DOMINGO - 08:35 - 46 HORAS DE ROUBO
Passar a noite inteira acordada realmente não era nada legal. Claro que já passei muitas noites em claro em baladas e festas, mas era diversão o tempo todo, nada comparado em ficar com a cara enfiada em cálculos, papéis e notas, o que era muito desgastante. Saí da gráfica e fui até o banheiro para lavar o rosto e despertar para mais um turno com os reféns, quando estava saindo encontrei Tóquio no corredor.
—Estava te procurando. — Disse se aproximando com um copo na mão. Era milk shake — Trouxe pra você.
—Onde você arrumou isso? — Falei pegando o copo.
—Esses reféns estão sendo úteis, até. — Falou sorrindo.
Balancei a cabeça e destampei o copo para ver o conteúdo; era morango com chantilly. Assim que o aroma dele passou pelo meu nariz, uma náusea terrível fez meu estômago embrulhar causando ânsia de vômito, joguei o copo para Tóquio e voltei correndo para o banheiro me lançando na primeira cabine.
Joguei fora todas as besteiras que comi durante a noite, me sentindo completamente vazia e enjoada. Saí da cabine e fui até o espelho com o mundo girando ao meu redor, mas aos poucos foi passando e me apoiei na pia para me olhar no espelho; estava parecendo um fantasma.
—Ei, o que foi? — Tóquio chegou ao meu lado com o maldito copo na mão.
—Tira isso de perto de mim, por favor. — Apontei para ele.
Ela então foi até o cesto de lixo e o jogou dentro, desperdiçando-o.
—O que você está sentindo? — Ela pôs a mão em meu ombro.
—Só fiquei enjoada com o cheiro do milk shake. — Enxaguei minha boca para ficar melhor e molhei o rosto mais uma vez.
Tóquio passou vários segundos em silêncio, virei para olhá-la e me assustei com sua expressão que não pude decifrar.
—O que é?
—Você está grávida?
Suas palavras me fizeram ficar com a boca seca e espantada. Mas que merda ela estava falando? Era uma idiotice das boas, e eu não estava esperando.
—Não, não, impossível. Eu fiquei menstruada semana passada, não tem a mínima possibilidade. — Falei enquanto secava as mãos e virava para ela.
—Mas isso acontece...
—Não acontece não — Interrompi — Nós nos cuidamos muito bem. E se eu tivesse saberia, não seria a primeira vez.
—Se é o que diz... — Ela falou sorrindo.
—Para de ser idiota. — Falei respingando água nela.
Berlim apareceu na porta e ficou nos olhando, assim que o viu, Tóquio deu meia volta e saiu sem dizer nada esbarrando em seu ombro, o que o fez fechar os olhos de indignação. Ele começou a caminhar até a mim devagar e em silêncio, e eu evitando o máximo possível não encará-lo, pois sabia que perderia a postura.
—Nairóbi, precisamos conversar... — Disse assim que se aproximou o suficiente de mim.
—Algo sobre o assalto? Precisa de alguma coisa? — Perguntei séria.
—Preciso sim. Preciso que você pare e me ouça. Desde aquela discussão que você não fala mais comigo como antes, não quer conversar e muito menos me quer por perto. Se paramos para nos falar cara a cara é para brigarmos e isso não é nada bom, eu quero que a gente resolva isso de uma vez por todas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Berlim e Nairóbi - Amor acima de tudo
FanfictionÁgata Jiménez tem a esperança de que sua vida possa mudar após esse assalto A Casa da Moeda da Espanha, resolvendo todos os seus problemas. Mas mal sabia ela que esses 5 meses na casa de Toledo poderiam ser incríveis. Principalmente por ter Berlim c...