Capítulo 30

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Onde ela poderia está? Cada canto daqui Berlim tinha acesso, e também não vi movimento nenhum na minha área e no restante da Casa. Mas tinha um lugar... As caixas fortes. Acelerei o passo até lá e dobrei no corredor onde ficavam. E exatamente como o esperado, encontrei uma entreaberta, e aquilo era estranho, pois a única para estar aberta era onde Moscou estava trabalhando. Fui para mais perto e encostei o ouvido na porta para ouvir alguma coisa, tinha gente falando. 

—E o que ele falou? — Era a voz de Mónica.

—Ele ficou louco — Denver estava lá — Disse que te ama muito...

—O que mais? 

—Disse que quando saíssem daqui... Irão para a Austrália. 

—Austrália? 

—Sim.

Mais alguém murmurou. Tinha mais gente? 

—Também disse que não sabe o que você viu nele — Nisso concordei.

—Austrália... 

—É, Austrália.

—Mas esse é o sonho da mulher dele. Fora que o Arturo sabe que eu tenho medo de voar. Foi ela que entrou, né? A mulher dele entrou com os médicos? A Laura veio aqui? 

—Não.

—Sim, veio.

—Falaram por telefone. 

Porra, ela parecia está muito viva e bem. Aquele desgraçado devia ter nos falado, sabe muito bem que somos diferentes de Berlim e que não iríamos o delatar. Abri a porta e entrei, assim que apareci vi Denver com a M16 apontada para mim, então peguei a minha e mirei também. 

—O que é isso? — Perguntei olhando para Moscou que estava abaixado ao lado da mulher com as mãos sujas de sangue. 

—Uma bala — Ele disse com as mãos erguidas — Uma ferida de bala. 

Abaixei minha arma e avancei devagar para ver aquilo mais de perto. A coxa dela estava a coisa mais terrível do mundo, um buraco todo rasgado e muito sangue descia dele. 

—Ai, Moscou! Fala sério! Você está fazendo uma zona aí! Vai, levanta, sai daí — Ele levantou e me abaixei ao lado dela olhando tudo aquilo.

—Você está sentindo alguma dor? — Perguntei para ela que estava com a cara um pouco feia.

—Não, não, eles anestesiaram. 

—Ah, pelo menos isso fizeram direito, né! 

—Eu vou tomar um pouco de ar — Moscou disse.

—Vai. Minha mãe do céu! Puta que pariu, olha isso! Vocês são uns merdas, não assistiram as aulas não, porra? Olha o que vocês estavam fazendo, iriam amputar a perna dela e nem perto da bala chegariam.

Limpei tudo e cortei sua pele onde a bala havia entrado, estava um pouquinho funda, mas consegui tirar. Lavei com cuidado com a solução e suturei, Moscou havia cortado demais e ela teve que pegar mais pontos que o necessário. Olhei para Mónica e o alívio em seus olhos era maravilhoso, sorte sua que cheguei. 

—Denver, vai buscar alguma vasilha com água para limpar o sangue do corpo dela, ninguém merece ficar assim. — Pedi para ele.

—Beleza — O menino saiu muito depressa para buscar.

—Você está bem? — Perguntei sentando ao seu lado enquanto limpava as mãos.

—Sim, obrigada, de verdade. — Ela sorriu com sua graça.

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora