Ponto de vista: Rafael
— Já chegou? — Clarissa pergunta eufórica na linha.
— Já. — respondo discretamente. Tem um monte de gente me olhando desde que pisei dentro do salão.
— Aê! — ela gargalha.
— Vem cá, você não combinou isso com a Eduarda só pra eu vir não, né?
— Claro que não. Mas a ideia seria genial. Só que tem uma coisa...
— Lá vem. O que?
— Eu te convenci a ligar pro povo da escola porque queria que algo acontecesse. E bom, aconteceu. Então aproveita a festa, e eu aposto que já já a Maria aparece pra vocês se agarrarem.
— Clarissa, tá brincando?
— Não. — ela nega com certeza.
— Quer saber? Eu vou embora disso aqui. Com certeza a garota mentiu. A Maria não viria "pegar geral". Ela gosta de mim.
— E você nem se acha, né? — ela provoca.
— Só sou realista. E... — paro de falar ao perceber meus colegas de classe se aproximarem. — Tchau. — desligo e guardo meu celular na mesma hora.
— E de tanto dizer que não viria, ele veio! — eles dão risada.
— Pois é. A vida é uma contradição. — sorrio sem a menor vontade.
— Aposto que veio ver a Maria.
— Como sabe? — pergunto automaticamente. Merda, Rafael, disfarça!
— Todo mundo sabe. Ainda mais depois daqueles olhares no dia de receber os boletins.
— Confessa que ama ela, vai. — João bate nas minhas costas.
— Que nada. Eu não sou disso. — brinco.
— Aham, sei.
— Vocês viram se ela chegou? — olho pros lados à procura.
— Não, príncipe. Acho que ela só chega na hora da valsa, mesmo.
— Dá pra pararem? Que porra!
— Servidos, meninos? — uma das moças da cantina passa com uma bandeja de bebidas. Todos se servem mas eu recuo. — Que foi? Não gosta de refrigerante?
— Ah. Gosto. — sinto uma pontada de alívio e pego um copo na mesma hora.
Depois de beber, nós vamos até a arquibancada e enquanto o resto conversa, eu fico observando a decoração de natal. Tudo verde, vermelho e dourado. Flores brilhantes das mesmas cores, uma árvore gigantesca no meio do salão.
Crianças, adolescentes e pais rodeados pela escola inteira. Começo a pensar que tudo isso deve ter sido um engano enorme. A Maria nem deve vir, aquelas duas mentiram descaradamente. E é impressionante como sem a garota que amo, eu fico insuportável.
Preciso fazer como Clarissa disse: simplesmente relaxar.
— Maria? — estreito os olhos ao ver uma pessoa familiar entrar no salão. — Maria! — corro pelo enorme ginásio até chegar nela, o que chama a atenção de todos.
A menina se assusta ao me ver chegar com tudo na sua frente.
— Rafael, eu posso explicar! — ela diz em desespero.
— ...O quê? Então a Eduarda mentiu?
— Sim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
egoísta [r.l]
Fanfictionquando a atração pode ser dolorosa para ambos. AVISO DE GATILHO: alcoolismo, xingamentos/palavrões, masturbação, sexo e relacionamentos abusivos.