Capítulo 10

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Senti minha cama afundar e braços fortes me abraçarem por trás. Berlim beijou meu pescoço e me virou para olhá-lo. 

—Acordada? — Sussurrou no meu ouvido fazendo os pelos da minha nuca eriçarem. 

—Estava no meu melhor sono... — Falei com a voz arrastada. 

—Então agora vamos para o melhor da noite. — E me beijou. 

Do jeito que ele ia aprofundando o beijo suas mãos deslizavam pelo meu corpo, explorando e tocando nos lugares mais sensíveis, ele tirou toda minha roupa e eu a sua. Subi nele e beijei todo seu rosto, descendo pelo pescoço, peito, abdome... Sua respiração ficou entrecortada quando cheguei em sua virilha, olhei em seus olhos e dei um sorriso safado. 

Baixei a cabeça e o tomei em minha boca. Berlim fechou os olhos e afundou a cabeça nos travesseiros emitindo o mínimo de ruído possível, e eu não parava. Sua mão foi para meu cabelo para eu continuar. Ele estava já atingindo o clímax, então subi rapidamente para beijá-lo e abafar seus gemidos de prazer. Após se recuperar, foi sua vez de me dar prazer da mesma forma, me levando a loucura. Sua experiência era impressionante! 

Após fazermos amor como nunca fizemos antes, deitamos abraçados e ficamos a nos fazer carinho e sentir o cheiro um do outro. O calor do seu corpo emanava uma energia que aquecia o meu, me fazendo esquecer o motivo de eu estar ali. Apenas sua companhia importava no momento. 

—Para onde vai depois? — Perguntei com o rosto enfiado em seu peito. Ele tinha o cheiro amadeirado misturado com vinho. Já eu, certeza que além do meu perfume, cheirava a cigarro.

Ele ficou um momento em silêncio, depois falou. 

—Qualquer lugar do mundo. — Disse calmo e tranquilo.

—Não tem nenhum lugar específico que já tenha pensado? Não tem família para ver...? 

Senti ele enrijecer, talvez a palavra "família" não tenha sido um bom assunto.

—Vou ver um amigo na Itália que há tempos não vejo — Falou, e parece que a conversa se deu por encerrada — E você? Também não tem um lugar para ir? Família?

Minha resposta sempre era sem rodeios. 

—Nunca tive família — Falei sentido o peito doer de leve — Sempre amei minha liberdade, tornei-me independente muito cedo, e ser livre é o que me motiva a tudo. E quando acabar o assalto, só quero conhecer o mundo, de um jeito que eu não saiba onde vou estar amanhã. 

—Nada te prende. — Disse ele mais para uma afirmação que uma pergunta. 

—Apenas o caixão será capaz, mas mesmo assim minha alma ainda vai está solta por aí. — Falei.

Passamos mais alguns minutos em silêncio, apenas ouvindo nossas respirações sincronizadas. 

—Já fui casado 5 vezes. — Disse ele. 

Apoiei meu queixo em seu peito para olhá-lo nos olhos. 

—Foram relacionamentos tão ruins assim? — Fiquei curiosa. 

—Alguns foram por minha culpa, já outros foram por ambos. Teve um em especial, onde não tive culpa em nada. — Vi a dor nos seus olhos e em suas palavras ao dizer. 

—Mas isso foi passado, depois daqui você irá conhecer outra pessoa que possa te fazer tão feliz que você nem se lembrará que já conheceu aquela outra — Falei me esticando para beijar seus lábios de leve e carinhosamente — Enquanto isso não acaba e não nos separamos, eu vou te amar com todo meu coração, te dar todo o amor possível, tanto físico como emocional. 

Ele sorriu para mim e levantou a mão para acariciar meu cabelo, suspeitei em vê-la tremer antes de me tocar, como se estivesse nervoso. 

—Tudo bem? — Perguntei. 

—Com você não posso me sentir mal. Você, que me enche de força e energia — E depositou um beijo em meus lábios — Eu te amo. 

Ele disse aquelas três palavras. As três palavras perigosas. Evitei ao máximo minha cara de surpresa e o abracei forte, me aconchegando em seu colo e fechando os olhos. 

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—Mas e aí? Você bem que queria dar uns pegas no Professor, não é? — Disse Rio ao meu ouvido. 

Estávamos apenas eu, Rio, Tóquio, Helsinque e o Prof. na sala de aula, ele dispensou os demais, querendo falar apenas com nós quatro. Olhei para Rio e sorri. 

—Você queria sim. — Continuou ele e rindo. 

—Fica quieto! — Falei assim que o Professor se virou para nós com as chaves do carro na mão. 

—Aqui está a chave do carro. Nairóbi e Rio, troquem de roupa para irem ao museu. 

—Eu? Sério? — Falei surpresa. Uau, ele estava confiando em mim. 

—Sim, você. 

—Pra cidade?! Ah! — Falei animada — Não, mas não me manda com um menino, deixa eu ir com um homem de verdade. Com o Helsinque, por que eu não vou com o Helsinque? Me manda com o Helsinque! — Falei olhando para o sérvio na carteira ao meu lado. 

—Mas o Helsinque gosta de peito peludo — Falou Rio e saiu de perto de mim. 

—Quê? — Olhei chocada para Helsi.

O mesmo fez uma cara de deboche. 

—Não vai com a gente? — Ouvi Rio falar a Tóquio enquanto eu estava ainda em choque olhando para o Helsinque. Meu. Deus. 

—Comparem as câmeras de segurança com as dos vídeos de visita que eu fiz. Temos que confirmar a localização, os ângulos e os objetivos. — Disse o Professor.

Ele ficou a esperar algum movimento nosso. Eu estava ainda processando o que havia acabado de descobrir, Tóquio e Rio encaravam o Professor como se não estivessem satisfeitos com sua escolha.

—Vamos, troquem de roupa. — Concluiu. 

Rio saiu sem dizer nada. 

—Helsinque é bicha? — Gargalhei debochando da cara dele — Minha nossa — Coloquei a mão no peito — Então você gosta de homens? — Perguntei. Tinha que ouvir de sua boca. 

—Guerra, cadeia... — Começou. 

—Tá, tá, entendi. E de mulher não? 

Ele fez uma careta e resmungou. 

—Não, não, você não gosta. 

Eu nunca tive um amigo gay, apenas conheci vários mas nunca me aproximei e fiz amizade. Eu tinha encontrado um agora. 

—Eu poderia indicar qualquer um aqui como gay, menos você. Jamais se passou pela minha cabeça. 

—As aparências enganam. — Disse ele com seu sotaque arrastado. 

—Então quer dizer que jogamos no mesmo time? — Eu estava muito interessada na conversa. 

—Sim, lutamos com espadas — Disse ele e caímos na gargalhada. 

—É a minha mãe? — Tóquio estava a falar com o Professor, mas aquela sua frase me chamou atenção. 

—Parada cardíaca, eu sinto muito. 

Imediatamente me levantei e fiquei atrás de Tóquio. 

—Quando? — Perguntou ela calma. 

—Ontem. Eu decidi que é melhor você ficar para evitar a tentação de dar o último adeus. 

—Eu fico com ela, outra pessoa vai — Falei pegando no braço dela. A mesma empurrou minha mão. 

—Eu não preciso me despedir — Disse — Eu já fiz isso. Da última vez ela queria me entregar pra polícia, aquela mulher já não era mais a minha mãe. — Ela pegou as chaves e saiu sem falar e derramar nenhuma lágrima. 


Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora