parte 8.

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Não consegui falar com ele na sala de aula, então esperei até o intervalo. Procurei Rafael por cada canto da escola, mas não o achei. Tive que aguardar a saída. Quero saber como ele passou a noite, se está melhor, já que ele faltou ontem. Estou parada na porta do colégio desde que o sinal tocou. Parece que todos passaram por mim, menos ele.

— Rafael! — seguro seu braço quando o vejo passar rápido como um furacão.

— O quê?! — ele resmunga alto, chamando à atenção de algumas pessoas.

Me preparo uns segundos pra perguntar o que pretendo. "Ele só está num dia ruim", arrumo essa desculpa pra mim mesma.

— Você tá bem? — finalmente pergunto, olhando ele como um cachorro sem dono.

— Tô. — ele enrola um pouco mas enfim responde. Parece tentar não ser grosseiro. — Satisfeita?

— A sua vó-

— Não...! — ele me interrompe, levantando uma mão. — Não fale dela aqui... — Rafael conclui sua frase num tom baixo.

— Podemos ir pra sua casa então?

— Pera, o quê? — ele faz uma careta. — Não acha que anteontem já foi o suficiente?

— Mas, por que?

— Você já se meteu demais na minha vida. Olha, Maria... — ele se aproxima, ficando à centímetros de distância. — Se você contar o que minha vó te disse, eu juro que-

— Eu não vou contar. Quem você pensa que eu sou?! — aumento o tom da voz sem querer.

Ele olha pros lados, surpreso.

— Ok. — ele respira fundo. — Obrigado. Por me ajudar. Você sabe.

— Isso não é o suficiente. — cruzo os braços, no fundo me sentindo entusiasmada por ele ter me dado uma migalha de empatia.

— O que mais quer de mim? — ele grunhe.

— Me deixe te ajudar. — seguro sua mão mas ele a solta imediatamente.

— Maria, não. Não se meta, ok? Não se meta. — ele dá as costas e sai.

egoísta [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora