Capítulo 19

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—Que caralho de confusão foi aquela do Berlim e do Moscou? — Perguntou Tóquio entrando no meu quarto e fechando a porta.

—Também fiquei sem entender — Falei enquanto organizava cada vidro de perfume e esmalte na penteadeira improvisada.

—"Partículas que estavam na sua parede intestinal que saíram com seus detritos sólidos" — Ela imitou o Berlim enquanto sentava na cama, ri da sua interpretação ótima — De que merda de dicionário aquele homem saiu?

—Acho que foi dos infernos — Falei com um desgosto na voz e rindo ao mesmo tempo —Ele se acha mais que todo mundo só pelo fato de ser o comandante do assalto.

—E por roubar uns diamantes — Ela deitou — Se eu fosse o Moscou, teria dado um soco nele.

—Acho que não tinha necessidade, resolveram na conversa, viu?

Ela deu de ombros e ficou a brincar com algumas das minhas pulseiras. Ela queria alguma coisa, nunca vem ao meu quarto só pra conversar, sempre era alguma coisa que queria emprestada ou um favor, mas conversar mesmo era fora.

—Tem algum pedido? — Fui logo ao ponto, odiava enrolação.

—Na verdade — Virou-se na cama apoiando o rosto fofo que tinha nas mãos — Tenho sim.

Acenei com a cabeça em forma de pergunta.

—Tem algumas camisinhas para me emprestar? 

Sorri para ela balançando a cabeça, só Tóquio mesmo para isso. Abri a gaveta do guarda roupa e tirei uma nécessaire onde as guardava.

—Toma, pode ficar com tudo — Joguei para ela — Só quero minha bolsinha de volta. 

Ela pegou e me olhou com a testa franzida. 

—O que foi? Resolveu querer ficar grávida? 

A ideia de ter um filho não foi de todo ruim, mas ter um bebê do Berlim não era das melhores. Não queria cometer esse erro. 

—Não, eu tenho mais — Falei voltando a organizar minhas coisas.

—Está mentindo — Ela se pôs ao meu lado me encarando — Não estão mais juntos? 

Olhei para ela e vi que de nada adiantaria mentir e muito menos esconder, eu já havia me tornado confidente á aquela puta. 

—Não. — Virei para a cama. 

—Percebi que vocês dois estão estranhos — Sentou ao meu lado — Você anda mais cabeça quente que antes e ele mais filho da puta ainda ultimamente. Agora sei porque inventou aquela discursão com o Moscou, também está mal por tudo isso. 

Talvez fosse, ele poderia estar agindo daquela forma por culpa e angustiado por eu o evitar. Mas ele merecia um pouquinho de sofrimento por ser assim, não sei se ele tem algum motivo pessoal para ser o cachorro que é, mas ninguém merecia receber suas patadas por isso. 

—Você já conversou com ele sobre? 

—Não estamos nos falando, ele foi muito idiota em... 

—Não, não, você sabe que detesto ele, se me disser o porquê eu vou ficar puta, vou pedir que você mande ele ir a merda e sei que não é isso que você quer, pois o ama. O melhor mesmo é ir falar com ele e tentar se resolverem, vocês dois são apaixonados um pelo outro, e o amor vem acima de qualquer briga e discussão. Se ele gosta mesmo de você, vai se desculpar pelo o que fez e querer voltar, se você o ama da mesma forma, vai dar uma segunda chance, por mais grave e absurdo que tenha sido o motivo. 

Fiquei mais a pensar e ela tinha razão. Talvez se a gente conversasse poderíamos nos resolver. Mas meu egoísmo falava mais alto e eu não devia correr atrás e sim ele, mas sempre que chegava perto de mim eu o ignorava, assim era difícil. Mas eu precisava mesmo me resolver com ele, não estava mais aguentando. 

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora