Capítulo 20

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Terminei de arrumar meu cabelo, deixando-o solto e me afastei mais para olhar-me toda no espelho: Até que não estava tão ruim; o vestido vermelho florido de alças caía bem em meu corpo abraçando minhas curvas, era um pouco acima dos joelhos e de um tecido fino. As botas pretas de cano curto deu uma melhorada no look, enchi meus dedos de anéis como gostava e pus meu inseparável colar. Não passei quase nada de maquiagem, apenas o lápis de olho para destacar mais meus traços fortes, peguei meu casaco preto felpudo e estraguei o visual. Ah, dane-se! Estava frio. 

Duas batidas familiares me assustou, fui até lá e abri a porta para um Berlim vestido numa roupa nem um pouco fora do comum: Terno marrom, gravata azul e muito cheiroso. Fiquei embriagada com seu perfume, o que me fez abraça-lo e repousar o rosto entre seu ombro e pescoço, fechei os olhos e inalei cada partícula, sentindo o corpo relaxar. 

—Você está linda — Sussurrou em meu ouvido — Sex sem ser vulgar. 

—Você não está fora do comum, só extremamente cheiroso — Falei roçando o nariz em sua bochecha. Créditos de sermos quase da mesma altura. 

—Vamos? Porque esse seu vestido está me forçando a tirá-lo aqui mesmo — Disse me despertando do encanto.

—Sim, vamos — Ri e fui até o criado-mudo e apaguei o abajur.

Saímos e fechei a porta do quarto bem devagar, em seguida descemos as escadas e saímos da casa. Até que não estava tão frio como pensei, olhei para Berlim esperando qual seria o próximo passo. Ele pegou em minha mão e me levou em direção ao fundo da casa, entramos numa vereda que poucos metros depois chegou numa clareira.

—Quer dizer que o lugar especial era no meio do mato? Impressionante. — Falei irônica e maravilhada com a vista. 

—Não seja tão apressada, só me acompanhe. — Falou e continuamos a atravessar o local.

Caminhamos mais um pouco e a estrada foi tendo uma elevação, logo estávamos subindo um morro muito íngreme. Só não estava pior por conta do claro da lua, que iluminava o caminho.

—Eu espero muito que você me impressione, tá? Porque eu não estou gostando nada disso... —Minhas palavras morreram assim que terminei de subir. 

Estávamos no alto de uma colina com a visão de toda a cidade. Olhei ao redor impressionada com a altura que subimos, não pensei que era tão alto. Um pouco adiante tinha uma toalha no chão, parecia ser um piquenique, depois vinha outra toalha branca com vários travesseiros e cobertores. Fiquei parada no mesmo lugar sem saber o que era mais lindo. 

—Gostou? — Senti Berlim chegar por trás e pôr as mãos em minha cintura e beijar meu ombro. 

—É tudo muito lindo — Consegui falar depois de uma fração de segundos. 

Olhei o céu e a emoção só fez aumentar: Dava para ver todas as estrelas e mais ao norte a lua gigante, parecia quase poder tocá-la. Virei para olhar Berlim com os olhos mareados, abracei-o forte. 

—Fez tudo isso sozinho? — Falei contendo as emoções.

—Sim — Ele sorriu cativante — Corri contra o tempo hoje. 

Ah, então foi por isso que não o vi a tarde toda. Suspeitei que estaria organizando tudo, menos que seria num lugar tão incrível como esse. 

—E arrasou — Beijei seus lábios — Não consigo imaginar nada melhor. 

—Pensei em levá-la em um restaurante de qualidade, mas você retomou às pazes um pouco tarde e não consegui reservas — Disse ele me levando até a primeira toalha e sentamos cada um de um lado — Então tive que improvisar. Na verdade não era bem o que eu queria. 

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora