Capítulo 17

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—"Divide e vencerás" — Escreveu o Professor no quadro — Esse lema ajudou uma pequena aldeia da Itália a dominar o mundo, depois ajudou Napoleão. —Ele foi até sua mesa e pegou uma pilha de portfólios — Que agora ajuda a Polícia Federal.

Ele começou a distribuir entre nós; Situações com reféns: Táticas e Protocolos. Folheei e vi que tinha muita informação, que seria útil sendo bem estudada, já tinha o que fazer nas horas vagas. 

—Eles vão se aproveitar dos mínimos contatos, pra tentar alguns de vocês. — Terminou e foi para o fundo da sala como de costume — Após 48 horas lá dentro, começará a pressão, angústia, negativismo... E é nessa hora que eles vão atrás do elo mais fraco — Ele olhava cada um de nós com cuidado — A fraqueza não está em nós, está em quem deixamos lá fora. Mas quando tentarem um acordo, vocês já terão mais de seis ou oito delitos. Nenhum juiz, poderá garantir a liberdade de vocês. Nenhum. Uma vez lá dentro o único que lhes pode oferecer a liberdade... Sou eu. 

Todos se mexeram desconfortáveis nas suas cadeiras. O que ele estava falando era muito sério, já que nenhum de nós queria ser pego. Ele oferecer liberdade sem ter nenhum vínculo com a justiça - a não ser de forma negativa - era algo de surpreender e levantar desconfiança, pois era uma coisa surreal. 

—Nairóbi? — Chamou. 

—Sim? — Ergui a cabeça do caderno. 

—Gostaria que você escrevesse os nomes e as quantidades de anos de cada delito no quadro enquanto o Rio ler. Pode ser? — Professor foi até minha mesa me entregando o giz.

—Mas é claro. — Levantei e fui até lá. 

—Comece. — Pediu ao garoto. 

—Roubo com violência: 2 a 5 anos. Crime contra a liberdade, sequestro e condicionamento de libertação: 40 anos — Eu ia fazendo um esquema nada bonito no quadro, mas de fácil entendimento, acho — Hackear alarmes, crime cibernético: 6 meses a 2 anos. Perturbação da ordem pública: 1 a 6 anos. Lesão corporal: até 8 anos por cada ferido. — Terminou ele. 

—E com os reféns fica bem mais difícil — Retomou o Professor — Sessenta e sete reféns. E o código penal estabelece seis a dez anos para cada um dos sequestrados. Estamos falando de... Bom, se pegarmos um juiz bem duro, será 723 anos pedidos pela acusação, o mínimo que podem oferecer, o juiz ou o promotor se não sacanearem no Código Penal, são 173 anos. Então não se enganem — Terminei de escrever e parei para olhá-lo — O Código Penal são as regras do jogo de qualquer país, ninguém pode passar por cima. A não ser que vocês peçam um indulto do presidente, coisa que na hora eles vão prometer mas não vão dar, porque o que eles realmente querem é a liberdade dos reféns e acabarem com o assalto, o resto é apenas resto. Agora, aula amanhã na parte da manhã ao ar livre, vamos aprender a utilizar uma arma melhor. Helsinque e Oslo serão nossos treinadores. 

Recolhemos nossas coisas e começamos a sair. Fui guardar os meus no quarto e fui para a cozinha, era dia de eu e Tóquio fazermos o almoço. Encontrei a mesma sentada na mesa da cozinha a beber um suco de laranja e ler o portfólio que o Professor havia entregado a nós. 

—O que está rolando? Acabou seu estoque de bebidas e está recorrendo ao suco? — Falei indo até a geladeira e vendo o que tinha de bom para fazer. 

—Preciso me concentrar, e álcool me deixa agitada — Disse sem tirar os olhos dos papéis. 

—Certo, agora vamos deixar a menina estudiosa de lado e bancar a cozinheira — Falei colocando frascos de ketchup, maionese, requeijão e tudo o que encontrei na minha frente sobre o balcão — O que vamos fazer? 

Ela levantou e veio até mim analisando tudo, parecia mais perdida que eu. 

—Eu não faço ideia... — Pegou o ketchup — Vamos fazer cachorro-quente. 

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora