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AMANDA

Sempre gostei de me tocar, conhecer o meu corpo e saber exatamente os pontos que me davam mais tesão e me levavam ao ápice do prazer. Mas é como se esse homem tivesse nascido realmente pra isso, os toques nos lugares certo, a forma como a sua língua quente percorria entre as minhas pernas do jeito certo e o seu olhar. Sou apaixonada por troca de olhares, isso fode com o psicológico mais do que um beijo. Ah o beijo, que beijo. Eu nunca beijei nenhum cliente a não ser um gringo que abri uma exceção por ser gato demais, mas ele? Não foi qualquer beijo, foi o beijo.

Meu peito subia e descia conforme a minha respiração ofegante e ele ainda estava ali me olhando com tanto desejo. A música lenta tocando no fundo, essa playlist de 50 tons de cinza nunca falha, ela é deliciosa em qualquer momento da vida.

Seu olhar pegava fogo mas era como se algo o estivesse incomodando, minha mãe sempre pegou no meu pé por ser observadora demais, na verdade não só por ser observadora mas porque eu não tinha controle com a minha boca e acabava falando demais, e agora não seria diferente.

Amanda: você é sempre muito pensativo assim? -Falei enquanto meus dedos deslizavam pela sua barriga definida e ele riu baixinho e foi salvo pelo seu celular tocando, observei enquanto ele levantava e foi até a mesinha pegando o telefone. Sua expressão mudou, foi de descontraído para preocupado em questão de segundos mas ainda continuava sexy pra caramba.

Fala sim, ainda não, ele estava sério e sua expressão de preocupado continuava, ele virou o rosto pra mim não olhar e senti um frio na barriga, será que ele é casado? que decepção- beleza, depois resolvo isso -desligou o celular e pude ver a força em seus braços quando apertou o aparelho com a mão.

Amanda: está tudo bem?

Eu preciso ir -falou ainda sem me olhar e caminhou até a poltrona pegando sua camisa e colocando- me responde uma coisa -seus olhos fixou nos meus e engoli seco- aquele dinheiro, quanto você recebe?

Amanda: porque é tão importante assim?-levantei indo em direção ao meu vestido e senti seus dedos tocando meu braço.

Entreguei $6.000 pra ele, quanto desse dinheiro vai pra você?

Amanda: é sério isso? -ele ficou quieto, ainda me olhando e ainda com a mão em meu braço, não me esquivei eu queria estar ali e sabia que ele não sairia enquanto eu não respondesse- $2.000 -engoli seco- se ele soubesse que eu sei o tanto que você deu pra ele, caso ao contrário -senti um embrulho no estômago e a voz da minha mãe voltava a se repetir na minha cabeça, e porra eu realmente estava me humilhando, senti meus olhos ferverem e virei o rosto balançando o braço para me afastar mas ele estava lá, na minha frente, me olhando vulnerável pela segunda vez- Porque importa? Eu não sei nem o seu nome, você não sabe o meu -uma risada falsa escapou da minha boca- então pra que importa?

Você tem noção do quanto esses filhas da puta lucram pra não te dar nem 70% do valor? -ele tinha razão, aquele lugar, aquelas pessoas, Tony... eram abusivos, nós mulheres fazíamos 99% do trabalho naquele lugar, então não, não era justo. Uma batida forte na porta me fez pular de susto e ele pegou o celular na hora vendo alguma mensagem que havia chegado- sei que não está aqui porque quer, por escolha sua -desviou o olhar pra mim.

Amanda: se eu fosse você não teria tanta certeza -interrompi falando rápido demais, ele não poderia achar nada, era sobre a minha vida que estávamos falando.

Eu quero que me ligue se você precisar, qualquer hora, qualquer momento, não importa -observei enquanto ele tirava um pequeno bilhete do seu bolso da calça e colocou na minha mão- eu posso te salvar disso, basta você querer.

