Capítulo 9

22 1 0
                                    

Seul, Coreia do Sul, ano de 2014.

- Sr. Bae Dae-jung, jura dizer a verdade, somente a verdade é nada além da verdade? – O oficial perguntou enquanto segurava a Bíblia.

- Eu juro.

- A acusação pode iniciar as perguntas. – O juiz proferiu.

- Sr. Bae Dae-jung, o senhor foi o engenheiro responsável pela construção do Gyeongbokgung building?

- Sim.

- O senhor estava ciente de que o edifício não poderia ser construído no terreno escolhido por ter risco de deslizamento? – A acusação estava feliz com o andar do julgamento.

- Sim. – Bae Dae-jung estava apático.

- O senhor concorda comigo que foi sua irresponsabilidade seguir com o projeto mesmo sabendo do problema?

- Em partes. – Ele disse com a voz firme. – Quando eu vou poder dar meu depoimento?

- Concentre-se em responder as perguntas. – O juiz o alertou.

- O senhor foi o engenheiro responsável pela construção, sabia do problema, prosseguiu com o projeto, assinou um termo afirmando que a construção era segura quando surgiu uma oposição, certo?

A acusação estava claramente na frente.

- Qual seria o sentido que depois do acidente o senhor alegar que não foi o responsável? – O advogado tentou disfarçar sua satisfação. – Qual o sentido de um grupo que não tem relação com o caso se envolver nos acordos com as vítimas e ainda silenciar a mídia? Me refiro ao Bae group.

- Protesto. – O advogado de defesa bradou. – Ele está insinuando sem provas.

- Aceito. – O juiz concordou. – Advogado Kim, o senhor tem provas de que houve um envolvimento direto do Bae group no caso? Caso contrário, anularei sua acusação.

- Tenho uma mensagem escrita da Sra. Bae Eun-ji para o Korea Daily News marcando um encontro para resolver uns assuntos pendentes.

- Protesto, meritíssimo! Especulação. Uma mensagem para resolver assuntos pendentes não implica que a Sra. Eun-ji teve um envolvimento direto e relevante para o caso.

- Aceito.

- Meritíssimo, uma jornalista do Korea Daily News confirmou e deu provas de que a Sra. Eun-ji pagou ao jornal para não publicar a matéria completa sobre o acidente.Tenho o jornal original aqui comigo, Meritíssimo.

- Protesto, Meritíssimo. O jornal pode ter sido alterado pela jornalista com o único intuito de ganhar dinheiro.

- Negado. – O juiz o ignorou. – Advogado Kim, deixe-me vê-lo.

O oficial pegou o jornal e entregou ao juiz.

- Advogado Kim, o senhor tem como provar a veracidade desse jornal?

- Sim, Meritíssimo. Gostaria de chamar para depor a jornalista Kang Ha-yun.

O juiz confirmou. Sentada nas cadeiras reservadas aos telespectadores, estava a mãe de Dae-jung conversando com Young-Chul.

- Young- Chul, eu pensei que tivesse sido clara quando disse que não queria vestígios. – Ela sussurrava enquanto tentava disfarçar que estava conversando.

- Eu cuidei de tudo, Sra. Eun-ji. – Ele tentou se justificar. – Comprei o silêncio de todos naquele lugar e vi cada exemplar ser triturado, não entendo como a essa cópia está nas mãos desse advogado. – Young- Chul deu uma pausa pois haviam algumas pessoas olhando. - Nós fomos os únicos a ter acesso aquele pendrive e se me lembro bem, a senhora o destruiu.

- Você está certo. – Ela levou a mão a boca inconformada. – Tanto trabalho para encobrir isso e bastou uma qualquer ingrata para estragar tudo.

- Sra. Eun-ji, vou descobrir o que houve e tentar resolver isso.

- Não precisa! – Ela pegou sua bolsa e começou a se levantar. – Vou cuidar disso pessoalmente.

A jornalista Kang Ha-yun já estava sentada no local destinado e respondendo às perguntas da acusação.

- Srta. Kang Ha-yun, a senhora é a autora deste artigo que relata sobre as causas do acidente do Gyeongbokgung building?

- Sim sou eu.

- A senhorita poderia relatar o que aconteceu no dia anterior à publicação desta matéria?– O advogado demonstrava genuíno interesse.

- Meu texto havia sido revisado e aprovado para ser a notícia principal, porém, no dia anterior, meu chefe me chamou até a sala dele. – Ela deu uma pausa. – Ele me perguntou se mais alguém além do pessoal da empresa tinha lido. – A princípio, pensei que fosse preocupação por ser uma notícia tão completa. Então, disse que não mostrei para ninguém de fora... O que eu achei estranho foi ele me pedir o pendrive com o texto completo. Em 2 anos de trabalho, aquela foi a primeira vez que fui a sala do meu chefe e ele falou comigo sobre um artigo qualquer.

- Srta. Kang Ha-yun, nesse dia a senhora notou algo de estranho que a fez associar alguma coisa? – O advogado Kim estava feliz em conduzir o depoimento a seu favor.

- Nada que na hora eu pudesse associar, mas eu lembro claramente de ter visto um homem diferente falando com o meu chefe, cerca de meia hora depois eu fui chamada e ele me pediu o pendrive. – Ela respondeu. – O mais estranho naquele dia foi que o mesmo homem que estava falando com meu chefe ir em direção ao nosso estoque que seria distribuído pela manhã. Coincidentemente... – Ela gesticulou as aspas. - No dia seguinte, o artigo não era mais o mesmo e eu não achei um exemplar sequer do original. Quando fui perguntar aos meus superiores sobre o assunto eles simplesmente me mandaram ficar quieta para não ter problemas.

- Meritíssimo, aqui estão as imagens de segurança do estoque. Elas foram apagadas mas a promotoria conseguiu um especialista para resgatá-las, o homem a quem a Srta. Kang Ha-yun se referiu se chama Young- Chul, ele é o secretário geral do grupo Bae. Seria muita coincidência se esses fatores não estivessem interligados. – Ele se gabou. – Peço uma investigação, Meritíssimo.

- A defesa tem alguma pergunta? – O juiz sondou mesmo percebendo que não havia. – Visto que não, o júri terá um tempo para tomar a decisão.

Naquele momento todos os cochichos eram sobre Dae-jung e como seus pais haviam usado sua influência para interferir nos problemas causados pelo filho.

Após o fim do julgamento, Dae-jung foi abordar Ha-yun.

- Como jornalista você deveria ser mais crítica com as informações que você coleta, seu artigo tem erros.

- Acho muito conivente para o réu afirmar que a culpa é da jornalista. – Ela simplesmente não lhe deu valor. – Escrevi baseada nas informações que obtive.

- Você deveria saber que eu pedi que me retirassem do projeto e que eu exigi o cancelamento da obra. – Ele a seguiu. – O problema foi que meu chefe me enganou e ainda por cima colocou o meu nome. – Dae-jung se justificou. – Se você realmente tem interesse em saber a verdade por trás dessa história, acho bom que você busque por mais informações... Tenha um bom dia, Srta. Kang Ha-yun.

Aquelas palavras mexeram com ela e despertaram uma dúvida: "Será que o que ele está falando é verdade? Se realmente for, ele não passa de uma pessoa injustiçada pelo poder e pela ganância" Cabia a Kang Ha-yun descobrir.

Taj MahalOnde histórias criam vida. Descubra agora