parte 4.

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Não queria voltar de ônibus, então o pessoal se ofereceu pra me levar em casa. Com isso, tiveram a ideia de passarem na casa de cada um só pra deixar a pessoa. Já deixaram três, agora é minha vez. Não podia estar mais desesperada pra que eles sumam sem que a-

— Quem são esses, Maria?! — minha mãe foi mais rápida e acabou nos "flagrando".

— Meus colegas. Eles já vão. — murmuro o bastante pra ela ouvir.

— Que seja rápido, não quero essa gandaia na porta da minha casa. — ela resmunga, entrando.

Suspiro angustiada antes de olhar nos olhos dos meus amigos de novo. Não é toda vez que eu fico excluída. Hoje foi um dia específico demais pra mim.

— Bom, tchau amiga. — Joana beija minha bochecha e me abraça. Dou um sorriso sem graça, olhando pra baixo.

As outras meninas se despedem de maneira fofa e simpática. Isso me deixou um pouco melhor.

— Tchau, Maria. É nós. — os meninos acenam com gestos estranhos e se afastam.

O último à ficar é o Rafael. Ele passou os últimos minutos encostado no carro da minha mãe. Agora que o resto se foi, ele fez uma cara como se quisesse ter morrido agora mesmo. O loiro descruza os braços e dá dois passos pra longe.

— Espera. — dou um passo à frente, de ombros encolhidos.

— O quê? — ele vira e se mantém parado.

— Você não precisava ter dito aquilo. — falo de uma vez. Ele me olha como se não lembrasse. — Quando eu caí, você di-

— Tá bom, Maria. Tá bom. — ele me interrompe, e eu me sinto péssima, como se tivesse feito algo errado.

— O que eu te fiz? — pergunto sentindo meu estômago revirar.

— Além de me parar pra falar coisas nada a ver? — ele arregala os olhos, de forma óbvia.

— Eu não queria-

— Posso ir embora agora? — ele inclina seu corpo pra frente, me fuzilando com o olhar.

— Pode. — engulo seco, minha voz falhando.

Ele sai e eu demoro uns segundos pra me dar conta de que ele já se foi. Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e entro, quieta.

egoísta [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora