Capítulo 31

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DOMINGO - 08:35 - 46 HORAS DE ROUBO

Passar a noite inteira acordada realmente não era nada legal. Claro que já passei muitas noites em claro em baladas e festas, mas era diversão o tempo todo, nada comparado em ficar com a cara enfiada em cálculos, papéis e notas, o que era muito desgastante. Saí da gráfica e fui até o banheiro para lavar o rosto e despertar para mais um turno com os reféns, quando estava saindo encontrei Tóquio no corredor.

—Estava te procurando. — Disse se aproximando com um copo na mão. Era milk shake — Trouxe pra você.

—Onde você arrumou isso? — Falei pegando o copo. 

—Esses reféns estão sendo úteis, até. — Falou sorrindo.

Balancei a cabeça e destampei o copo para ver o conteúdo; era morango com chantilly. Assim que o aroma dele passou pelo meu nariz, uma náusea terrível fez meu estômago embrulhar causando ânsia de vômito, joguei o copo para Tóquio e voltei correndo para o banheiro me lançando na primeira cabine. 

Joguei fora todas as besteiras que comi durante a noite, me sentindo completamente vazia e enjoada. Saí da cabine e fui até o espelho com o mundo girando ao meu redor, mas aos poucos foi passando e me apoiei na pia para me olhar no espelho; estava parecendo um fantasma. 

—Ei, o que foi? — Tóquio chegou ao meu lado com o maldito copo na mão.

—Tira isso de perto de mim, por favor. — Apontei para ele.

Ela então foi até o cesto de lixo e o jogou dentro, desperdiçando-o. 

—O que você está sentindo? — Ela pôs a mão em meu ombro.

—Só fiquei enjoada com o cheiro do milk shake. — Enxaguei minha boca para ficar melhor e molhei o rosto mais uma vez.

Tóquio passou vários segundos em silêncio, virei para olhá-la e me assustei com sua expressão que não pude decifrar.

—O que é? 

—Você está grávida?

Suas palavras me fizeram ficar com a boca seca e espantada. Mas que merda ela estava falando? Era uma idiotice das boas, e eu não estava esperando.

—Não, não, impossível. Eu fiquei menstruada semana passada, não tem a mínima possibilidade. — Falei enquanto secava as mãos e virava para ela. 

—Mas isso acontece...

—Não acontece não — Interrompi — Nós nos cuidamos muito bem. E se eu tivesse saberia, não seria a primeira vez. 

—Se é o que diz... — Ela falou sorrindo.

—Para de ser idiota. — Falei respingando água nela.

Berlim apareceu na porta e ficou nos olhando, assim que o viu, Tóquio deu meia volta e saiu sem dizer nada esbarrando em seu ombro, o que o fez fechar os olhos de indignação. Ele começou a caminhar até a mim devagar e em silêncio, e eu evitando o máximo possível não encará-lo, pois sabia que perderia a postura.

—Nairóbi, precisamos conversar... — Disse assim que se aproximou o suficiente de mim.

—Algo sobre o assalto? Precisa de alguma coisa? — Perguntei séria.

—Preciso sim. Preciso que você pare e me ouça. Desde aquela discussão que você não fala mais comigo como antes, não quer conversar e muito menos me quer por perto. Se paramos para nos falar cara a cara é para brigarmos e isso não é nada bom, eu quero que a gente resolva isso de uma vez por todas.

Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora