Capítulo 36

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Tóquio e Rio foram ver os reféns enquanto todo o resto subiu para a nossa sala. Me recostei na mesa com um cansaço enorme e tossindo um pouco por conta da poeira que teve, Moscou e Berlim ficaram de um lado para o outro enquanto Denver correu até o telefone para ligar para o Professor, que atendeu logo. 

—Por que não avisou a gente? Por que? — Denver gritava com ele — Onde você estava? Onde caralho você estava?! — Sem obter resposta ele desligou o telefone — Porra!

—Homem ferido! Homem ferido! Ajudem! — Helsinque entrou gritando e arrastando Oslo.

—O que aconteceu? — Denver o ajudou a colocá-lo no sofá — Helsinque o que houve? 

Fui para mais perto para ver o que tinha sido e me assustei quando vi Oslo com a cabeça enfaixada e com muito, mas muito sangue. 

—Reféns! Fuga! Golpe muito forte. Traumatismo — Ele o ajeitava melhor enquanto falava — Denver, você sabia da fuga? Qual refém fez fuga? — Denver apenas olhava para nós sem saber o que dizer — Qual refém! — Helsi repetia.

—O Arturo. Ele me contou mas... Mas eu não cheguei a tempo. 

Quando pensei que aquele cara não podia aprontar mais, me vem essa. Eu já estava nervosa de novo olhando para Oslo daquele jeito; imóvel, olhos parados e vazios. Ele até parecia que estava... Morto? Tal pensamento me fez estremecer e já pude sentir um nó na garganta. 

—Arturo. — Helsinque disse olhando para a cabeça de Oslo que estava muito delicada. 

Berlim foi até ele e o examinou melhor e com cuidado. Olhei para Moscou com os olhos mareados já sabendo que aquela situação não era nada boa, que Oslo não estava nada bem. 

—Helsinque — Berlim o chamava e ele apenas continuava a encarar seu primeiro — Helsinque! O Oslo está mal. 

—Não — Helsinque negava sem acreditar nas palavras de Berlim, o que me fez mais dor.

—Ele está gravemente ferido, Helsinque.

—Não. Não. Gravemente ferido não. Gravemente ferido não — Ele dizia cheio de esperança.

Todos nós nos entreolhávamos já sabendo que Oslo estava praticamente morto. Essa ideia abalava todos nós e uma sombra de medo pairava no ar de forma pesada. 

—Ele só precisa descansar. E remédio. Precisa de remédio. Eu tenho remédio. — Helsi remexia nos bolsos.

—Por que ele está de olhos abertos? — Perguntei afim de tirar minhas péssimas conclusões, mas não obtive resposta.

—Agora, dou prednisona, anti-inflamatórios e heparina. Ele vai dormir. Amanhã, Oslo melhor. — Helsi disse e começou a falar em sua língua para seu primo.

Moscou foi até o lado de Helsinque e pôs a mão em seu ombro afim de acalmá-lo. Meu peito doía de tristeza por vê-lo daquela forma e Helsi desesperado para tê-lo de volta, seria uma dor descontrolável para Helsinque. 

—Moscou — Ele virou — Não se preocupa. Eu e Oslo, já tivemos resfriados piores que este. — Disse rindo como para nos tranquilizar, Moscou riu apenas para não machucá-lo mais.

Comecei a chorar sentindo meu peito doer por saber que Oslo não se curaria daquele resfriado. Não ali com a gente e com os remédios que seu primo lhe dava. Olhei para os outros que choravam igualmente, menos Berlim, que estava impassível. Helsinque balançava sua cabeça e falava com ele, sem obter resposta alguma, ele então fechou seus olhos e deitou a cabeça em seu peito chorando. 

Moscou voltou para meu lado e me puxou para seu colo, onde desabei. Eu chorava descontroladamente, sentindo a dor da perda dominar meu corpo de vez. Só precisava um de nós morrer para tudo começar a dar errado dali adiante. Mas logo o Oslo, que sempre foi quieto e só transmitia medo pela aparência, mas que tinha um coração bom. 

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora