— Você não falou nada o caminho todo. — digo quando paramos na frente da minha casa. Me pergunto se ele pensou nas coisas que eu disse mais cedo.
— O que quer que eu fale? — ele dá de ombros e seus olhos tremem de novo. — Que a sua casa é bonita?
— Não. Eu sei que não é. — digo entre risos baixos.
— Ah, por favor...Se liga nessa belíssima parede verde água descascada. — ele aponta pro muro de forma exagerada, imitando a voz de sei lá quem. Eu caio na risada. — E que tal esse moderno portão marrom com grades pontudas?
— Ok, é uma casa horrível, já entendi. — respondo deixando escapar um sorriso envergonhado. Lembro dos sonhos que tive com ele, onde conversávamos assim, fazendo piadas um com o outro.
Continuamos rindo por longos segundos, até que um silêncio se instala. Sua expressão se fecha e ele fica sério. Observo sua linguagem corporal e procuro algo certo pra dizer.
— Eu vou embora. — ele se vira e começa a andar.
— Espera! — sigo Rafael dando uns dois passos até que ele para e vira pra mim.
— Quê? — ele me olha de baixo à cima rapidamente.
— Posso te dar um abraço?
— Não! — ele se afasta de forma bruta. — Não. Vai pra sua casa, Maria. Vai. — o loiro conclui como se estivesse tentando "corrigir" o modo como disse anteriormente.
— Eu-
— Você fala demais. Esqueceu que eu tenho que voltar pra casa rápido? — ele levanta as sobrancelhas.
— Tudo bem. — respondo casualmente. — Tchau. — aceno e ele volta à andar. Esperei por um gesto de despedida, mas não aconteceu.
Entro batendo a porta forte, sem ligar caso minha mãe grite. Ele já foi embora mesmo, e ela sempre grita. Passo pelo seu quarto e vejo seus pés imóveis na cama. Presumo que ela já foi dormir.
Apago as luzes da varanda e tomo um banho quente. Ao lavar meu rosto, lembro das mãos de Rafael segurando-o e ele pronunciando meu nome. Mordo o lábio dando um sorriso de excitação.
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egoísta [r.l]
Fanfictionquando a atração pode ser dolorosa para ambos. AVISO DE GATILHO: alcoolismo, xingamentos/palavrões, masturbação, sexo e relacionamentos abusivos.