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AMANDA

2 anos e meio depois...

Eu preferi colocar um ponto final em tudo e deixar que o destino se encarregue do meu futuro. Perdi a noção de quantas crises eu tive no primeiro ano, de como foi difícil passar todas as datas sem Gabriel ao meu lado, sem conversar, sem sentir o seu cheiro, os seus beijos, o seu toque que somente ele tinha.

Eu nunca tive medo de despedidas, saí da casa da minha mãe de cabeça erguida e passei por poucas e boas até chegar onde estou hoje, então eu só vivia o hoje me permitia a sentir, a fazer o que tinha vontade de fato e naquele momento quando coloquei um fim em tudo era o que eu mais queria no momento e não me arrependo.

Nunca mais vi foto de Gabriel com mulher nenhuma, e Mari quando me ligava contava sobre algumas coisas, mesmo eu não pedindo no fundo eu queria saber se ele realmente estava bem e havia se recuperado. Afinal a morte do Marcos foi um baque para todos nós e até hoje sentimos essa dor, lembramos, rimos das piadas e das coisas que ele fazia para irritar a Mari, porém sempre com lágrimas nos olhos.

Estava na varanda do meu apê sentada em uma poltrona gigante e confortável, ali era o meu lugar preferido da vida. Todos os dias em que eu chegava em casa me sentava ali e passava algumas horas admirando a vista do condomínio e bebendo um GIN leve feito por mim.

Igor: não está pronta pra mim ainda? -a voz dele ecoou pelo apartamento e senti um embrulho-

Amanda: me erra Igor.

Igor: a gata que isso.

Amanda: não me chama assim -virei o rosto fixando meu olhar no dele e o mesmo respirou fundo irritado, ele sabia bem que Gabriel me chamava dessa forma e que eu não gostava que ele fizesse isso-

Igor: dia ruim hoje? -ele se aproximou e suas duas mãos tocaram o meu ombro, ele apertou sem colocar tanta força e foi descendo até chegar em meus seios que estavam soltos dentro da camisola com o tecido fino-

Amanda: um pouco -dei um gole no meu drink e tirei as mãos dele- preciso descansar.

Igor: você saiu faz tempo da boate, porque não descansou e me esperou pronta?

Amanda: porque eu não sou uma máquina -respondi encarando ele, Igor odiava isso principalmente por se sentir o meu dono-

Igor: eu já te falei para pensar 2x antes de falar assim comigo -com um único passo ele estava de frente pra mim e sua mão tocou o meu rosto, quando ele pensou em apertar eu segurei sua mão com a mesma intensidade-

Amanda: me solta!

Igor: está abusada demais Amanda, eu não teria pena de machucar esse rostinho tão lindo seu -seu olhar era completamente de um psicopata e engoli seco tentando manter a calma- não esquece que eu sei do teu segredo, e que ele não está escondido a 7 chaves.

O tom de ameaça em sua voz me fez respirar fundo e engolir o choro, ele sempre usava isso, ele descobriu do aborto no hospital naquele dia que tudo aconteceu. Ele guardou por 1 ano todinho, tentou de todas as formas me conquistar mas não conseguiu, Igor é bonito, tem um corpo de dar inveja a qualquer homem principalmente por já estar chegando nos 30 mas o caráter dele faz com que seja um homem nojento, o oposto dos Bottini.

Eu não respondi, apenas desviei o olhar para a porta e continuei séria com os braços cruzados. Ele passou por mim me encarando e pegou o celular saindo por fim do meu apartamento, fui até a porta trancando e acionei o código de segurança, isso ele não sabia e eu usava como uma vantagem. Igor é imprevisível e eu preciso tomar muito cuidado.

Gustavo sempre me perguntava "o que você está fazendo com ele? vocês não tem nada haver e não é só porque Gabriel é meu irmão, mas você só tem química com ele". Eu ria toda vez que ele falava isso e tentava ao máximo não mostrar o verdadeiro motivo, Gustavo se tornou meu irmão mais velho, cuidava de mim como ninguém, se preocupava até se eu havia comido ou se sentia alguma dor, então eu precisava ter um jogo de cintura para escapar de cada pergunta dele.

Nada como um dia após o outro, depois que Igor saiu da minha casa dormi igual um bebê. Eu me tornei uma pessoa tão fria que às vezes me assustava comigo mesmo, usava uma armadura surreal.

Tomei um bom banho e saí enrolada na toalha enquanto escolhia a roupa de hoje, coloquei um vestido midi e um salto fino, fiz uma make básica e tirei a touca de cetim alinhando os fios do meu cabelo, peguei minha bolsa e guardei o celular dentro e saí do AP com a chave do carro na mão.

Pedi para envelopar meu carro e deixei ele preto, já que ele todo branco me trazia tantas lembranças do Gabriel. Confesso que no começo foi difícil porque tudo me lembrava dele, até mesmo um simples omelete pela manhã, era surreal.

Cheguei na boate por volta das 11h30 e já estava a todo vapor, as meninas são tão eficientes e pela forma que a El Paraíso trabalha elas têm força de vontade, e se esforçam mais do que pedimos. Lara estava no palco ensaiando uma coreografia e me mandou um beijinho no ar, Caio acenou do bar e abri um sorriso para as outras meninas.

A minha sala continuava a mesma, na verdade mudei algumas coisas e me sentia em casa ali, conseguia controlar toda a rede de boates do El Paraíso dali mesmo e em alguns dias fazia visitas nas outras principalmente para conversar com as meninas.

1 hora depois já havia participado de reunião online, paguei alguns fornecedores e estava me preparando para almoçar quando Gustavo entrou na minha sala de óculos de sol e todo de preto como ele amava andar.

Gustavo: Orra, nem passou pra tomar café comigo hoje -ele se jogou no meu sofá branco que morria de ciúmes e revirei os olhos-

Amanda: não to podendo comer pão doce no café não viu, você me leva pro mal caminho.

Gustavo: ah dá um desconto essa semana, sábado está chegando e é seus 25 anos porra, vamos comemorar em já organizei tudo para fechar aqui -ele falou empolgado, Gustavo não deixou passar em branco o primeiro ano que fiquei aqui sem Gabriel- 

DENTRO DE VOCÊ | LIVRO 2 DA SÉRIE: EU DEPOIS DE VOCÊ Onde histórias criam vida. Descubra agora