Capítulo 18

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Subi as escadas de dois degraus para chegar logo em meu quarto, entrei e bati a porta me jogando na cama, mas a primeira coisa que senti foi seu cheiro nos meus lençóis. Fechei os olhos e fiz minha respiração desacelerar e meu pulso voltar ao normal. As lágrimas não vinham, mas meu coração doía com as palavras de Berlim. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele faria alguma coisa para me ferir, mas jamais pensei que seria com a pessoa que mais amo nesse mundo e que estou fazendo de tudo por ela. Mas ele era o Berlim, a pessoa mais egoísta que se existia. E a pessoa pela qual eu havia me apaixonado também.

Eu tinha mesmo o dedo podre para homens, era um desgraçado pior que o outro que entrava na minha vida de forma linda e que saía da pior, me deixando dilacerada por dentro e ferida. Não sei por qual razão pensei que com Berlim seria diferente, logo ele, que era da pior espécie que existia. Mas o erro não foi por ele ser o infeliz que é, e sim, por eu ter me apaixonado tanto. Prometi a mim que seria só uma diversão, coisa que não passaria de 5 meses, mas agora aqui estou eu: Magoada com alguém que se pode esperar tudo.

Passei a tarde toda rebobinando cada palavra que ele havia dito. Eu queria que ele sumisse, não queria nunca mais olhar na sua cara e nem ouvir sua voz. A vontade que eu tinha era de pegar minhas coisas e ir embora, fingir que nunca pisei nesse lugar e que nunca conheci essas pessoas, o Professor não iria me impedir. Mas eu estava ligada a essas pessoas, já tinha criado laços com cada um e seria uma decisão difícil de se tomar. Se eu saísse daqui, as chances de ter o Axel seria mais difícil e demorado, teria que mudar minha vida 100% e não seria fácil. Ninguém iria querer dar um emprego para uma ladra, traficante e ex presidiária, seria a mesma merda de vida de antes.

Respirei fundo e deixei os neurônios se acalmarem. Eu já estava pensando besteira demais por alguém que não valia a pena, só eu sairia perdendo. Maldita hora que fui me envolver, maldita hora que inventei aquela brincadeira e o permiti me beijar, eu sou a culpada por tudo isso!

Batidas na minha porta me trouxeram para a vida real, para meu quarto e para minha cama.

—Entra — Pigarreei.

Era o Professor. Eu tinha de inventar alguma desculpa por ter passado o dia no quarto e não ter descido para jantar.

—Nairóbi, você está bem?

—Acho que estou com febre. — Sentei na cama gemendo.

—Deixa eu ver — Ele sentou ao meu lado e pôs a mão em minha testa medindo a temperatura —Não. Não parece febre. Talvez tenha sido o churrasco porque eu também não estou bem.

Olhei para ele com mais atenção, seria uma boa oportunidade para eu dar início ao processo de esquecer o Berlim?

—Então deita aqui — Afastei de lado — Tem espaço.

Ele não mexeu um músculo, ficou todo parado igual uma estátua.

—Prof. — Ri da sua cara — Eu não mordo não.

Ele apenas suspirou e deitou ao meu lado. O lado do Berlim. Ágata, para!

Ficamos lado a lado, respirei fundo colocando a mão no peito e criando coragem para o que eu estava prestes a fazer, mas estava tudo tão parado.

—É impressão minha ou... — Olhei para ele — Está dando pra sentir uma tensão no ar?

Vários segundos depois ele responde:

—Tensão? Aqui?

—Talvez seja... — Me virei apoiando minha cabeça na mão e aproximando-me mais dele — Porque estamos há 4 meses aqui trancados ou... A febre... Ou o seu sex appeal — Falei toda perdida tocando sua gravata e me concentrando em sua boca — Você não sente o mesmo por mim?

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora