto uma idiota incapaz de dizer coisas coerentes perto dele.

— Podia ter tirado esses da pasta, já que não quer falar sobre.

— Tá, são meus pais. — ele resmunga. — Eu devia ter queimado isso quando pude. — o garoto tira o papel da minha mão com força.

— O que houve com eles? — essa pergunta escapa da minha boca, e quando eu vi não podia voltar atrás. Ele me olha claramente querendo me mandar embora. — Desculpa, não quero me meter.

— Não é óbvio? Eles me deixaram aqui e esqueceram que eu existo. — ele responde, ríspido. Um silêncio se instala depois disso. — Eu não devia ter te mostrado isso. — ele recolhe tudo e ao se levantar rapidamente, acaba derrubando a pasta no chão. — Merda!

— Rafael, calma. — toco delicadamente em seu braço. — Tá tudo bem. Sente-se.

— Foi um plano merda, eu sei. — ele volta à se sentar.

— Plano?

— Eu fiquei pensando em algo pra conversarmos. Já que nosso assuntos sempre se baseavam em "não quero sua ajuda" e "por que você me odeia?". — ele passa a mão pelo cabelo, inquieto.

Acabo rindo, achando legal da parte dele ao querer que tenhamos algo interessante pra passar o tempo.

— Seus desenhos são lindos. De verdade. Eu lembro que quando vim aqui uma vez, na porta do seu quarto tinha escrito "Super Rafael". Por acaso ainda tem?

— Tem. Eu era um idiota. Mas não tanto quanto hoje. — ele diz olhando pra sua perna, apoiando aos poucos seu braço atrás de mim.

— Você não é um idiota. — ele me olha duvidando. — Tá, só um pouco. Mas eu entendo porque você age do jeito que age.

— Entende, Maria? — ele se aproxima, ainda com seu ar duvidoso.

— Sim. — dou um meio sorriso, observando sua testa levemente suada. Ele balança a cabeça devagar.

Começamos à conversar sobre a escola e a tal festa de natal. Rafael não está nem um pouco animado pra isso, e pra falar a verdade eu também não. Demos algumas risadas bobas, até que ele apoiou sua mão na minha coxa.

— Posso te fazer uma pergunta? — ele tira a mão e desvia o olhar.

— Pode. — respondo, com certo medo mas torcendo pra que seja o que eu imagino.

— Você gosta de mim? — ele me encara de um jeito que nunca encarou antes. Fico sem saber o que fazer, e ele nota isso rápido demais. — Maria!

— Eu gosto. — digo com convicção e abaixo a cabeça em seguida. — ...Aliás, eu te amo. — não muito tempo depois de eu dizer isso, ele me beija. Retribuo na hora, me sentindo a pessoa mais sortuda do mundo. — Sonho com você quase todas as noites. Eu costumava achar que meu primeiro beijo seria com você, mas... — sussurro, com minha mão em sua nuca e a respiração ofegante.

— Não foi?

— Não.

— Foi com aquela menina da festa, então? — ele junta as sobrancelhas, se lembrando do ocorrido.

— É a Eduarda da nossa sala. Ela tava bem bêbada. Mas se te faz sentir melhor, eu pensei em você durante o beijo. — tento beija-lo de novo e ele se afasta. — O que foi?

— Você tem certeza que me ama? — ele pergunta olhando pro nada, num jeito esquisito.

— Tenho. — acaricio seu braço e ele não diz nada por um longo tempo. — Rafael, por favor...

— Maria...

— Oi. — o encaro com olhos pedintes.

— Eu quero você tem muito tempo. — ele diz num tom diferente, o que me faz quase surtar na mesma hora. Isso até eu voltar pra realidade. — Você me ouviu?

— Não. O que você disse? — quase gaguejo.

— ...Nada. — ele me beija de novo, dessa vez com mais intensidade.

Começamos a nos agarrar e ele me deita no sofá. Suas mãos descem até minhas coxas, o que me faz dar conta que meu desejo de meses está prestes à se realizar. E a melhor parte é que não é um desejo apenas carnal. É algo do fundo da minha alma. Puro amor e adoração. Carinho eterno e vigoroso.

Ele retira minha blusa e distribui beijos pelo meu corpo. É a primeira vez que sinto o gosto de sua boca e já se tornou viciante. Eu preciso dela.

Trocamos de posição rapidamente, comigo sentando sobre sua virilha enquanto nossas línguas se saboreiam. Já apenas de sutiã, puxo o tecido de sua camiseta até conseguir tirá-la. Rafael move seu braço até o meio das minhas pernas e começa a me dedilhar.

Me sinto arrepiada por inteira e solto gemidos suaves em seu ouvido, com minhas mãos apoiadas no sofá atrás dele. Após meu corpo avisa-lo do meu ápice, o loiro levanta seus dedos e os coloca na boca.

Ele me puxa pela nuca e nos beijamos de novo. Não importa quantas vezes façamos isso, sempre vai ficar cada vez melhor que a anterior. Levo minha mão até sua bermuda e a apalpo, sentindo sua ereção nítida.

— Vem. — ele sussurra pra mim, me colocando por baixo de seu corpo de novo. Ele tira sua bermuda e em seguida a cueca.

— Te amo, te amo, te amo. — digo repetidas vezes acariciando o redor de seus olhos azuis, enquanto ele estremece à cada vez que me estoca.

Acredito que mesmo com a camisinha ele esteja me sentindo molhada internamente. Nosso cheiro de excitação já tomou conta da sala inteira, e a cada movimento que se torna mais veloz e mais forte, sua mão direita desce lentamente até minha cintura e a aperta.

"Eu quero você tem muito tempo." Essas palavras ressoaram na minha mente como um poema depois do amor que fizemos aqui, por mais que possa ter sido apenas um delírio meu. Me sinto feliz e realizada depois da reciprocidade de Rafael.

Agora não nos separaremos mais.

egoísta [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora