Capítulo 50

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—Alison, aqui, leva esses dois — Indiquei os pacotes que havia acabado de embalar para a menina. 

Ela saiu toda desequilibrada com aqueles dois rolos pesados e fechou a porta, voltei a embalar os restante do dinheiro já um pouco sem paciência com tantas notas, minhas mãos já estavam doendo.

—Vamos desligar as máquinas e apagar os registros — Berlim entrou na sala falando — Depois tirem os HDs, a gente vai levar.

—Olha só, falta muito pouco para chegar em um bilhão —Falei não ligando para seu pedido — É só imprimir umas folhas, cortar e pronto. Quanto tempo precisamos, Sr. Torres? — Virei para o velho.

—Onze minutos.

—Onze minutos! — Olhei para Berlim. 

—Está arredondando, Nairóbi — Ele disse em tom sarcástico. Lá estava aquele miserável de novo — Isso não é brincadeira e nem um programa de TV.

—Cuida das suas malas que do dinheiro cuido eu — Parti logo para a ofensa — Se eu disse que vou sair daqui com um bilhão, eu vou sair daqui com um bilhão!

—Se eu disse pra parar, então para! — Ele gritou. 

Ficamos segurando o olhar um do outro por um tempo até ele falar. 

—Sabe por que eu sou o chefe? Porque você não pensa direito. Quer jogar tudo fora por um bilhão? 

—Berlim, me deixa terminar o meu trabalho...

—Não, não — Ele continuou — Por não usar a cabeça direito perdeu seu filho.

Mas que filho da puta! Que golpe baixo do caralho...

—Mas como eu estou no comando, isso não acontece, Nairóbi — Ele concluiu um pouco retraído por suas palavras ofensivas. 

Comecei a rir sem graça como forma de controlar a raiva que estava enchendo meu coração. Eu não iria xingar ele e nem mandá-lo tomar no cu, iria usar minhas cartas também já que o jogo era aquele. 

—Não, claro que não — Comecei já sem ligar para o que iria dizer — Sob seu comando, uma refém tem nojo até de olhar pra sua cara. Não é Sr. Torres? — Perguntei e ele apenas sorriu.

Berlim começou a rir como se eu tivesse acabado de contar uma piada muito boa, aquilo só me irritou mais e mais, fazendo falar tudo o que Ariadna havia dito.

—Você é tão bom no comando que passa isso para as pessoas, e tenho certeza que não é só ela que te despreza. Eu ouvi ela no banheiro, disse que sente tanto ódio e nojo de você que toma quatro calmantes por dia só pra conseguir olhar pra você. Disse que você também é um machista de merda e um lixo. Aproveita que sou eu que estou te falando, e não ela, pois sei que ficaria muito desapontado com a posição de sua querida secretária — Cuspi as palavras — Você fodeu com a vida dela. É isso que você melhor faz; ferrar com a vida das pessoas. 

Ele já não sorria mais e seu rosto estava muito sério e pude ver o ódio iluminar todo seu rosto. Ele mais do que ninguém sabia que eu estava falando do Berlim, que o Berlim imundo e porco que existia nele estava afetando o Andrés, e isso era bom ele saber. 

—Torres, — Ele voltou a falar sem tirar o olhar do meu — Desligue as máquinas.

—Srta. Nairóbi... — Sr. Torres voltou para mim, pois sabia que a ordem principal naquele setor vinha de mim.

Virei para ele e pus a mão em seu rosto.

—Pode desligar as máquinas, Sr. Torres. 

—Tudo bem — E saiu.

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora