Capítulo 48

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QUARTA-FEIRA, 15H35 — 125 HORAS DE ROUBO

Todos saíram devagar e Tóquio foi para o lado da caixa onde estava Moscou. Ela se ajoelhou e apoiou os braços lá, pensativa. Olhei para trás e vi que todos já tinham ido, então fui até lá me posicionei do outro lado na sua frente. Ela me olhou com aqueles olhos pequenos que agora estavam minúsculos por conta do choro incessante que teve, o rosto estava inchado e as bochechas vermelhas. Estiquei as mãos até ela e pedi para segurar, um segundo depois ela estendeu as suas sobre as minhas e as apertou.

—Eu matei ele. — Disse com a voz rouca.

—Não — Balancei a cabeça — Você não matou ele. A polícia matou. 

—Se eu não tivesse voltando, ele não estaria aqui dentro. Nem teria feito o Denver me odiar. — Ela falou já com a voz de choro.

—Tóquio — Chamei e ela olhou para mim — Moscou fez o que qualquer um de nós faria, que é proteger uns aos outros. Concordamos que entraríamos aqui com esse propósito: Ajudar o companheiro sempre.

—E eu devia ter ficado lá fora, como forma de proteger vocês. Eu não pensei nos damos que poderia causar. Como ele mesmo disse: Eu só penso no meu rabo. 

—Como você iria adivinhar que aconteceria isso? Hum? Não temos o poder de prever o futuro, Tóquio, coloca isso na sua cabeça.

—De qualquer forma, ele está morto. Não adianta mais — Disse olhando para a caixa. 

—Então vamos seguir em frente — Apertei sua mão mais forte e ela me olhou — O Professor foi descoberto, temos poucas horas.

Sua expressão saiu de tristeza para espanto em segundos. Por incrível que pareça, estávamos até que durando muito tempo aqui dentro, 15 horas se passaram e ainda permanecíamos aqui imprimindo nosso dinheiro, firmes. Tal lembrança me fez lembrar que ainda tinha que cumprir a promessa que fiz, que era sair com 1 bilhão. 

—Vamos trabalhar? — Chamei ela — Denver não está em condições de cavar o túnel e não sei se Rio consegue sozinho. Isso significa que essas mãos de princesa terão de ficar cheias de calos. 

Rimos e ficamos nos olhando por um momento. Eu não conseguia ficar brava com ela, por nada. Nela eu havia encontrado em mim a força e a coragem de que precisava. Sempre fui cabeça erguida e determinada, mas depois de conhecê-la vi que eu poderia ir além do que já era. E consegui. 

—Me desculpa — Ela interrompeu meus pensamentos — Por... Ter falado aquilo tudo. Você não é nada disso, é uma mãe maravilhosa, só estava fazendo aquilo para ver o bem dele. 

—Tudo bem — Sorri para ela — Eu só queria... Dar para ele aquilo que nunca pude ter. Mas, escolhi a forma errada.

—Mãe faz o que for para o filho, mesmo que seja traficar e roubar. — Ela disse sem tirar os olhos dos meus.

—Isso é verdade — Falei lembrando de todas as loucuras que já fiz por Axel.

—Amigas de novo? — Ela me tirou do devaneio.

—Amigas de novo! — Apertei sua mão e me levantei para abraçá-la por cima do caixão de Moscou. 

—Moscou — Tóquio virou para olhar a caixa — Nós vamos sair daqui. E levar seu filho também.  

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970 milhões de euros... Eu estava conseguindo. Faltava só mais 30 para chegar no bilhão, e isso me enchia de empolgação, e ao mesmo tempo cansaço. Eu já estava ultrapassando minha linha, ficar em pé era quase difícil. Depois que Moscou morreu eu não parei um segundo, apenas com medo de pensar e acabar atrapalhando em algo importante. 

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora