Capítulo 32

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Passei mais alguns minutos tentando pensar numa maneira de ir até lá sem chegar enchendo todos de balas. Se fizesse isso, eu pegava várias também, e não adiantaria de nada. Passei a mão no cabelo e enxuguei as lágrimas, o único jeito seria chegar e tentar convencer Berlim com conversa fiada, e isso seria complicado em meio a vontade de querer arrebentar sua cara, pois os seus soldadinhos não deixariam.

Foda-se, eu iria mesmo assim, não iria esperar. Subi as escadas e fui seguindo o som da voz de Berlim falando, até que cheguei ao corredor dos banheiros de onde vinham as vozes, acelerei mais o passo e cheguei até eles.

—Berlim! — Fui recebida com Oslo e Helsinque apontando as armas para mim — Espera...

—Eu sinto muito, mas não me dei conta do botão — Denver falava apreensivo — Eu te compenso com dez... quinze milhões da minha parte. O que acha? — Propôs o garoto para Berlim que estava em sua frente na porta do banheiro. 

—Quinze milhões! — Ajudei a dar força a proposta.

—Quinze milhões, não me fode — Denver repetiu mas não obteve resposta — Então vamos tomar no cu; vinte milhões. 

—Vinte milhões de euros. — Berlim olhou para mim e sorriu.

—É, eu assino se quiser.

—Por um botão?

—Por um botão.

—Deixa ele, Berlim — Falei me aproximando mais passando pelos sérvios. 

—O que está acontecendo? — Berlim perguntou desconfiado.

—Não está acontecendo nada. — O menino tentava ficar tranquilo, mas estava se borrando de medo. 

—Engraçado, eu vim aqui com a intenção de dar um tiro... Eu não sei, no seu pé pra compensar. Mas eu estou ficando com vontade de dar um tiro na sua cabeça não sei porquê. — Berlim era duro com as palavras.

No mesmo instante alguém deu a descarga no banheiro provocando um silêncio entre nós. Porra, a Mónica. Agora fodeu tudo de vez. Pronto, a dúvida do momento agora era saber quem sairia vivo dali; seríamos três contra dois, a porra de um massacre. Porque Berlim iria querer matar ela e Denver não iria deixar. Nem eu. Oslo e Helsinque estão ao lado de Berlim, o que complicava as coisas. 

Berlim levou os dedos aos lábios e pediu silêncio enquanto avançava no banheiro. 

—Berlim. — Denver começou a impedir mas ele pôs a mão em seu peito.

—Calma... — Sussurrou. 

Berlim começou a adentrar no banheiro ainda pedindo silêncio, me aproximei mais de Denver e coloquei a mão no peito negando com a cabeça de que eu não tinha nada haver com aquilo, ele balançou a sua olhando para Berlim, que abriu uma cabine e ficou a olhar; santa mãe, ele a achou. Mas ele voltou a fechá-la e fiquei apenas um pouco mais aliviada, sendo que meu coração batia acelerado. O que mais irritava era o seu suspense e gracinha para abrir porta por porta. 

Mais uma porta, o coração saltou. Vazio. Próxima...

—Berlim, não precisa... — Denver avançou mas ele pediu que parasse.

Ele sorriu e bateu na porta, passou vários segundos esperando, até que a merda aconteceu:

—Denver? — Mónica disse — Denver é você?

Berlim parou e virou a cabeça devagar para a porta, fazendo um suspense doloroso até levar a mão a maçaneta e abrir. Ele ficou parado a olhar para dentro e começou a rir, depois olhou para Denver:

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora