parte 49.

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Todo mundo corre pra fora da sala, e só ficamos Rafael e eu. Olho pra baixo e largo sua mão, envergonhada.

— Linda. — ele me dá um beijo na bochecha e sai andando.

Ponho minha mão no local e sorrio abobalhada, mas logo corro pra acompanhar todo mundo. Tivemos que fazer fila pra receber as notas, então assim foi feito. Como demorei, fiquei como a última.

— Aqui. — a diretora me entrega o papel quando eu entro na coordenação.

Vejo com atenção cada parte do boletim, porém paro quando vejo certo detalhe. Fiquei com a média cinco em matemática, ou seja, não passei nessa matéria.

— Merda. — resmungo, e percebo que a diretora me olha surpresa. — Digo, obrigada. Quando que é a recuperação de matemática?

— Tem no final da folha. — ela aponta.

— Mas isso é um dia depois da festa. — olho pra ela rapidamente.

— Sim, e? Você não consegue estudar e festejar ao mesmo tempo?

Não.

— Desculpe, senhora. — mordo o lábio, me questionando internamente se conseguirei me livrar de mais essa.

— Tudo bem. Agora saia que deve ter mais gente na fila. — ela me guia até a saída.

— Não, eu fui a última.

— Ah, então...Vá alcançar seus colegas. — ela gesticula meio impaciente.

Saio pondo o papel dentro da minha bolsa, amassado do jeito que for. Caminho pelo pátio encarando meu par de tênis e mega desanimada, até que esbarro em alguém.

— Oi. Passou? — Rafael pergunta, numa expectativa estranha pra alguém como ele.

— Não em matemática. — dou de ombros.

— Não se preocupe. Você vai passar. — ele me abraça de lado.

— É, talvez. Se eu estudar bastante e faltar na festa.

— Então também não vai?

— É, a prova é no dia seguinte. E eu nem tô tão animada com o natal, mesmo.

— Eu te ajudo à estudar, então. Já que passei em tudo, sou na certa o melhor aluno da classe. — ele sorri provocativamente.

— Não precisa, "melhor da classe". Vá na festa e aproveite. Sei lá, leve a Clarissa. — passo por ele, o olhando por baixo e fazendo uma cara maliciosa.

— Maria... — ele lubrifica os lábios.

— Você diz muito o meu nome, sabia? — balanço a cabeça.

— O que posso fazer se ele não sai da minha mente? — o loiro põe as mãos nos bolsos e eu corro para abraçá-lo.

— Pode ir na festa. Eu vou ficar bem, aliás você tiraria toda minha atenção dos livros.

— Vou pensar no seu caso. — ele sussurra no meu ouvido e me rouba um beijo rápido.

— Tchau. — me distancio desentrelaçando nossas mãos com má vontade.

— Tchau. — ele alonga a palavra, me acompanhando com seus olhos grandes e azuis.

egoísta [r.l]Onde histórias criam vida. Descubra agora