parte 52.

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Ponto de vista: Rafael

— Já chegou? — Clarissa pergunta eufórica na linha.

— Já. — respondo discretamente. Tem um monte de gente me olhando desde que pisei dentro do salão.

— Aê! — ela gargalha.

— Vem cá, você não combinou isso com a Eduarda só pra eu vir não, né?

— Claro que não. Mas a ideia seria genial. Só que tem uma coisa...

— Lá vem. O que?

— Eu te convenci a ligar pro povo da escola porque queria que algo acontecesse. E bom, aconteceu. Então aproveita a festa, e eu aposto que já já a Maria aparece pra vocês se agarrarem.

— Clarissa, tá brincando?

— Não. — ela nega com certeza.

— Quer saber? Eu vou embora disso aqui. Com certeza a garota mentiu. A Maria não viria "pegar geral". Ela gosta de mim.

— E você nem se acha, né? — ela provoca.

— Só sou realista. E... — paro de falar ao perceber meus colegas de classe se aproximarem. — Tchau. — desligo e guardo meu celular na mesma hora.

— E de tanto dizer que não viria, ele veio! — eles dão risada.

— Pois é. A vida é uma contradição. — sorrio sem a menor vontade.

— Aposto que veio ver a Maria.

— Como sabe? — pergunto automaticamente. Merda, Rafael, disfarça!

— Todo mundo sabe. Ainda mais depois daqueles olhares no dia de receber os boletins.

— Confessa que ama ela, vai. — João bate nas minhas costas.

— Que nada. Eu não sou disso. — brinco.

— Aham, sei.

— Vocês viram se ela chegou? — olho pros lados à procura.

— Não, príncipe. Acho que ela só chega na hora da valsa, mesmo.

— Dá pra pararem? Que porra!

— Servidos, meninos? — uma das moças da cantina passa com uma bandeja de bebidas. Todos se servem mas eu recuo. — Que foi? Não gosta de refrigerante?

— Ah. Gosto. — sinto uma pontada de alívio e pego um copo na mesma hora.

Depois de beber, nós vamos até a arquibancada e enquanto o resto conversa, eu fico observando a decoração de natal. Tudo verde, vermelho e dourado. Flores brilhantes das mesmas cores, uma árvore gigantesca no meio do salão.

Crianças, adolescentes e pais rodeados pela escola inteira. Começo a pensar que tudo isso deve ter sido um engano enorme. A Maria nem deve vir, aquelas duas mentiram descaradamente. E é impressionante como sem a garota que amo, eu fico insuportável.

Preciso fazer como Clarissa disse: simplesmente relaxar.

— Maria? — estreito os olhos ao ver uma pessoa familiar entrar no salão. — Maria! — corro pelo enorme ginásio até chegar nela, o que chama a atenção de todos.

A menina se assusta ao me ver chegar com tudo na sua frente.

— Rafael, eu posso explicar! — ela diz em desespero.

— ...O quê? Então a Eduarda mentiu?

— Sim.

egoísta [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora