Capítulo 7

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Vi a expressão de Berlim se fazer e desfazer mil vezes. Sua pele aderiu mil tons diferente, parecia até que eu tinha dito que ele havia pegado uma doença altamente contagiosa. Não sabia que apenas a ideia de ele ser pai o assustava tanto. 

—E agora? Alguma ideia? O que vamos fazer com a criança? — Disse ele com a voz exalando nervosismo. 

—Criança? Eu disse que não nos protegemos, e não que estou grávida. A não ser que eu permita. — Falei já pensando em como agir.

—Vai comprar uma pílula do dia seguinte? — Quis saber. 

—Sim, claro. Eu vou falar com o Professor. — Levantei da cadeira pronta pra sair, mas ele pegou em meu braço.

—Ei, ei, ei. Como assim falar com o Professor? Você está maluca? 

—Eu não vou dizer pra ele que a gente transou sem camisinha, idiota. Não seja tolo. Deixa que eu resolvo. — E saí. 

Por onde eu começava... A única pessoa com quem eu podia falar sobre era Tóquio, já que ela entendia. Mas eu não podia simplesmente dizer a ela que estava dormindo com Berlim, tinha de ser mais astuta. Pensei logo numa ideia que poderia ser boa. Fui até a sala e a encontrei conversando com Oslo e Helsinque animada.

—Nairóbi! Senta aqui. Você não tem ideia de como esses dois são engraçados e cheios de histórias legais — Disse ela se acabando de rir. 

—Como eu gostaria! Mas vou ficar devendo, ok? — Falei para eles que apenas sorriram como resposta — Tóquio, preciso falar com você.

—Sério? Aqui está tão bom...— Choramingou ela. 

—Por favor — Pedi de mãos postas. 

Ela bufou e levantou.

—Até logo, rapazes — Disse acenando para eles.

Assim que vi que estávamos longe e que não tinha ninguém por perto, parei e falei:

—Você tem absorventes? — Perguntei. Espero que meu plano funcione. 

—Tenho.

—Muitos? 

—Nem tanto. 

—Certo, vamos pedir o Professor para nós irmos comprar. 

—Espera, se está com tanta urgência eu posso te emprestar, depois a gente compra. — Ela falou. 

—Não, a gente tem que ir agora — Peguei em sua mão e a puxei.

—Nairóbi — Ela travou no lugar me fazendo olhá-la — O que está pegando? 

—Nada, só preciso dos absorventes... — Ela me interrompeu. 

—Não é não — Ela deu um riso — Você deu "umazinha" antes de vir pra cá e agora acha que está grávida? Aí quer ir comprar um teste de farmácia para tirar as dúvidas, não é? — Disse a mesma.

Ai garota! Você acabou de salvar minha pele! Devia ter pensado isso antes de passar vergonha com os absorventes. Agora, só restava ser teatral. 

—Você descobriu. Sim, é isso. Vamos lá? — Puxei ela novamente. Eu queria acabar logo com aquilo.

—Era só ter dito. Você sabe que eu não contaria para ninguém — Disse e fomos para a sala de aula, onde o Professor vivia confinado. 

Chegamos lá e o mesmo estava na sua mesa com vários livros e papéis espalhados pela pequena mesa. Afastei seus papéis de lado e sentei na ponta da mesa, Tóquio se recostou na carteira a frente. Ele suspirou fundo controlando a raiva por eu ter atrapalhado e bagunçado suas coisas. 

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora