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AMANDA

A madrugada foi difícil, posso dizer que foi a pior madrugada da minha vida. Em 22 anos eu nunca vivi nada tão dolorido, e a Dra Érica foi um anjo na minha vida eu nunca iria esquecer tudo o que ela estava fazendo por mim. Gratidão era a palavra certa.

Gustavo havia me avisando que não iria conseguir me buscar e se tudo bem Igor ir e eu concordei, afinal Gabriel não estaria aqui para dar show de ciúmes e também não me importava eu só queria chegar no meu AP, deitar na minha cama e consegui descansar, mas quando vi ele ali no hospital com a pior cara do mundo, com olheiras profundas e os olhos marejados precisei engolir seco e quando olhei para a sua boca isso foi fácil, a imagem dele tocando aquela mulher me fez embrulhar o estômago e só queria sair dali o mais rápido possível. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde vamos ter que conversar, e que seja logo para me livrar desse sentimento.

Igor me deixou em casa e foi bem atencioso comigo, me tratou bem e foi educado e pelo contrário do que imaginei não deu em cima de mim o que agradeci mentalmente, vindo dele não esperava isso.

Consegui dormir por algumas horas, na verdade horas demais. Quando acordei e peguei meu celular já eram 16h da tarde e não havia almoçado e por um milagre estava sentindo um pouco de fome, os remédios que a Dra me passou me deixava bem sonolenta, ela disse que o processo é lento mas que logo logo eu me sentiria eu novamente e confesso que estava ansiosa por isso.

Tomei um banho demorado e lavei o cabelo, saí enrolada na toalha e passei um hidratante. Deixei o cabelo secar naturalmente e coloquei um pijama comportado, escutei barulho na cozinha e deduzi que fosse Gustavo já que ele ficou com a chave do Gabriel. Me enrolei no meu roupão e saí do quarto, o cheiro de comida invadiu meu nariz e abri um sorrisinho realmente estava com fome.

Gustavo estava super concentrado colocando a comida em uma travessa, cruzei os braços observando enquanto ele fazia tudo atentamente, foi até a geladeira pegando um suco natural e se assustou quando me viu ali me fazendo rir.

Gustavo: porra Amanda, ia falar que foi eu que fiz mas não deu muito certo né? -ele riu e colocou o suco no copo-

Amanda: eu sei me servir, tá? -falei caminhando até a mesa e ele fez uma careta-

Gustavo: só um agrado para o meu braço direito.

Amanda: desculpa Gu -falei rindo e me sentei pegando o prato e coloquei um pouco do arroz e strogonoff de carne que eu amo- tem batata palha?

Gustavo: fiz o Gabriel buscar -ele coçou a cabeça me olhando com receio e assenti- já que ele veio, vamos colocá-lo para fazer algo, né? -assenti com a cabeça- se não quiser vê-lo eu pego lá embaixo, sem problemas.

Amanda: deixa ele entrar, precisamos conversar mesmo -suspirei e encostei na cadeira- mais cedo ou mais tarde isso precisa acontecer né.

Gustavo: como você se sente?

Amanda: Estou bem e tive uma lição, nunca misturar Rivotril com whisky -fiz uma careta e ele riu pegando o seu prato e se servindo também e Gabriel chegou, ele estava retraído demais como se tivesse andando em ovos com medo de dizer qualquer coisa-

Gustavo: valeu Biel -ele falou pegando a batata palha- senta aí, peguei bastante achei que Lara iria vim aqui -ele me olhou-

Amanda: precisava ficar sozinha e descansar

Gabriel: se sente melhor? -assenti com a cabeça-

Foi a única coisa que ele falou durante o nosso almojanta, porque era quase a hora do jantar. Gustavo falou algumas coisas sobre as boates em como estamos faturando bem e que queria aumentar a segurança para todos o que eu também concordava, segurança nunca é demais. Ele recebeu uma ligação no final do jantar e precisou descer para atender me deixando sozinha com Gabriel, um frio na barriga e uma sensação estranha tomou conta de mim.

Levantei e comecei a colocar as coisas na lava-louças e senti os olhos de Gabriel presos em mim, ele levantou e guardou o suco na geladeira e o que sobrou da comida também, o silêncio era ensurdecedor.

Gabriel: podemos conversar agora?

Amanda: o que você tem pra falar? -me virei pra ele ficando de costas para a pia e o mesmo engoliu seco-

Gabriel: certo -respirou fundo e colocou as mãos no bolso- eu sou um babaca mas isso não preciso nem falar né -seu olhar estava completamente perdido e prometi a mim mesmo que não iria cair na dele- nada justifica os meus erros, eu fiz uma grande merda, não sei quem te mandou aquela foto eu nem lembro ao certo as pessoas que estavam naquele terraço e aquilo não significou nada pra mim. Sei que precisa do seu tempo, que precisa colocar a cabeça no lugar como eu também preciso, mas me perdoa por favor -ele deu um passo na minha direção e recuei encostando na pia-

Amanda: Você tem o meu perdão porque sinceramente a sua cabeça não está bem e não quero você se remoendo por aí, você fez algo que talvez eu nunca mais irei esquecer em um momento tão delicado que você nem imagina -engoli seco ao pensar na gravidez e isso ele nunca iria saber, eu matei o nosso bebe, foi por uma atitude minha que isso aconteceu- mas eu não quero mais te ver, ou falar com você -respirei fundo mais uma vez e engoli o choro que estava entalado- não sei se você vai voltar pra Londres ou não, mas se caso você for ficar aqui o nosso contato será somente profissional.

Gabriel: eu te amo pra caralho Amanda, eu nunca vou me perdoar

Ele se aproximou ainda mais e eu fiquei imóvel, seus braços me envolveram e um soluço forte e alto escapou da minha boca e da dele também e eu sabia que aquele seria o nosso último abraço, que seria uma despedida e por mais que eu estivesse magoada, chateada, magoada ele foi o meu primeiro amor. 

DENTRO DE VOCÊ | LIVRO 2 DA SÉRIE: EU DEPOIS DE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora