Capítulo 40

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Fiquei parada no mesmo lugar assimilando tudo aquilo e me perguntando o que diabos estava acontecendo comigo para deixar aquele filho da puta me tratar daquele jeito. Gritei furiosa e soquei a mesa para aliviar o que eu estava sentindo, fiquei com falta de ar e sufocada, então desci meu macacão até a cintura para aliviar mais.

Arrastei uma cadeira e coloquei perto do sofá próxima de Rio e sentei. Fechei meus olhos e pensei em tudo que já tinha acontecido desde que chegamos, quase chego na conclusão que nós mesmos nos mataríamos aqui dentro com essa situação toda. As palavras de Tóquio voltaram em minha mente e dediquei a raciocinar elas mesmo sabendo que eram dolorosas, mas que eram a mais pura verdade. Axel não vai me reconhecer nunca. Serei como uma estranha, e na pior das hipóteses, uma bruxa que queria sequestrá-lo.

Rio começou a tossir e revirar os olhos, estava acordando. Ele fazia umas caras e bocas estranhas e tentava levantar mas não conseguia.

—Não consigo... — Falou entre suspiros.

—Como vai conseguir se te injetaram um sossega leão? Um sedativo hipnótico. Relaxa e aproveita — Falei lembrando da sensação parecida que as drogas causavam.

—Água... — Ele pediu virando para a mesinha — Por favor.

Peguei a garrafa sobre ela e estiquei para ele que a pegou e bebeu deitado mesmo, depois me entregou.

—Volta a dormir — Mandei sem um pingo de paciência.

—Não dá pra dormir, não paro de sonhar com a Tóquio. — Ele tentava sentar no sofá.

—A Tóquio é uma filha da puta. — Falei sentindo o gosto amargo das minhas palavras.

—O quê? — Ele me olhou.

—Sabe o que a sua namorada fez com o único sonho que eu tinha na minha vida? Ela enfiou na boca, mastigou e cuspiu na minha cara — Falei já sentindo o nó na garganta.

Com todo esforço do mundo ele conseguiu sentar no sofá e me olhar.

—E sabe qual o pior de tudo? Ela tem razão. Eu ia sequestrar um menino que nem sequer sabe quem eu sou — Não consegui conter e comecei a chorar — Eu ia sequestrar um menino que nem sequer sabe quem eu sou! — Enfiei o rosto entre as mãos e deixei as lágrimas caírem — E agora eu nem sei o que fazer com esse dinheiro — Meu peito rompia em soluços.

—Bem... — Começou ele — Talvez não agora, mas... Daqui alguns anos procura por ele... E se explica.

Olhei para ele secando o rosto e bufei da sua sugestão. Se seria difícil agora, imagina depois dele bem maior e esperto.

—Você diz: "Olha só, eu sou sua mãe, estou milionária na Jamaica. Se quiser saber o resto da história, eu compro um avião e você vem me ver." — Ele mesmo riu da sua ideia — E além disso você é muito jovem. Tem dois ovários, não tem? Tem outro filho.

Mantive o rosto sem expressão assimilando aquela merda que ele estava falando. Eu sabia que ele era um garoto e infantil, mas não tanto assim antes de ouvir aquilo que ele havia acabado de falar.

—É. Que fácil não? — Sorri irônica para ver se não explodia enquanto ele ria. Iria brincar até ele sentir o peso das suas próprias palavras — Olha... Você me daria um filho? Faria isso?

Rio gargalhou alto antes de responder.

—Claro.

—É? — Descruzei minhas pernas e me estiquei até ele.

—Como você quer? Loiro ou moreno?

—Eu não estou brincando — Falei sorrindo perversa e vi seu sorriso de desfazendo — Se eu sair daqui, vou precisar de uma razão para viver. — Sentei bem colada dele e esfreguei minhas pernas. Aquela brincadeira estava realmente me deixando excitada, o que era estranho pra caralho.

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora