Ele me contou sobre os meses sóbrio, sobre como mudou sua perspectiva de vida. Me senti sua confidente. Alguém com quem ele se sente confortável pra compartilhar seus sentimentos.
Depois de um tempo eu acabei ficando pra comer alguma coisa com Rafael, sua vó e sua tia. Sentada à mesa, reflito sobre o que o loiro me disse. Quando as palavras "se cuide" saíram da boca dele, eu me senti na obrigação de melhorar.
Ele me ama. É recíproco e sempre foi. Todas aquelas vezes que sonhei com ele, ou pensei nele debaixo do chuveiro não foram atoa. Por meses me senti uma idiota por alimentar uma coisa que parecia não ser real, mas agora...
Agora tudo pode mudar.
— Eu atendo. — a tia diz quando ouvimos a campainha tocar.
Em pouco tempo ela volta acompanhada de uma garota.
— Oi, gente. — ela nos cumprimenta e me olha como se já me conhecesse.
— Oi, Clarissa. — a avó diz com um semblante alegre.
— Oi, Maria. — a tal Clarissa fala comigo.
— Oi. — digo de volta reparando que a mão dela e de Rafael estão entrelaçadas. Engulo seco e me afasto da mesa. — É melhor eu ir.
É, literalmente. Ele seguiu com a vida dele.
— Ei, relaxa, pode ficar. — Clarissa gesticula simpaticamente.
— Meu tio tá me esperando em casa. Eu moro com ele agora. — coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Tchau, prazer em te conhecer.
— Digo o mesmo. Fico feliz que você e o Rafael tenham se resolvido.
— É. Eu também. E vocês estão juntos, né? Parabéns.
Então ele contou tudo pra ela.
— Obrigada. — ela agradece, abraçando ele de lado. — Agradece, menino! — a garota o cutuca.
— Acho que ela já entendeu, Clarissa. — o loiro revira os olhos, rindo. — Eu te acompanho até a porta, Maria.
Ao chegarmos na saída, procuro algo pra dizer e assim ir embora. De novo. Até quando vai ser assim?
Ele se inclina pra me abraçar e assim faz. Aperto suas costas sentindo orgulho pelo que ele se tornou. Rafael enfim está virando alguém maduro, que vive a realidade e entende que as pessoas tem emoções. Fecho os olhos com força, aproveitando o momento.
Não sei quando — e se — faremos isso de novo.
— Até mais. — eu digo ao nos separarmos.
— Até. — ele responde e eu me viro, porém sinto sua mão tocar meu braço. — Ei. — ele me chama.
— Sim? — pergunto.
— Se cuida, tá? Por favor. — suas sobrancelhas se juntam e ele me olha como um cão perdido.
— Tá bom. — sorrio.
— Promete?
— Prometo. — confirmo e saio sem dizer mais nada.
Caminho até em casa com mil teorias e pensamentos conturbados na cabeça. Por mais confusa que eu esteja, de algo tenho certeza: eu definitivamente vou me cuidar.
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egoísta [r.l]
Fanfictionquando a atração pode ser dolorosa para ambos. AVISO DE GATILHO: alcoolismo, xingamentos/palavrões, masturbação, sexo e relacionamentos abusivos.