Capítulo 53

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Como eu não piscava, não me movia, falava e muito menos respirava, ele então avançou até mim e me abraçou. A partir do momento que senti aquele cheiro amadeirado, vinho e cigarro, não tive mais dúvida. Meus braços o agarraram e o trouxeram para bem perto de mim, e nesse momento os soluços romperam meu peito e eu chorei desesperadamente.

Era ele. Era o Berlim. O amor da minha vida. Ele estava na minha frente. Estava me abraçando. Todas as minhas lembranças ganharam mais uma tonalidade de cor por está novamente sentindo tudo o que estava apenas nelas. A pessoa que passei um ano inteiro querendo ter de volta realmente estava aqui. A pessoa que eu pedi quando assoprei as velinhas do meu bolo. E a pessoa que mais uma vez, estava aqui dando sentindo ao dia do meu aniversário.

Me afastei dele e o olhei pois estava diferente: Seu cabelo não era mais naquele estilo despojado que sempre usava, estava cortado muito baixo dando mais um ar de juventude. Ele estava bem mais forte e com cor, e... Não usava seu natural e inseparável terno. Pelo contrário; estava de jeans e uma camiseta preta de mangas curtas. Não era o Berlim que eu estava acostumada, mas uma versão bem melhor dele. Depois de fazer esse check up do seu visual, as perguntas múltiplas vieram na minha mente. 

—Como você...? — Comecei olhando aqueles olhos profundos, iguais de Madrid.

—Vamos sentar ali para conversar — Indicou para a mesa ao lado da porta.

Como eu ainda não tinha ação para me mexer, ele pegou em meu braço com todo cuidado e me levou até lá. Em modo automático sentei na cadeira e ele na minha frente. Fiquei o encarando ainda assimilando tudo, o que parecia mesmo um devaneio. Andrés de Fonollosa estava vivo e na minha frente... 

—Eu tenho tantas perguntas... — Comecei assim que ele empurrou a caneca de café na minha frente, eu nem lembrava mais.

—Eu sei — Falou com aquele sorriso que trouxe de volta as mesmas sensações de antes. 

Lentamente eu estava caindo na real e vendo que nada daquilo era um sonho, era tudo verdade. Assim, as perguntas cheias de dúvidas começaram a preencher minha cabeça. 

—Como você conseguiu...? — Perguntei sem palavras para completar a frase.

—Resolvi me render — Falou apoiando os cotovelos na mesa — A meta sempre foi não ir para a cadeia de novo, pois lá eu saberia que morreria e também não queria dar o gosto da minha derrota tão fácil assim para aquele bando de urubus. Me rendi porque confiava no meu irmão, e se eu fosse preso, ele procuraria algum jeito de me libertar. Jamais deixaria seus companheiros na mão, principalmente seu irmão.

—Mas como saiu da cadeia? — As perguntas vinham e eu jogava.

—Sérgio contratou os mesmos sérvios que resgataram a Tóquio para me salvarem. Só que com bem mais deles e de forma mais elaborada. A polícia estava bem esperta para não ocorrer isso, mas perderam mesmo assim.

—Mas o Professor estava com a gente atravessando a fronteira durante dois dias até a França... Como foi possível? 

—Fiquei preso durante um mês — Ele me olhava com os olhos brilhando — No caminho da audiência que daria uma sentença final para a minha vida, fui resgatado e mandado direto para Filipinas, onde Sérgio estava.

—E por que você passou esse tempo todo sem me procurar? — Perguntei logo em seguida sentindo uma pontada no peito.

—Por você — Disse dando aquele sorriso de lado que eu tanto amava.

—Por mim? — Perguntei inclinando a cabeça.

—Sim.

—Como assim?

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora