Capítulo 46

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—Temos colocar ele em algum lugar, preciso cobrir isso e ele não pode ficar aqui nesse chão frio e sujo — Falei após terminar de pôr o acesso. 

—Aqui — Helsinque disse já trazendo uma mesa de carrinho — Vamos colocá-lo aqui.

Helsinque foi para o lado de sua cabeça e Denver para os pés, cada um segurou firme e o levantou. O grito de dor do Moscou parecia rasgar o peito de tão sofrido que era. Um soluço rompeu meu peito mas tratei logo em manter a postura, precisava ser forte agora. Olhei para Tóquio que passou o dorso da mão no rosto para limpar as lágrimas e deu as costas saindo, suas mãos estavam todas ensanguentadas. 

Respirei fundo e me aproximei de Moscou, que gemia de dor. Havia muito mais sangue nele depois de levantá-lo, sujando tudo. Pedi ajuda aos meninos e tirei sua camisa, o que me fez ficar mais horrorizada ainda. Ele havia sido atingido em pontos sensíveis e perigosos, a região da barriga era algo sério, e ele precisava de um cirurgião. Coloquei minha dor de lado e comecei a limpá-lo com a ajuda dos outros, cobri os buracos já com o sangramento controlado e depois enrolei tudo com gaze, ficou até com a aparência de que estava muito bem.

—Você vai ficar bem, Moscou — Falei beijando sua testa — Nós vamos cuidar de você, prometemos. 

Ele deu um sorriso fraco deixando os olhos semiabertos, a quantidade absurda de morfina estava fazendo efeito, ele não sentia mais nada. Nesse momento me afastei dando as costas para eles e as lágrimas vieram descontroladas. Mordi meus dedos para controlar a dor, era muito difícil de aceitar. Senti mãos em meus ombros e virei para ver Helsinque me olhando com a mesma expressão de preocupação.

—Helsi — Falei pegando sua mão e apertando — O Moscou não está bem. Ele está muito mal. 

—Calma, pequena, ele vai ficar bem...

—Como? Foram três tiros, Helsi, três! — Falei com a voz cortando pelo choro — E foi no estômago. Nós dois sabemos o que isso significa. 

—Vem aqui. — Helsi me puxou para seus braços.

Me agarrei a ele e enfiei meu rosto em seu peito chorando. Eu nem sabia o que pensar, a dor era muito grande. Apenas a ideia de perder Moscou já causava tonturas. 

—Nairóbi — Ouvi Moscou chamar — Vem aqui, filha.

Olhei para Helsinque que balançou a cabeça afirmando para que eu fosse. Limpei o nariz e as lágrimas e fui até ele, segurei suas mãos e fiquei a encarar aquele rosto que sempre trazia uma paz se desfazendo e sendo ocupado por dor. Moscou era tão especial para mim...

—Estamos perto de 1 bilhão? — Ele perguntou me olhando.

—Quase — Falei baixinho.

—Então vamos sair com 1 bilhão. Quero que volte para seu trabalho, todos aqui precisam de você também para saírem multimilionários. Você é a única pessoa capaz que conheço de fazer tal coisa. 

—Mas preciso cuidar de você... — Passei a mão no seu cabelo.

—Eu vou ficar bem, querida, aguento mais um pouco. Aliás, o Professor vai dar um jeito em arrumar esse estrago aqui. — Disse rindo e todos nós o acompanhamos.

—O Professor? — Eu nem sabia mais o que dizer do Professor, ele sempre sumia quando as coisas estavam bem feias.

—Sim. Você confia no professor? — Ele perguntou apertando minha mão com o restante da sua força.

Balancei a cabeça afirmando. Apesar de tudo, eu ainda confiava.

—Então cria coragem, põe a sua alegria de volta no rosto e vai imprimir seu dinheiro, Nairóbi. Temos que ter mais da quantia certa para podermos tomar muita caipirinha todos juntos.

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora