Ponto de vista: Rafael
— Rafael, podemos não falar disso? Mas que merda! — ela joga sua bolsa no sofá quando adentramos minha casa.
— Não, você vai me explicar exatamente o motivo daquilo. Por acaso você tem vergonha? — pergunto me sentindo um merda por ter aumentado o tom de voz.
— Vergonha de que?! — a garota franze a testa e fala com ironia.
— De namorar um alcoólatra, talvez?!
— O que tá acontecendo aqui? — minha tia aparece.
— Nada, tá tudo bem. — Clarissa diz.
— A gente foi na casa dela-
— Rafael. — ela me fuzila com o olhar, praticamente me alertando pra não continuar falando.
— ...Mas não sabíamos que o pai dela tava lá. Então ela do nada começou a me tratar diferente. — termino de explicar o que houve.
— É mentira, eu te tratei exatamente igual, Rafael. Não crie ilusões, por favor!
— Tá brincando? Você nem sequer segurou minha mão, se manteve mais de dois metros de distância e praticamente não falou comigo!
— Gente, calma! — minha tia grita, levantando as duas mãos. — Por que vocês não conversam e-
— É exatamente isso que eu quero fazer, tia. — eu me disponho.
Clarissa não é assim, ela tá bem diferente. Será que fiz algo errado? Isso não seria novidade.
— Mas eu não. Vou embora, dá licença. — ela pega sua bolsa e passa por mim, batendo nossos ombros.
Olho de relance pra minha tia e ela dá de ombros, fazendo uma cara que eu conheço bem. É aquela famosa expressão que quer dizer "eu tentei".
Sigo Clarissa mas ela não para pra me ouvir.
— Clarissa, ei. Espera. — tento puxar sua mão mas ela tá andando rápido demais.
— Me deixa! — ela se vira e eu vejo seu rosto molhado.
— Desculpa. — tento me aproximar, sentindo uma imensa culpa. Talvez eu tenha exagerado.
— Tchau. — ela dá as costas.
— Você não quer nem conversar sobre?! Eu já te pedi desculpa, o que mais quer? — insisto.
— Rafael, não quero falar com você agora, tá?! Eu também tenho meus problemas, mas parece que você esquece disso. Me deixa sozinha! — isso é a última coisa que ela diz antes de apressar o passo e sumir em questão de segundos.
Fico parado na rua com as mãos nos bolsos, procurando entender essa merda. É, agora fodeu de vez. Eu fodi tudo, como sempre.
Volto pra casa e minha tia já contou tudo pra minha vó. Elas ficaram me consolando no quarto, isso até eu surtar e expulsa-las. Não queria, mas parece que meu pior acabou de acordar de uma longa soneca.
Tô tão mal que preciso fazer algo pra me aliviar, e como a bebida tá fora da minha lista, vou pro último item dela.
"Não é legal se masturbar todo dia, você pode viciar. Eu recomendo fazer de semana em semana, ou quando você estiver muito estressado. Eu não entendo nada disso, mas já li bastante sobre." Ela disse isso semanas atrás.
Não acredito que vou seguir os mandamentos da Clarissa até mesmo quando estamos brigados. Tranco a porta e pego meu celular. Terceiro link do meu bloco de notas, provavelmente meu vídeo favorito. O corpo da atriz me lembra o da Maria, por isso favoritei.
Termino ofegante e um pouco aliviado também, mas não o suficiente. A angústia ainda tá aqui.
— Oi. — ela atende quando eu penso em desistir de ouvir o toque da chamada.
— Me sinto mal, Maria. Por favor, me ajuda.
— O que houve? — ela pergunta, preocupada.
— Se eu não fazer alguma coisa, acho que vou acabar bebendo. Eu não quero voltar à beber, Maria, não quero... — meu rosto dói por eu segurar o choro.
— E a sua avó? Sua tia? Ou a sua namorada...?
— Só você me entende, por favor.
— O que quer que eu faça? — dá pra sentir sua compaixão pelo meu estado.
Como eu amo ela.
— Me diz onde é a casa do seu tio. Eu vou aí.
— Tá bom. Vou mandar por mensagem pra você não esquecer, tá? — ela fala com pressa e em pouco tempo recebo a notificação.
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oi gente
gostei bastante desse capítulo
e ficaria feliz se vocês comentassem
nem que seja só pra dizer o que acham
beijo <3
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egoísta [r.l]
Fanfictionquando a atração pode ser dolorosa para ambos. AVISO DE GATILHO: alcoolismo, xingamentos/palavrões, masturbação, sexo e relacionamentos abusivos.