Bateram na porta mais uma vez, ele me olhou pela última vez me dando um longo selinho, foi como se tivéssemos ficado ali minutos se beijando mas foi questão de segundos. Ele abriu a porta e um homem com uma pistola na cintura estava lá, falou algo com ele que não consegui ouvir e a porta fechou.

Sentei na cama king e fiquei exatamente 5 minutos com aquele pequeno papel amassado em minhas mãos com o número dele mas sem nome, claro. Eu já vivi milhões de situações trabalhando a noite, mulher indo buscar homem casado na boate, outras que se divertiam em assistir seu homem pegando outra mulher, aqueles que só iam nos ver para colocar o papo em dia e mesmo assim dava boas gorjetas, agora um homem bonito, novo, gostoso, misterioso e com muito dinheiro? Essa era a primeira vez.

Ainda havia clientes na boate mas queria fugir de todos eles, fui direto para o camarim pegar as minhas coisas, queria tanto sair daquele lugar. Meu celular vibrou e peguei rapidamente, era Débora.

"Mandy, estou com um cliente qualquer coisa me espera no carro".

Coloquei um sobretudo por cima do pequeno vestido e continuei de salto, peguei minha bolsa com todos meus pertences e meu celular. Saí pela entrada dos fundos como de costume, e senti uma mão grande envolver meus cabelos e puxar com força, virei rapidamente e era Tony. O seu olhar estava furioso, ele já dava medo com aquela cara de mal sem estar com raiva e nesse estado era pior ainda.

Tony: cadê seu amigo? -esbravejou me empurrando contra a parede fria, fechei meus olhos quando a minha cabeça bateu com força e resmunguei baixinho- responde porra! cadê o filha da puta do seu amigo?

Amanda: Que amigo Tony? -falei baixo e segurei minha bolsa entre meus braços com força e sua risada ecoou pelo pequeno corredor.

Tony: não se faça de desentendida sua puta barata, aquele X9 filha da puta que foi para a suíte com você -observei quando ele colocou as duas mãos no bolso da frente da calça e respirou fundo, era nítido a arma em sua cintura e senti o meu coração acelerar.

Amanda: eu não sei do que você está falando, subi com ele e fiz o meu trabalho -falei curta e grossa, e na verdade eu não menti sobre.

Tony: Não mente pra mim, vai ser muito pior pra você -sua mão segurou firme em meu braço, na verdade forte, forte até demais.

Amanda: você ou os seus seguranças devem ter visto quando ele me abordou no bar, eu nunca vi aquele homem -fiz uma pausa- estranho né? Novo, bonito e com dinheiro, confesso que achei que fosse uma pegadinha -sua gargalhada ecoou novamente pelo corredor, soltou meu braço e bateu com força na parede bem ao lado do meu rosto, meu coração parecia uma escola de samba mas por fora? estava firme, com o olhar frio esperando o pior acontecer.

Tony: se eu sonhar Amanda, sonhar que você conhece aquele filho da puta eu juro que acabo com você dois -pude ouvir sua respiração bem próxima de mim, sua boca estava colada com o meu rosto e não desviei o olhar- sem dó nem piedade, não tem organização que vá me impedir de acabar com vocês dois -eu apenas balancei a cabeça e assenti, não tinha o que falar eu realmente não conhecia o cara, mas agora? Me interessei 100x mais- agora vai, vaza não quero ver a sua cara até sábado.

Engoli seco e o choro que estava entalado na minha garganta, andei rapidamente pelo estacionamento frio da boate até chegar no meu carro, apertei o alarme e abrir em seguida, coloquei minha bolsa no banco do passageiro e fechei a porta trancando a mesma como se fosse resolver alguma coisa. Encostei a cabeça no banco e as lágrimas salgadas escorreram pelo meu rosto, que sensação de merda. Essa era a palavra correta, uma grande merda, eu estava completamente perdida.

 Essa era a palavra correta, uma grande merda, eu estava completamente perdida

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DENTRO DE VOCÊ | LIVRO 2 DA SÉRIE: EU DEPOIS DE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora